Richard Cantillon foi um banqueiro irlandês-francês, nascido em 1680, e a quem se atribui um dos pilares da economia moderna.
Com larga experiência no sistema financeira, além de mercador, Cantillon expôs ao longo do seu livro “Um ensaio sobre a natureza do comércio”, uma visão inovadora para uma época onde a economia ainda engatinhava.
Partiu dele também, um dos pilares da teoria econômica moderna, e cujo entendimento ajuda a entender o mundo moderno: o efeito Cantillon.
Em resumo, o Efeitos Cantillon alega que a impressão de moeda cria uma inflação desigual, beneficiando determinadas pessoas que possuam “proximidade com a criação de moeda”.
Na prática, como a inflação destrói o valor da moeda com o tempo, quanto mais cedo você tem acesso a essa moeda, mais beneficiado será.
Em épocas onde a criação de moeda tem sido a resposta para 10 em cada 10 problemas econômicos, seja uma crise imobiliária ou uma pandemia, a teoria de Cantillon ajuda a compreender como os mais ricos, que possuem acesso a crédito e ativos inflacionados pelos bancos centrais, se beneficiam.
Na prática, a criação de moeda reduz a taxa de juros na economia (uma vez que os juros são o preço do dinheiro, quanto maior a oferta, menor serão os juros), o que por sua vez torna determinados investimentos antes arriscados, mais “compensatórios”.
Startups e outras empresas cuida a modelos ainda não se provaram, recebem mais financiamento, criando uma nova safra de bilionários.
Empresas já consolidadas e boas geradoras de lucro, com potencial de crescimento, se tornam escassas, e portanto mais caras.
Este efeito a ajuda a explicar os motivos de os bilionários estarem cada vez mais ricos na economia.
Uma vez que são eles quem possuem ativos para dar em garantias, conseguem acesso a crédito barata, expandindo seus negócios, ou simplesmente vêm um avanço no preço de suas ações.
O efeito Cantillon, porém, não se limita apenas aos muito ricos. Preços de imóveis e ações no geral ganham um empurrão extra com a política monetária.
Em tempos de inflação, os mais ricos possuem acesso a moeda menos depreciada, o que colabora com o aumento de sua fortuna.
O efeito Cantillon pode ser observado com clareza no aumento da concentração de riqueza no Brasil dos anos 80, uma vez que os mais ricos e a classe média tinham acesso a meios de proteção, como o overnight, enquanto os mais pobres chegavam tarde ao dinheiro em questão.
A reversão dessa política expansionista é aguardada para 2022, com o chamado “Tapering”, ou a retirada gradual dos estímulos econômicos.
Como sempre, porém, a questão é saber se os bancos centrais terão coragem de recuar nos estímulos. Do contrário, manchetes sobre ganhos recordes de bilionários se tornarão ainda mais comuns.
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