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Economia

Sonhando com moeda única, Argentina viu o peso perder 98% do valor na década

O acordo assinado em Buenos Aires deve tornar o Real uma moeda mais popular na Argentina, garantindo ao país vizinho acesso a uma moeda que, ainda, possui liquidez na compra de dólares.

Foi o escritor argentino Martín Caparrós quem resgatou e popularizou uma citação apócrifa que diz: “Se você for embora da Argentina e voltar em 20 dias, tudo terá mudado. Se fizer o mesmo e voltar em 20 anos, nada terá mudado”.

Em 2023, o primeiro país escolhido pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva para uma viagem internacional, guarda semelhanças com aquele visto por Lula em 2003, em seu primeiro mandato.

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A Argentina do início do século vivia sua pior crise. Ao final de 2001, o colapso da economia levou o PIB a cair 60% em dólar em único ano, com o peso, até então cotado a US$1, tendo chegado a 5 pra 1.

O governo, ou os governos considerando que o país chegou a ter 5 presidentes em 12 dias, levaram a um confisco generalizado dos dólares mantidos em contas pela população.

A situação só se reverteria nos anos seguintes com o boom de commodities global. Ainda assim, a Argentina continuaria até hoje sem ter feito as reformas que o Brasil realizou nos anos 90, após a crise do Real.

O país continua a ter a maior parte de sua dívida em dólar, com o BCRA, o Banco Central da República Argentina, sendo responsável por financiar o Tesouro.

Os índices de inflação, que já chegaram a ser fraudados na era Kirchner, hoje apontam 100% de inflação em 2021.

Os acordos com o FMI tornaram-se banais. O fundo demanda que o governo reduza subsídios e controle suas contas. O governo, que paga até 65% da conta de luz das famílias do país, não vê espaço político para agir. Dessa maneira, um a um os acordos com o FMI seguem sendo descumpridos.

O dólar, obtido por meio das exportações do país, é cotado a 185 pesos para 1 nas contas do governo. Já nas ruas de Buenos Aires, é possível vender este mesmo dólar a 350 para 1.

A moeda do governo argentino, que em janeiro de 2013 valia 5 para 1, se desvalorizou 98% desde então, frente a moeda da população argentina, o dólar

É neste cenário que após 20 anos de um primeiro aceno de Lula, os argentinos, ou o governo, voltam a sonhar com uma moeda comum entre os dois países.

Tal prática, a despeito do sonho de Alberto Fernandez, é algo inviável, ao menos pelos próximos 20 ou 30 anos, o tempo que a Europa levou para criar o Euro.

Pouco importa a quantidade de estudo. Brasil e Argentina possuem arcabouços e situações bastantes distintas. Por aqui, tivemos um impeachment de uma presidente que usou recursos de bancos públicos para pagar gastos do governo. Por lá, essa situação é banal e completamente legal.

Por aqui, temos 3 regras fiscais para controlar gastos e a forma de gastar, ainda que nossos políticos adorem contorná-las.

O acordo mais provável deverá ser o estabelecido pelo governo brasileiro, que deve permitir aos argentinos pagar em pesos por produtos brasileiros, enquanto os brasileiros pagam em reais ao governo argentino. 

As duas contas devem ocorrer apenas pelos bancos centrais, usando uma moeda comum, o dólar, por meio de contas de compensação no exterior.

Na prática, pouca coisa vai mudar, apenas o fato de que o temido dólar deixará de estar a vista do público, sendo usado apenas nas transações e compensações entre os dois países.

Ou em termos mais simples:

Os bancos brasileiros irão pagar ao exportador brasileiro em nome do importador argentino, com garantias do Tesouro brasileiro.

Já o governo argentino, por sua vez, pagará o valor ao banco central brasileiro com títulos de liquidez internacional (que sem surpresa são cotados em dólar). A operação deve ocorrer em Nova York.

Os títulos podem ser contratos de compra e venda de commodities, ou mesmo títulos chineses, algo que a China está cheia desde o acordo com Pequim no início do ano.

Este valor, porém, só será acessado caso o importador argentino não pague o valor que deve em reais. 

Na prática, há um ganho político imenso, mas pouca coisa muda, além do fato de os argentinos usarem mais o Real, que o Banco Central por lá estará pronto a aceitar para comprar dólares com a moeda brasileira.

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