Foi em 1906 que dois americanos, o banqueiro Charles Morse e Augustus Heinze, planejaram executar um “short squeeze” no mercado de cobre. O resultado é uma conta que você paga até hoje.
De forma simplificada, um “short squeeze”, pode ser resumido como espremer (squeeze), os investidores que apostam na queda de um ativo (que estão shorts).
Seja por qualquer razão, investidores podem apostar que um determinado ativo irá cair, e assim vender este ativo, mesmo que não o tenham. Para fazer isso, pegam emprestado de quem possui.
Morse e Heinze viram isso ocorrer na United Cooper, uma empresa do setor de cobre. Decidiram então comprar ações no mercado até que elas se tornassem raras.
Isso significaria forçar quem apostou na queda a comprar essas ações e entregá-las pelo preço combinado. A questão, claro, é que teriam de comprar de Morse e Heinze.
Para fazer isso, ambos usaram de dinheiro emprestado para comprar as ações.
Esse tipo de operação é muito mais comum do que parece. Em 2021, por exemplo, um grupo de investidores promoveu o mesmo efeito em investidores que apostavam na queda da GameStop. Compraram ações elevando o preço e forçaram os fundos a comprar ações para encerrar a posição vendida.
No caso de Morse e Heinze, o esquema de manipulação falhou. Ficaram sem recursos para executar o feito. O resultado? Os bancos que emprestaram para ambos começaram a ter problemas.
Em poucas semanas o problema começou a se espalhar pelos demais bancos americanos que tinham obrigações com os bancos que emprestaram dinheiro a ambos.
O resultado foi o chamado “Pânico de 1907”. Uma queda brutal no mercado.
Como se sabe, o pânico de 1907 foi debelado por uma pessoa: John Pierpont Morgan, ou J.P. Morgan, fundador do banco que leva seu nome (o atual maior banco do mundo).
Morgan atuou como garantidor de liquidez do sistema, evitando um colapso.
A grande questão, claro, é que o mundo não poderia estar à mercê de um banqueiro. Seria absurdo supor que uma única pessoa tivesse tamanho poder.
Para impedir isso e atuar em crises futuras, o congresso americano criou em dezembro de 1913 uma instituição, o Federal Reserve. O banco central americano reuniria 12 entidades subnacionais, os bancos centrais locais.
Ainda hoje o status do FED, como é chamado, é ambíguo.
Não se trata de um banco público, ou privado. É uma entidade cuja forma varia conforme a necessidade.
O Tesouro americano é seu acionista, assim como bancos privados, e o FED, por não ser público (quando não quer ser), tem poder de comprar títulos da dívida americana.
Seu presidente, porém, depende de indicação do congresso, e quando a crise aperta, o FED vira mais público que privado.
Na prática, o BC americano possui mandatos de interesse público, como baixo desemprego e manutenção da moeda.
Trata-se da mais poderosa instituição do planeta, responsável por determinar o vai e vem da economia e cuja ação pode impactar a vida de bilhões de pessoas. E não sabemos sequer definir quem de fato guia o FED.
Como se fosse pouco, o FED possui um poder: ele estabelece o preço do dinheiro que o mundo usa.
Por meio do Comitê Federal de Mercado Aberto, o FOMC, o FED determina a taxa de juros (o preço do dinheiro), e realiza operações para aumentar ou diminuir a quantidade de dinheiro em circulação.
Neste momento, o FOMC determinou uma alta de 0.75% na taxa de juros americana.
O resultado, segundo o FED, deve ajudar a debelar a inflação.
Em suma, o BC americano está apostando que precisa desaquecer a economia, tornando investimentos mais custosos, para reduzir o consumo.
Tudo isso, em teoria, serviria para reduzir a inflação, causada em boa medida pelo fato de o FED, e outros bancos centrais, terem jogado alguns trilhões de dólares na economia (por volta de $15 trilhões), para impedir que a economia esfriasse demais em meio a pandemia.
Neste “morde e assopra”, o BC americano brinca com a economia global.
Devem jogar o mundo em recessão para diminuir os efeitos causados pela própria política. Em alguns anos, em meio a uma nova crise, o FED aparecerá para reduzir os juros e inundar o mercado de dinheiro com o objetivo de ajudar a economia a sair da recessão.
E tudo, claro, com a incerteza sobre o que exatamente é o Federal Reserve. Um banco público ou privado?
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