A revista britânica “Central Banking”, divulgou sua lista com os “melhores de 2022”, incluindo o Brasil na categoria de gestão de reservas internacionais.
A revista destaca que o Banco Central brasileiro, que possui a maior quantidade de moeda estrangeira na América Latina, de cerca de US$330 bilhões, implementou mudanças na maneira como essas reservas são geridas, garantindo eficiência em um cenário de choques externos.
Entre os destaques da atuação brasileira está o uso de ETFs, os fundos de índice, para aquisição de títulos corporativos, não restringindo mais o país a um credor da dívida americano, o que permite maior retorno potencial sobre as reservas, diminuindo o custo de carrego.
A revista aponta que o Brasil adotou melhorias no setor de gestão, com novos sistemas e mecanismos que permitem a tomada de decisões mais ágeis, sem a necessidade de passar pelo conselho do banco, o que em outras ocasiões levou a tomadas lentas de decisão, gerando prejuízos ao país.
Tradicionalmente o Bacen brasileiro compra dólares no mercado nacional, com recursos obtidos com a venda de títulos do Tesouro, que pagam um valor atrelado à Selic, hoje em 13,75%. Com os dólares, o Bacen compra títulos da dívida americana, que pagam hoje 4,75% ao ano. A diferença entre as taxas é o chamado “custo de carrego”, que impacta diretamente a dívida pública.
Com a queda de juros nos EUA e a desvalorização do Real, o custo de carrego das reservas vinha em uma ascensão, saindo de US$24 bilhões em 2014 para US$40 bilhões em 2022, mesmo com valores similares em dólares, em torno de US$360 bilhões.
A alta poderia ser ainda maior, não fosse uma diversificação.
O Bacen brasileiro adquiriu ao longo de 2021 reservas em Renminbi, a moeda chinesa, que ultrapassou o Euro e se tornou a segunda maior dentro das reservas brasileiras.
Outra aquisição relevante foi a aquisição de 120 toneladas de ouro, que agora respondem por 1,8% das reservas do país.
Na prática, as reservas internacionais são um seguro contra choques extremos no câmbio, permitindo ao país dar liquidez aos seus compromissos em dólar, evitando assim uma desconfiança sobre a moeda local, como ocorre na Argentina.
Dada a quantidade de produtos cotidianos cotados em dólar, como trigo ou gasolina, o câmbio é um fator determinante na inflação local.
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