Muito tem se discutido sobre o halving do Bitcoin (BTC), e como ele poderia impulsionar o preço da criptomoeda. O evento acontece em cerca de 15 dias, e vai cortar os Bitcoins emitidos pela metade. Em 2024, a redução será da atual recompensa de 6,25 bitcoins por bloco para 3,125. O BlockTrends consultou especialistas no setor, entre analistas e mineradores de Bitcoin, para entender mais o movimento.
Contudo, antes de chegar na questão de preço, vale entender primeiramente que halving é um evento ocorrido aproximadamente a cada quatro anos, ou a cada 210 mil blocos adicionados à rede Bitcoin (BTC).
O evento tem um impacto significativo na forma como o Bitcoin funciona. Especialmente em relação à sua oferta e, muitos discutem que também ao seu valor. Em suma, o evento marca a redução de novos bitcoins emitidos no mercado pela metade. Portanto, com uma emissão programada para um limite de 21 milhões de unidades apenas, o Bitcoin fica a um passo a mais de sua escassez.
O que exatamente é o halving do Bitcoin?
Indo um pouco mais a fundo, os mineradores são quem recebe estes bitcoins recém-criados. Eles são agentes que operam máquinas para ajudar a verificar e registrar as transações de Bitcoin na blockchain. Como recompensa por esse trabalho, os mineradores recebem Bitcoins novos, um processo conhecido como mineração.
Aqui é onde o halving entra em cena. Quando o Bitcoin foi criado, foi programado para que a recompensa recebida pelos mineradores fosse reduzida pela metade a cada 210.000 blocos minerados, o que acontece aproximadamente a cada quatro anos.
Anteriormente, quando o Bitcoin foi lançado em 2009, a recompensa por bloco era de 50 Bitcoins. Após o primeiro halving em 2012, essa recompensa caiu para 25 Bitcoins por bloco. E assim por diante, a cada quatro anos, a recompensa continua sendo reduzida pela metade até não existirem mais Bitcoins a serem minerados.
O Bitcoin foi programado dessa maneira para controlar a inflação. Portanto, ao limitar a quantidade de novos Bitcoins que podem ser criados e reduzir gradualmente essa quantidade ao longo do tempo, o Bitcoin imita recursos escassos como o ouro.
Isso ajuda a prevenir a inflação, que é o aumento geral dos preços e a queda do poder de compra do dinheiro. Algo bastante comum em muitas economias ao redor do mundo.
O halving ajuda a garantir a previsibilidade da escassez do ativo. Nesse sentido, a última moeda de Bitcoin será minerada por volta do ano de 2140, tornando o Bitcoin uma moeda deflacionária, ou seja, sua oferta é limitada.
O preço do Bitcoin vai disparar após o halving?
Analistas especulam sobre o movimento do preço do Bitcoin após o halving há tempos. Geralmente, em ciclos anteriores, o preço da criptomoeda tende a valorizar após o halving ser acionado com sucesso.
Para André Franco, analista chefe do Mercado Bitcoin, desta vez não será diferente. Conforme explica, para ele o halving não está precificado ainda. Ou seja, o mercado ainda não percebeu o potencial do ativo após o evento.
“O ponto mais básico, é que tem um efeito contínuo. Depois do halving, existe a redução da oferta pela metade. Caso se mantenha a demanda, todo dia faltará 450 bitcoins para esta mesma demanda”, diz.
Franco se refere ao fato de que, a cada dez minutos mais ou menos, um novo bloco é criado. Portanto, é o mesmo período de tempo que os 6,25 bitcoins foram emitidos nos últimos quatro anos. Contudo, após o halving no Bitcoin serão 3,125 BTC a cada 10 minutos em média.
“Isso sim eleva o preço para patamares mais altos. Não tem como estar precificado, assim como não esteve antes”, finaliza.
O Halving não tem importância (ao menos a narrativa)
Por outro lado, para Valter Rebelo, analista chefe de criptoativos da Empiricus, o halving não importa para o preço. Na realidade, sua importância se dá pela “manifestação mecânica de que o Bitcoin é escasso”.
“Se você traçar a data do ciclo do bitcoin com a expansão da liquidez monetária no mundo, estão claramente ligadas. Tanto é que quando acontece não existe uma reação de preço instantânea. [O halving sozinho] Não tem essa importância que todos acham que tem”, diz.
Conforme Rebelo, a importância do halving do Bitcoin é narrativa. Isso é, a inflação do Bitcoin vai de 1,6% para 0,9% ao ano não faz tanta diferença. “Não é isso que vai fazer o Bitcoin multiplicar por três vezes”, finaliza.
Já está precificado, mas vai ter “imbecil” comprando a narrativa
Por fim, na visão de Raymond Nasser, co-fundador da mineradora de Bitcoin Arthur Mining, o halving já está precificado, mas pode existir pessoas comprando a narrativa.
“Dizia o vencedor do prêmio Nobel, Eugene Fama, que os mercados são eficientes e precificados. Eu acredito em partes nesta teoria. Não é só gente inteligente [que opera] no mercado, tem muito imbecil. Muita gente ignorando também está operando, e com dinheiro”, diz.
A teoria de mercados eficientes, do economista Eugene Fama, discorre sobre isso. Ou seja, eventos principalmente grandes como este tendem a já estarem precificados. As pessoas costumam comprar antes, para tentar ganhos com o efeito. Contudo, esse movimento de antecipação é o que já “precifica” o evento mesmo antes de ocorrer.
Portanto, apesar dos que podem comprar a narrativa, Nasser diz acreditar que o evento já está precificado. “Tem uma parte que já está precificada, a teoria monetária. A gente já sabe o supply [fornecimento circulante]. O que pode acontecer é um aperto de oferta com uma demanda maior”, diz. Por ser fato conhecido é precificado, afirma Nasser. “Já estão todos comprados com suas posições”, finaliza.
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