As “inconsistências contábeis” no balanço da Americanas dominaram o cenário do mercado financeiro nos últimos dias, levando o Ibov, o principal índice do mercado de ações brasileiro, a sofrer com desconfianças sobre algumas gigantes da bolsa.
O caso ocorreu por meio de alteração de operações envolvendo o chamado “risco sacado”, onde a Americanas toma crédito junto aos bancos para pagar fornecedores, passando a dever a apenas 1 entidade ao invés de milhares de pequenas e médias empresas.
A Americanas registrou tais operações como dívidas junto a fornecedores, quando na realidade, ela devia aos bancos.
A dívida maior do que a exposta no balanço implica em custos maiores, em especial pois os juros pagos nessas operações não foram computados como despesas financeiras da empresa.
Segundo Sérgio Rial, o CEO da Americanas por 9 dias e chairman do Santander Brasil, o caso pode ter ocorrido em um horizonte de cerca de 7 anos.
Especialistas no mercado cripto, formado a partir do uso de blockchain, uma tecnologia que nasceu com o Bitcoin para dar segurança, garantia e transparência em transações, têm discutido o caso à luz do uso da tecnologia para evitar vieses humanos e atestar informações.
Segundo Paulo Oliveira, o CEO da bolsa OTC Brasil, que recentemente realizou a tokenização de R$10 milhões em ativos junto ao Bradesco, a blockchain poderia jogar uma luz em um mercado que atinge R$100 trilhões no Brasil, o equivalente a 10 vezes o PIB brasileiro.
As chamadas operações Compor, aquelas tomadas por empresas que envolvem risco de crédito por parte do comprador, poderiam ser registradas em blockchain, o que não eliminaria o risco de crédito, mas daria transparência ao sistema, segundo Paulo.
Segundo a entrevista concedida ao portal MoneyTimes, o caso permitiria saber com segurança quem está comprando e quem está vendendo, dando garantias imutáveis por meio da blockchain e diminuindo o risco.
Ao Blocktrends, Armando Dutra, o CTO da Vórtx QR Tokenizadora que realizou R$240 milhões em tokenização de ativos como debêntures e quotas de fundos, foi um pouco menos otimista.
Segundo Armando, o principal ganho da adoção de uma blockchain neste caso poderia ser a certeza de quem auditou e aprovou tais operações, através da assinatura das transações. Isso tornaria mais claro como e quando isso ocorreu, sob determinação de quem.
Segundo ele, é possível que a blockchain seja utilizada como uma espécie de prova de quitação, o que mostraria ao mercado que a empresa já eliminou a dívida e está em condições de adquirir novo crédito.
Isso poderia ser feito mesmo com o uso de uma blockchain pública, onde as provas estariam registradas em blockchain, enquanto os tokens das operações seriam privados.
No exemplo dado por Dutra, poderia-se utilizar a RGB, uma camada do Bitcoin dedicada a contratos inteligentes conectada a lightning network.
Dutra menciona que o caso funcionaria por meio de um token emitido pela empresa, que só poderia ser queimado pelo portador da dívida.
O caso poderia ainda ser adotado por uma sidechain pública, onde as transações são visíveis para todos, mas apenas os envolvidos teriam acesso ao seu conteúdo.
A adoção de blockchain em casos como contabilidade ou mesmo cadeias de supply chain tem sido encarada como uma forma de reduzir o viés humano e dar maior transparência.
Na Europa, a gigante logística DHL tem buscado implementar blockchain para controlar a atividade de distribuição, garantindo informações em tempo real sobre os veículos.
Com o uso da tecnologia, a DHL afirma que um processo que usualmente envolve 200 pontos de coleta de informações e que pode gerar até 40% de contestação de informações, acaba tendo apenas 1% de contestações com a adoção de blockchain.
Isso pode se referir a quantidade consumida de combustíveis, o valor de notas fiscais de abastecimento ou outras questões, que com a gravação dos dados em blockchain se tornam imutáveis.
$100 de bônus de boas vindas. Crie sua conta na melhor corretora de traders de criptomoedas. Acesse ByBit.com