Produzido pela ONG inglesa Oxfam, o relatório sobre bilionários e desigualdade já se tornou figurinha carimbada no calendário de redações brasileiras.
Todo mês de janeiro manchetes como “5 bilionários detém mais riqueza do que 99% da população”, ou a deste ano “10 mais ricos dobraram fortuna em meio a pandemia”, se tornam capa na grande mídia.
Os problemas, porém, decorrem da baixa contribuição destes destaques para um debate relevante: os muito ricos têm se aproveitado de uma situação inusitada, a das taxas de juros zero.
Nos últimos 7 anos, ao menos $15 trilhões em títulos públicos passaram a render abaixo de 0 quando considerada a inflação. O resultado, claro, foi uma fuga colossal de investidores para outros ativos, desde imóveis até o mercado mobiliário, as populares “ações”.
Índices como S&P, Nasdaq e outros ao redor do planeta cresceram a níveis nunca antes vistos, com investidores pagando múltiplos de dezenas, ou centenas de vezes o lucro das empresas em valor de mercado.
Na prática, a política monetária global “inflou” o mercado, com a anuência de políticos que viram nessa situação uma oportunidade para ampliar gastos e serem menos rigorosos com o equilíbrio fiscal.
Como mencionou o FMI em um relatório que se tornou famoso pela sua tradução no Brasil, que alegava o fim do “neoliberalismo”, ser austero quando o dinheiro custa 0% ao ano, é uma ideia completamente sem sentido.
Foi com essas ideias, e buscando sair da recessão de 2008 que o mundo mergulhou na onda dos juros zero.
A consequência de tamanha enxurrada de recursos em forma de crédito foi traduzida há pelo menos 3 séculos pelo economista Richard Cantillon, que formulou o “efeito cantillon”. segundo o qual aqueles que estão mais próximos da fonte do dinheiro (os bancos ou o governo), se beneficiam mais da criação deste dinheiro.
Com patrimônio para dar em garantias, os mais ricos puderam tomar crédito a juros nulos e assim adquirir mais ativos, ampliando sua riqueza.
A crise de 2020, causada pela Covid-19, colaborou ao ampliar uma outra forma de “ajuda” por parte dos bancos centrais, o Quantitative Easing, criado também em 2008, mas que atingiu níveis recordes na pandemia.
Seguindo o QE, bancos centrais como o FED dos EUA, o BOJ do Japão e o BCE da União Européia, adquirem diretamente papéis no mercado, ajudando a torná-los escassos e portanto mais valorizados.
Nesse cenário, milhares de empresas realizaram IPOs, buscando captar recursos e serem avaliadas em múltiplos generosos. Este foi o caso, por exemplo, do Nubank, que a despeito de nunca ter dado lucro foi avaliado em $52 bilhões, criando ao menos 3 bilionários.
Empresas que nunca geraram recursos para os seus acionistas, como a Uber, acabam por ser avaliadas em bilhões de dólares por conta de suas expectativas de lucro futuro.
Graças a este cenário generoso por parte dos bancos centrais, e que colabora para ampliar a pressão inflacionária, os muito ricos têm ficado cada vez mais ricos.
Supor que os políticos, que ignoram as consequências de Bancos Centrais imprimindo dinheiro, ou ainda por cima, se beneficiam diretamente disso, possam apresentar soluções é uma enorme ilusão.
Por conta de questões como essa, além de problemas metodológicos, que você pode entender melhor clicando AQUI, as manchetes da Oxfam terminam por se tornar inócuas na solução do problema acusando bilionários, e com ajuda da imprensa ao redor do mundo, só servem para limpar a barra de quem deveria, de fato, ser apontado como causador do problema: os BC’s e governos ao redor do mundo.
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