Demanda em alta e oferta abaixo do potencial são a desculpa perfeita para a alta das passagens aéreas de 37% nos preços nos últimos 2 meses. Portanto, ficando em R$655, o valor pago pelo brasileiro para viajar de avião em 2022 foi o maior em 14 anos. Desse modo, o recorde significa uma alta superior a 50% desde 2019, o ano anterior da pandemia.
Para piorar a situação, o querosene de aviação, citado pelas companhias como o principal custo em um voo, tem caído em 2023, mas as passagens seguem em um rumo inverso. Apenas nos últimos 2 meses, as passagens aéreas ficaram em média 37% mais caras. O aumento de valor foi significativo, tendo impacto no próprio IPCA, o índice de inflação.
Por que as passagens estão mais caras?
Um estudo realizado com companhias aéreas europeias aponta um problema similar em todo o mundo. Segundo a Cirium, consultoria especializada em aviação, o preço médio de um voo entre as 100 rotas mais populares do mundo, está 27% acima do cobrado em 2019.
A consultoria dá algumas pistas sobre os motivos. Os 2 anos de pandemia, com aviões em solo, levaram a prejuízos de US$200 bilhões para as companhias aéreas. O pouso forçado do setor levou a uma desmobilização da cadeia de suprimentos. Desse modo, companhias aéreas alegam hoje que a cadeia de suprimentos ainda não foi completamente restabelecida.
Mesmo as poltronas dos aviões ainda estão com suprimento abaixo do anterior a pandemia. Os prejuízos acumulados, além da retomada da demanda, levaram a um “choque de demanda”. Este choque tem sido providencial para as empresas aéreas recuperarem parte do prejuízo.
Retomada do lucro
No Brasil, as 3 principais empresas áreas, GOL, Latam e Azul, tiveram prejuízos de R$21,4 bilhões apenas em 2021. Em 2022, as empresas chegaram a registrar um lucro de R$4,5 bilhões no primeiro trimestre. Este alívio, porém, foi impactado pela alta do preço do petróleo.
Nesse sentido, o mesmo barril de petróleo que gerou alta de 60% no preço da gasolina, corroeu a margem das empresas. Ademais, em 2023, as companhias viram o lucro cair 72%. Para além de uma margem de lucro menor, reduzindo as possibilidades de recuperar o prejuízo na pandemia, as empresas viram o dólar saltar no período, encarecendo o leasing de aeronaves.
Outro fator relevante foi o aumento da taxa de juros no país. Com bilhões em dívidas no balanço, os custos financeiros explodiram.
Preços combinados?
O governo busca agora investigar a possibilidade de que as duas principais empresas brasileiros no setor, GOL e Latam, estejam combinando preços. Nesse sentido, a baixa concorrência, que piorou após a falência da Itapemirim e da saída da Avianca, é apontada como uma das causas “estruturais” da alta de preços.
De fato, em inúmeras rotas, a ausência de concorrência tem sido um fator preponderante na alta de preços. Em suma, em trechos com elevada concorrência, como São Paulo a Buenos Aires, os preços acabam se tornando menores do que em viagens nacionais. No ano, o querosene de aviação cai 13%, gerando expectativa de que a alta de preços vá desacelerar.
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