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Investimentos

O fim do Bull Market: o que explica a queda nas empresas de tecnologia

Diante do aperto monetário, empresas tech sofreram perdas trilionárias neste ano

Um dos principais índices que refletem o desempenho das empresas de tecnologia americanas, o Nasdaq 100, acumulou queda de um quarto de seu valor em 2022.

Embora as empresas da chamada economia tradicional também estejam sofrendo, isso ocorreu em escala muito menor se comparado às techs. No caso do S&P 500, que reúne as quinhentas maiores empresas industriais listadas nos EUA, as quedas do ano estão por volta de 16%.

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Nesse sentido, surgem os questionamentos por parte dos investidores sobre os motivos de tais quedas. Por que as ações de tecnologia estão sendo tão castigadas após um 2021 de sucessivos recordes e uma alta acumulada de cerca de 27%?

Há alguns pontos a serem analisados, mas principalmente a alta de juros nos Estados Unidos como uma reação à elevação da inflação no país.

A primeira elevação da taxa de juros nos Estados Unidos desde 2018

O aumento de preços observado nos EUA já vinha preocupando o mercado desde 2021, quando a inflação começou a escalar. Contudo, em fevereiro de 2022 o Índice de Preços para Gastos de Consumo Pessoal (PCE) chegou a avançar 6,4% em relação ao ano anterior, a maior alta desde 1983.

Já o Consumer Price Index (CPI) registrou 8,5% no acumulado de 12 meses, o maior patamar em 40 anos.

Com isso, o Banco Central Americano, o Fed, iniciou o processo de retirada de estímulos monetários por meio da redução da compra de títulos ainda em 2021 — bem antes das expectativas sinalizadas anteriormente no Livro Bege. E também pelo início do aumento das taxas de juros em março deste ano, quando o intervalo da taxa de juros saiu de 0% a 0,25% para 0,25% a 0,50% ao ano.

Mas como isso impacta principalmente as empresas de tecnologia?

Quando o momento é de aperto monetário e queda na perspectiva de crescimento econômico, as techs são mais afetadas pois normalmente elas dependem mais de um bom ambiente macroeconômico a fim de conseguir prosperar.

Claro que há exceções, mas em geral estas empresas são mais dependentes de financiamento para manter seu rápido crescimento, seja por meio de empréstimos, emissão de dívida ou mesmo capitalização no mercado acionário.

Nesse sentido, com os juros mais altos, há dois fatores concomitantes: de um lado, o custo de oportunidade dos poupadores aumenta, havendo migração para posições mais conservadoras de renda fixa, que passam a pagar valores maiores. Em outras palavras, há uma menor exposição ao risco. Do outro, a capitalização das empresas se torna mais cara, prejudicando também a captação de novos recursos via mercado de capitais.

Isso também ocorre com os investimentos em venture capital, nas startups, que muitas vezes ainda não possuem uma forte geração de caixa, tornando-as ainda mais dependentes de outros meios de financiamento que não sua própria atividade.

Além disso, com a queda de renda, ocorre também a redução do consumo da população, reduzindo também o lucro das empresas. O resultado é certo: margens menores e a queda do preço das ações como uma reação natural do mercado.

Pressão inflacionária também aumenta custo de insumos

Além disso, os insumos após o início da pandemia ficaram muito mais caros. Não é à toa que agora um Gol zero km custa R$ 90 mil. No caso das empresas de tecnologia, a disrupção na cadeia de componentes eletrônicos, como semicondutores, influenciou ainda mais neste processo inflacionário, agravado pela Guerra na Ucrânia.

Com isso, os investidores também podem ter reagido a uma potencial redução das vendas e da margem de lucro das empresas. O CEO da Apple, Tim Cook, por exemplo, manifestou em diversas entrevistas as preocupações em relação às potenciais consequências dos problemas na cadeia de suprimentos em relação à fabricação dos aparelhos da empresa.

Amazon: a gigante do varejo

As ações da Amazon caíram 41,22% no acumulado deste ano até o fechamento do pregão da sexta-feira (13). Em relatório sobre os resultados da empresa no primeiro trimestre de 2022, o Goldman Sachs classificou o nível do primeiro trimestre e a receita operacional do segundo como uma clara “decepção”.

Eles destacaram ainda a influência do macroambiente atual em pressões na margem da empresa, no que se refere aos impactos da redução de gastos do consumidor a nível global, além de desafios na cadeia de suprimentos/logística.

Apple: a criadora do Iphone

Em relação à Apple, o Goldman também mencionou que o trimestre veio em linha com o esperado se forem considerados os ajustes nos números em virtude dos impactos na cadeia de suprimentos. Para o futuro, eles enxergam a permanência do choque na cadeia de suprimentos em virtude das restrições sanitárias na China e da escassez de silício em toda a indústria.

As ações da empresa já caíram 28,60% no ano.

Meta Platforms: a controladora do Facebook, Instagram e WhatsApp

A Meta, por sua vez, reportou receitas totais de US$ 27,91 bilhões no primeiro trimestre de 2022, um crescimento de 7% ao ano.

Algumas ameaças identificadas pela instituição financeira foram a competição pelo crescimento de usuários com outras redes, o escrutínio regulatório na indústria, questões comuns no setor, além da incapacidade de rentabilizar algumas oportunidades.

A ironia

Apesar das perdas trilionárias das techs, ainda não vimos registros de afirmações que os mais pobres lucraram com as perdas no mercado acionário.

A velha narrativa de que os ricos imperialistas “cada vez ficam mais ricos enquanto o pobre cada vez fica mais pobre”, ensinada tanto em músicas de “As Meninas” quanto em alguns livros de história controversos parece valer apenas quando o preço das ações sobe, o inverso infelizmente não parece ocorrer.

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