O anúncio de que possuía intenção de comprar a rede social por US$44 bilhões foi realizado pela primeira vez por Elon Musk em abril de 2022. Segundo o empresário, porém, ele acabou surpreendido pela quantidade de bots e pelos dados desconexos apresentados pelo board da empresa.
Essa situação teria feito Musk desistir da compra. Uma olhada para o cenário macroeconômico, porém, aponta que Musk fez sua oferta em um dos momentos que precederam a queda do mercado.
No último ano, o índice que mede as ações da Nasdaq, a bolsa de tecnologia dos EUA, onde estão listadas Apple, Microsoft e Tesla, desabou 19% em um dos seus piores anos na história.
O índice que mede empresas de mídia e redes sociais, por sua vez, caiu 25%. Empresas como Facebook, ou Meta, perderam US$700 bilhões em valor de mercado, sendo drasticamente reduzidas em tamanho.
Ainda assim, o board do Twitter conseguiu forçar Musk a pagar o valor que havia sido acordado inicialmente. Com as ações da própria Tesla tendo caído mais de 60%, Elon Musk foi forçado a desembolsar os US$44 bilhões, ou a maior parte deste valor, dado que Musk contou com sócios na compra.
Este cenário acabou forçando a venda de ações da Tesla para levantar o dinheiro, o que derrubou ainda mais as ações. Musk também complementou a compra com US$13 bilhões em empréstimos.
Agora, passada a aquisição e os primeiros meses turbulentos, os bancos responsáveis por estes empréstimos começam a cobrar os juros. Estima-se que apenas em juros o Twitter terá de desembolsar US$1,5 bilhão por ano. Pode parecer pouco (cerca de 11% do valor emprestado), mas olhando os números da empresa, a situação complica.
O Twitter comprado por Musk pela bagatela de US$44 bilhões, era uma empresa com faturamento de US$5 bilhões, além de um prejuízo de US$221 milhões em 2021, o último ano com dados completos.
Em suma, o empresário pagou estonteantes 9 vezes a receita da empresa, significando que para recuperar o valor investido, o Twitter precisaria passar 9 anos sem gastar um único centavo para que Musk recebesse o valor de volta, ou apresentar um crescimento de no mínimo 2 dígitos em receita e margem de lucro para começar a fazer sentido.
Casos como este, porém, são menos incomuns do que parecem. A Tesla, principal empresa de Musk, faturou cerca de US$53 bilhões em 2021, o que implica que seu valor de mercado de US$1 trilhão na época equivalia a 19 vezes sua receita. O problema, no caso do Twitter, é que é improvável que a rede social vá conseguir ter um aumento de receita como a Tesla. Em 2016, a montadora faturou cerca de US$7 bilhões, o que significa dizer que em 5 anos a empresa cresceu 8 vezes.
Dados divulgados ontem, entretanto, apontam que o Twitter sob Musk pode ter perdido ao menos 40% da sua receita no ano contra ano.
A situação torna difícil que uma empresa que fatura US$3 bilhões, possa honrar compromissos de US$1,5 bilhão por ano.
Isso leva a necessidade de Musk e seus sócios de injetarem mais recursos no Twitter, apenas para garantir os juros da dívida.
Caso o Twitter, ou Musk, falhem em pagar os juros, credores ou executivos da empresa tornam-se possuidores do direito de pedir a falência da empresa.
Na ponta dos custos, Musk já demitiu 50% dos funcionários da empresa, além de buscar turbinar a receita com o lançamento do Twitter Blue, que garante aos usuários o selo de verificado, além do direito de editar tweets, por cerca de US$8 por mês, ou US$11 caso você seja usuário do iOS da Apple.
Até o momento, porém, estima-se que apenas 240 mil pessoas tenham assinado o Twitter Blue, o que levaria a uma receita tímida de US$15 milhões ao ano.
Musk já vendeu US$40 bilhões em ações da Tesla, tendo recentemente se comprometido a não realizar novas vendas pelos próximos 2 anos.
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