O evento marcado para o dia primeiro de março deste ano na fábrica da Tesla em Austin, no Texas, deve ser o palco do “Terceiro Master Plan”, de Musk e da empresa.
A expectativa dos acionistas para o “dia do investidor”, como são chamadas as reuniões anuais nas quais a empresa revela seus planos aos investidores, é de que Musk defina os próximos anos da companhia, algo que convive com alguma incerteza dadas as promessas não cumpridas de anos anteriores.
Este será o primeiro evento realizado pela Tesla após a aquisição do Twitter por Musk, no que se espera que Elon deva abordar sua venda de US$23 bilhões de ações, prometendo reduzir novas vendas (o que pressiona as ações para baixo dada a oferta maior).
O evento ocorre também após um ano no qual a Tesla viu US$700 bilhões em valor de mercado, outra questão que preocupa investidores.
Essa será uma oportunidade para Musk subir ao palco e reforçar sua narrativa sobre os ganhos da empresa, que viu sua produção crescer 44% em 2022. Musk deve reforçar ainda que o lucro por veículo vendido na empresa está 400% acima da segunda colocada no ranking de fabricantes, a General Motors.
É essa margem de lucro que deve garantir à Tesla capacidade para reduzir preços e navegar diante de uma alta na concorrência no mercado de veículos elétricos.
O “Plano Mestre” que Musk pretende anunciar, porém, vai além de veículos mais baratos.
Em seu primeiro Master Plan, em 2006, Musk projetava criar um veículo esportivo (Roadster), usar os recursos gerados para criar um modelo mais barato (Model S) e então usar os recursos para criar um carro ainda mais barato (Model Y e Model 3).
No segundo plano, porém, as coisas não saíram exatamente como planejado.
Neste anúncio Musk prometeu uma pickup, o “Cybertruck”, além de um caminhão elétrico e opções focadas em transporte público, algo que acabou não sendo anunciado.
No terceiro plano, que deve ser anunciado nesta quarta-feira, a expectativa é de que Musk volte a abordar opções sobre transporte público, além de focar em baterias e energia.
Musk promete um “futuro completamente auto sustentável para o planeta”. O que em outras palavras significaria melhorar o sistema de baterias e garantir suprimento energético através de energia limpa de forma ininterrupta.
Até o momento, e como o ano de 2022 deixou bastante claro, fontes renováveis de energia, como a energia solar e eólica, sofrem com a inconsistência da oferta. Um ano de mais chuvas implica menos ventos, o que reduz a oferta de energia eólica. Já a solar, não funciona em horários de pico, como a noite.
Isso torna ambas as fontes bastante instáveis, exigindo uma fonte reserva, como térmicas a gás ou mesmo a carvão.
O plano inclui um misto entre melhores baterias além de massificar painéis solares caseiros, algo que a Tesla pretende incentivar por meio da SolarCity, sua subsidiária de energia.
Já no âmbito do transporte público, a aposta da Tesla, como de inúmeras outras gigantes, está nos carros completamente autônomos, os chamados “robotáxis”.
Este aspecto do plano, porém, deve ser prejudicado por inúmeras dúvidas sobre a capacidade de autonomia dos veículos da empresa. Um caso recente, em janeiro deste ano, onde um veículo autônomo ficou parado no meio de uma autoestrada por 10 minutos, também acendeu o alerta de reguladores sobre o caso.
De concreto, o que se espera é que Musk reforce a capacidade de crescimento da empresa, ainda que possa ser um pouco mais modesto do que suas previsões recentes de que a Tesla possa se tornar “a empresa mais importante da história da humanidade.
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