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Economia

O que é o tal “FED Pivot” que você vai ouvir nos próximos meses

Repleto de expressões próprias, o mercado financeiro agora está de olho em uma nova, o “FED Pivot”, e ele deve impactar, e muito, na sua vida nos próximos meses.

Neste artigo vamos abordar alguns conceitos econômicos para compreendermos o atual mercado e quando poderemos esperar uma nova alta nos mercados financeiros, incluindo Bitcoin.

O banco central dos EUA é hoje a instituição governamental mais observada pelos investidores e operadores de mercado. Isto se dá pela atual capacidade que o FED tem de influenciar a precificação dos ativos, não só nos EUA mas em todo o planeta, uma vez que o dólar é a principal moeda e reserva de valor hoje.

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O FED tem dois mandatos principais: Estabelecer um controlado nível de preços e manter um mercado de trabalho favorável.

Ele faz isso através de políticas fiscais/monetárias, que podem ser contracionistas ou expansionistas. Os famosos jargões utilizados pelo mercado para ambas as direções de política monetária são Hawkish e Dovish.

Hawkish refere-se ao momento em que um BC contrai sua oferta monetária e/ou eleva a taxa de juros. Dovish é o oposto, mais expansão monetária e redução da taxa de juros.

Todas estas posturas são principalmente para manter a taxa de inflação (Aumento de preços, na ótica tradicional utilizada pelo FED). Isto significa que para combater a elevação dos níveis de preços, o FED eleva as taxas de juros, dificultando o acesso ao crédito.

Este aumento torna mais difícil pessoas e empresas obterem financiamento, o que reduz o investimento corporativo e demanda por bens/serviços.

Com menor demanda o FED espera reduzir o nível de inflação, que está neste momento no maior valor dos últimos 40 anos, em 8.5%.

Repleto de expressões próprias, o mercado financeiro agora está de olho em uma nova, o “FED Pivot”, e ele deve impactar, e muito, na sua vida nos próximos meses. 

A alta inflação atual significa que o FED seguirá aumentando a taxa de juros na tentativa de reduzir a demanda até que a taxa de inflação retorne ao ponto considerado “ótimo” pela instituição, algo em torno de 2%.

No atual valor de 8.5%, a inflação segue ainda longe do “ideal” para o FED, que agora tem cada vez mais consciência da existência de uma inflação elevada por um longo período.

Enquanto isto, o mercado espera que um “FED pause” dê algum fôlego aos ativos.

Isto seria uma parada na elevação das taxas de juros, até um ponto em que julguem serem “neutras”, não tão baixas a ponto de serem ineficazes à inflação e não tão altas a ponto de pressionarem tanto a demanda até gerarem uma recessão. FED segue, portanto, numa encruzilhada.

Um “FED Pivot” seria o momento onde a política monetária atual tomasse o rumo contrário, entendido como o momento onde o FED entenda que o seu trabalho está cumprido para nivelar a inflação.

Neste momento teríamos uma inversão de Hawkish para Dovish.

Entretanto, vale a pena ressaltar que um “FED Pivot” não significaria imediatamente uma reversão na tendência de mercado. Pelo menos não é isto que a história nos mostra.

Aqui abaixo vemos os últimos 50 anos de inflação, juros e mercado financeiro.

Em diversos períodos de apertamento monetário (Hawkish FED), a elevação de juros teve seu pico antes de um fundo na tendência de baixa do SP 500.

O fundo só foi encontrado posteriormente, já durante um período de afrouxamento monetário (cortes na taxa, expansão monetária).

É justamente esta a expectativa do mercado para um “FED Pivot”, pois num ambiente de baixa taxa de juros e aumento na liquidez existente na economia, mais pessoas ficam propensas a gastar, mais empresas têm acesso ao crédito e financiamento.

Taxas de juros impactam diretamente também empréstimo bancário, financiamento imobiliário, títulos de dívida governamentais, taxa de cartão de crédito, entre muitos outros setores da economia, portanto todo o mercado sente esta mudança.

É esperado que mais 0.75bps venham para aumentar a taxa de juros durante a próxima reunião do comitê de política monetária do FED, que ocorre na próxima semana. Mas será que já estamos num ponto de virada na política monetária?

A resposta é: não!

Na última fala de Jerome Powell (Presidente do FED) durante o Jackson Hole (Conferência de economistas) deixou claro que não irão arriscar realizar um pivô sem antes terem o trabalho feito em relação ao combate à elevação do nível de preços.

Em suas palavras:

Portanto, é esperado que uma real mudança na direção da política fiscal/monetária do banco central dos EUA não venha agora, talvez vindo só no próximo ano de 2023. Enquanto isto é possível que mercados financeiros mantenham-se pressionados.

Entretanto, é importante notar que as taxas de juros estão diretamente ligadas à taxa de inflação. Amanhã, dia 13 de setembro sairá o próximo dado do indicador, onde é esperado que venha 8.1% na variação anual, abaixo do atual de 8.5%

Se isto se materializar existirá a possível confirmação de que tenhamos atingido de fato um pico na elevação da inflação, dando sinais para o FED de que seu trabalho está dando resultados.

Algo que será entendido como positivo para os mercados, numa expectativa de um pivô.

Concluímos que tanto o FED quanto os mercados financeiros estão neste momento dependentes de dados e sinais de uma possível recuperação econômica enquanto temores de uma recessão ainda pairam.

Portanto, é difícil prever uma reversão completa na política monetária e por sua vez nos mercados, mas um pico na inflação e sustentação no mercado de trabalho afastariam os riscos de recessão e favorecem as condições econômicas para a entrada de uma nova postura dovish.

Postura esta que poderá impulsionar os mercados a uma nova tendência de alta.

Mas enquanto isso é preciso ter paciência e ser humilde perante ao futuro volátil e desconhecido. Projeções neste momento devem permanecer cautelosas e expectativas cuidadosamente medidas.

Podemos estar mais próximos de uma melhora econômica do que estivemos no início do ano mas ainda não atingimos o ponto de confirmação fundamentada em dados para o início de um novo ciclo próspero para os mercados, em especial ainda para ativos de risco como ações e ativos digitais.

Cautela e paciência.

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