O balanço da autoridade monetária aprovado pelo Conselho Monetário Nacional, traz um número expressivo: um prejuízo de R$298,5 bilhões em 2022.
Em comparação, o número equivale a cerca de 3% do PIB, ou 4,5% do total da dívida pública do país. Ainda assim, os números são um pouco menores, ou preocupantes, do que parecem.
Para entender o valor, é preciso considerar dois fatores: os juros e o dólar.
Com a função de proteger a moeda brasileira, o Banco Central é responsável por realizar operações cambiais, no intuito de acentuar a volatilidade do dólar. Um dos instrumentos utilizados para isso se baseia no volume de recursos conhecidos como “reservas internacionais”.
As reservas internacionais são, como o nome já diz, uma reserva de recursos cotadas em outras moedas. São dólares, euros, yuans, ienes ou ouro.
Por se tratar de um ativo de posse do Bacen, a variação cambial altera o resultado final.
Ao final de 2021, o Banco Central detinha cerca de US$362 bilhões em valor, o que significava na época R$2.016 trilhões, considerando o dólar a R$5,57.
Já ao final de 2022, o Banco Central detinha cerca de US$30 bilhões a menos.
A perda dos recursos, porém, não foi fruto de nenhuma venda, mas sim de um outro fator: a alta de juros dos Estados Unidos.
Cerca de 81,5% das reservas do país estão em dólar, com quase a totalidade aplicada em títulos do governo americano. Com uma alta de juros em 2022, os títulos detidos pelo governo brasileiro, comprados antes, passaram a valer menos (pois rendiam menos do que os novos títulos emitidos com juros maiores).
Essa desvalorização levou o Banco Central brasileiro a realizar uma baixa contábil da ordem de R$136,3 bilhões.
Outros R$165,8 bilhões foram perdidos pela valorização do Real.
Em 2022, o Real foi a moeda que mais se valorizou em uma cesta de 33 moedas. Ao final do ano, o dólar valia R$5,27
Estes R$0,30 centavos a menos, quando multiplicados pelo valor das reservas, equivale a uma perda de quase R$100 bilhões.
Outras operações cambiais do Bacen acabaram tendo prejuízo, graças a volatilidade do dólar ao longo do ano, além de um lucro com as operações cotidianas de senhoriagem.
Na soma de tudo, o resultado negativo em 2022 acabou em R$298,5 bilhões, com boa parte sendo coberto por reservas de lucro do banco.
Em 2020, o Banco Central lucrou R$469,6 bilhões, graças à desvalorização do Real na pandemia.
Desde 2019, porém, a relação entre o Banco Central e o Tesouro mudou, com parte do lucro do banco sendo mantida em reservas para custear eventuais prejuízos.
Em 2021, o Bacen lucrou R$85,9 bilhões, tendo repassado R$71,7 bilhões ao Tesouro.
Agora, em meio ao prejuízo deste ano, o Tesouro terá de aportar R$35,6 bilhões para cobrir o rombo que o próprio Bacen não conseguirá arcar (pois ultrapassa 1,5% do seu patrimônio).
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