A revolução iraniana de 1979 representou um período de mudanças drásticas na economia mundial, em especial quando o assunto é energia.
A alta de preços no barril do petróleo, a despeito de o Irã representar apenas 5% da produção mundial, acabou por levar a uma escassez na maior economia global, os Estados Unidos. Com o petróleo e a gasolina em alta, os EUA acabaram por vivenciar sua maior inflação em 2 séculos de história. Por lá os preços subiram 14% em 1980, forçando uma reação do FED, o banco central americano.
Os juros capitaneados por Paul Volcker subiram para 21,5% em Junho de 1981, levando a um desemprego de 11% em 1982. Os juros de hipotecas por sua vez chegaram a 17%.
Não por coincidência, essa década acabou sendo conhecida como a “década perdida” na América Latina. Altamente endividados em dólar, os países latinoamericanos acabaram tendo uma dívida impagável em mãos.
No Brasil, com uma dívida de 50% do PIB, acabamos recorrendo a uma moratória em 1987. Pela mesma época, a inflação que já estava elevada, atingiu níveis alarmantes.
Na Argentina, a situação não era diferente. O país, que também estava endividado em dólar, viu a inflação atingir 111% no ano de 1986, quando o país foi para a Copa do Mundo no México.
Com uma dívida externa similar a brasileira, em torno de 50% do PIB (US$56 bilhões vs US$110 bilhões), a economia local acabou por colapsar.
A década terminaria com o PIB argentino tendo caído cerca de 0,8% em relação a 1980 e o PIB capita por volta de 20% menor.
Entre as duas copas e os mais de 3 décadas de jejum de títulos, o país passou por altos e baixos. No início dos anos 90, a Argentina teve seu próprio Plano Real, o Plano Cavallo, que tornou o Peso similar ao dólar, valendo 1 pra 1.
A crise de 2001, porém, levou o país a retroceder décadas. De 2001 para 2002, o PIB argentino caiu de US$268 bilhões para US$97 bilhões, em apenas um ano. O PIB per capita por sua vez desabou de US$7,5 mil para US$2,7 mil.
A década, entretanto, acabaria sendo compensada pelo boom de commodities. Já em 2010, a situação mostrava desgastes. Em 2011 a moeda argentina já era cotada em AR$4 para US$1.
Nos anos seguintes, a recessão econômica voltou. A Argentina de 2022 está novamente em uma inflação de 98% anualizada, com problemas envolvendo sua dívida externa e negociações com o FMI.
Não significa, claro, que a inflação elevada ajude o país em copas, afinal, a Argentina de 1990 perdeu a Copa a despeito de uma inflação de 2000% ao ano.
Pode-se dizer, porém, que o ditado do escritor argentino Martín Caparrós, que dizia “Se você deixar a Argentina e retornar em 20 dias, tudo terá mudado, se retornar em 20 anos, nada terá mudado”, continua mais atual do que nunca.
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