Poucos assuntos tornaram-se tão cotidianos nas últimas semanas quanto a reação do “mercado” as medidas do novo governo.
Uma queda na bolsa de valores que implicou R$670 bilhões a menos em valor de mercado é o mais evidente, mas não o único sinal.
A despeito de um aumento significativo de investimentos por parte de estrangeiros, a bolsa brasileira tem apresentado quedas significativas, em boa medida pela alta em um outro mercado: o de juros.
Desde outubro de 2022, o mercado de juros futuros saiu de uma expectativa de 11,5% em janeiro de 2024, para os atuais 13,7%.
Não se trata de uma troca exata, onde um mercado (o acionário), apresenta perdas, enquanto o mercado de títulos apresenta ganhos, mas são dois mercados que conversam entre si.
O mercado de títulos representa cerca de R$12,3 trilhões em ativos, contra um valor total de R$4,4 bilhões das ações em bolsa, incluindo os R$333 bilhões em que a Petrobras é cotada.
Maior empresa da bolsa brasileira, a estatal petrolífera viu seu valor cair R$188 bilhões desde a máxima em outubro. As incertezas em torno da política de preços fazem com que o faturamento e o lucro da empresa seja uma incerteza para os próximos anos.
Seu lucro recorde de R$171 bilhões, animou investidores, elevando seu valor de mercado para até 3 vezes o lucro, contra 1,87 vezes no valor atual. A expectativa, porém, é que o lucro da empresa caia na medida em que ela terá de ampliar investimentos em outras áreas para cumprir a agenda do novo governo. Além de uma possível redução de preços.
Os R$60 bilhões em dividendos que a empresa pagou ao governo federal, seu maior acionista, implicam também uma ajuda fiscal relevante. O valor é maior do que o superávit que o país obteve em 2022. Embora os números não estejam fechados, estima-se que o governo ficou com as contas no azul em R$40 bilhões.
Sem a ajuda da estatal, porém, este número tende a piorar em 2023.
Isso acaba se refletindo nos juros futuros, fortemente impactados pelo resultado das contas públicas. Como em um ciclo de ação e reação, os juros maiores punem o valor das empresas, dado que os juros são na prática o “custo do dinheiro”.
Com o dinheiro custando mais caro, as empresas têm maior dificuldade em entregar lucro aos acionistas, de modo que seu valor de mercado cai.
O mercado de ações, porém, não é um mercado de soma zero, onde alguém ganha se o outro perder.
Um mercado em alta pode implica que as empresas e o próprio país crescerão mais no futuro, enquanto um mercado em baixa antecipa uma recessão ou desaceleração.
No caso da Petrobras, o dinheiro “evaporou” pois acionistas esperam um resultado final pior por parte da empresa, de modo que se dispõe a pagar um valor menor pelas ações.
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