Poucas coisas foram tão paradoxais em se tratando de economia como o segundo semestre de 2021.
A recuperação de empresas após um ano de pandemia batia na porta. Balanços positivos, vindos de todos os setores, dominavam as divulgações de resultados.
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Uma batalha travada pelo governo para incluir o Auxílio-Brasil e pagamentos de precatórios, que levaria a uma medida constitucional, uma PEC, travou a pauta.
O mercado inteiro derreteu, não pelo custo, mas pela incerteza.
Para quem acompanha a bolsa de valores, a medida pode parecer óbvia. A função da bolsa é, em essência, prever cenários e se antecipar a eles. Quando uma medida de impacto fiscal promete mudar as regras do jogo, o preço custa mais caro do que a própria conta.
Fato é que, com empresas tendo resultados recordes, commodities subindo e o dólar também, a bolsa brasileira ficou barata.
Ao redor do planeta começaram a circular casos surrealistas, como Petrobras e Vale, as maiores empresas do mercado brasileiro, que lucraram 15 e 18% do seu valor de mercado ao ano.
Trata-se de um número extremamente baixo, afinal, se investir é uma questão de longo prazo, como pode duas empresas entregarem todo valor investido em meros 5 anos?
Casos como estes levaram o investidor estrangeiro a olhar com atenção o Brasil.
O investimento em bolsa em janeiro de 2022, por parte de estrangeiros, chegou a R$33 bilhões. Em 12 meses, o Investimento Externo Direto, somou $47 bilhões líquidos.
Há mais dólares entrando do que saindo do país, e o dólar, claro, segue “derretendo”. Após cair quase 44% durante a pandemia, o real sobe 7% em relação ao dólar neste ano.
É possível até mesmo ver o real abaixo de R$5.
Mas afinal, o quão sustentável é essa situação?
Um questão não mencionada aqui ainda diz respeito aos juros.
Investir em dívida brasileira se tornou lucrativo. Já investir em produção passou a custar mais caro.
Empresas de tecnologia, que dependem de dinheiro para continuar crescendo a taxas aceleradas, sofreram enormes quedas. O mesmo acontece nos Estados Unidos, com exceção, claro, de empresas já consolidadas como Apple, Amazon, Google e Microsoft.
No Brasil, porém, as Techs desabaram, e outras empresas também sofreram queda com o investidor Pessoa Física retirando dinheiro da bolsa, e de fundos, para comprar títulos públicos.
Diversos fundos no país sofreram quedas significativas. Foram raros os que tiveram efeito positivo, como é o caso dos fundos de cripto, como o QR Blockchain Assets, que superou os 130% em 2021 por estar em ativos globais e não sujeito a volatilidade dos juros brasileiros.
O cenário atual, porém, é fruto de um desconto no preço da bolsa brasileira, mas há alguns fatores que podem ser positivos a longo prazo.
O resultado fiscal do governo foi bastante positivo, prova de que o mercado exagerou ao bater nos ativos por medo de incertezas em Brasília. Governos estaduais tiveram o melhor resultado na década em superávit primário, ajudando a compensar o ainda deficitário governo federal.
Isso é um sinal de que os juros podem não precisar subir tanto.
Com resultados de reformas recentes, como saneamento, ferrovias e setor elétrico, é possível que investimentos ajudem a reduzir a inflação.
Mas tudo isso, claro, são h
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