Modelo desenvolvido pela filial brasileira da alemã Volkswagen, o Gol foi oficialmente o veículo mais vendido do país por 27 dos seus 42 anos de existência. Mais de 4 milhões de unidades depois, ele deixará de ser fabricado hoje na unidade de Taubaté da montadora.
O projeto, desenvolvido entre 1976 e 1980, foi fruto de um investimento de US$350 milhões, em um período sensível para o setor automotivo, entre os dois choques do petróleo (1973 e 1979), e em meio ao chamado “milagre brasileiro”.
O período de grande crescimento econômico no país, levou a indústria a apostar pesado em uma rápida expansão da demanda pelas famílias, a despeito de um aumento nos níveis de concentração de renda, e numa realidade menos efusiva para os trabalhadores que não chegaram a se beneficiar de todo potencial de uma alta de 14% no PIB, como crescia a economia no período.
A Volkswagen levou às ruas o primeiro veículo da série em 1981, custando módicos Cr$ 16,168 milhões na versão mais básica, o equivalente a 74 Salários Mínimos na época. Em valores de hoje, passadas 4 décadas, o veículo custaria por volta de R$76 mil.
Hoje, a montadora anunciou que está encerrando oficialmente a produção do Gol, com uma edição de despedida que custará R$130 mil.
Passadas 4 décadas e 33.237.245.594.448,90% (33 trilhões, 237 bilhões, 245 milhões, 594 mil, 448 vírgula 9 porcento de inflação), o preço do Gol de despedida apresenta pouca variação em relação ao poder real de compra da população, que nas décadas em questão, evoluiu de maneira considerada “lenta”.
O problema central, a baixa produtividade no país, segue puxando para baixo os ganhos reais dos trabalhadores brasileiros, levando a um poder de compra e uma economia que, a termos reais, quando desconsiderado o aumento da população, possui poucas diferenças a despeito de tamanho período de tempo e novas tecnologias.
O Gol, enfim, saiu de linha sem nunca ter visto o Brasil resolver seu problema central de produtividade.
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