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Como Erdoğan mergulhou a economia turca no caos

A eleição da Turquia deve ser marcada por uma crise econômica e a possibilidade de que Erdoğan complete ao menos 25 anos no poder.

Ocorrendo em meio a uma crise econômica, a eleição na Turquia culminou na reeleição de Recep Tayyip Erdoğan. Uma eleição que pode se tornar um marco histórico para a Turquia e Europa.

Parte da OTAN e um elo de ligação entre o oriente e o ocidente, a Turquia exerce um papel fundamental no equilíbrio da região. 

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A crise econômica que o país atravessa, entretanto, tende a tornar a situação imprevisível.

Historicamente um país de baixa taxa de poupança e elevadas taxas de juros (por vezes o único país a superar o Brasil neste quesito), a Turquia é comandada desde 2002 pela AKP, partido do candidato a eleição Erdoğan.

Chamado de “Partido da Justiça e Desenvolvimento”, a AKP foi fundada pelo próprio Erdoğan. E em 2002, ao assumir o país (com o próprio Erdoğan de primeiro-ministro), iniciou uma série de reformas.

O candidato a eleição Erdoğan passou a liderar enquanto primeiro-ministro o processo pelo qual a Turquia se tornaria membro da União Europeia. Com o balanço de pagamentos saneado após um acordo com o FMI, o país foi um dos que melhor surfou o boom de commodities.

Entre 2003 e 2008, a economia turca cresceu em média 7% ao ano. Tal situação, apesar de brevemente interrompida pela crise global, duraria até 2013.

Os protestos de 2013

Pouco mais de uma década após a ascensão da AKP ao poder, os desgastes começaram a tornar-se públicos.

Um projeto imobiliário em uma das últimas áreas verdes de Istambul, o Gezi Park, foi o estopim para uma onda de protestos contra o governo. Ao todo cerca de 7,5 milhões de turcos, ou 9% da população do país, saíram às ruas.

Entre as pautas do protesto, um escândalo de corrupção envolvendo a compra de gás iraniano em troca de ouro, estava no radar.

Erdoğan reagiu aos protestos por meio de violência policial, o que por sua vez resultou em ao menos 100 mortos.

O caso marcou uma reviravolta na relação de investidores estrangeiros com a Turquia.

Analogamente ao Brasil, país era considerado uma “potência emergente”. A Turquia era cotada dentre os chamados “MINT”, um acrônimo criado por Jim O’Neil, também criador dos BRIC, que reunia México, Indonésia, Nigéria e Turquia.

Como resultado, desde 2013 a parcela da dívida do governo detida por investidores estrangeiros saiu de 25% para menos de 1%, em 2023.

O golpe de 2016

Uma tentativa de golpe fracassado em 2016, sob o comando de oficiais do exército, levaria a um endurecimento ainda maior do regime de Erdoğan.

Cada vez mais isolado da comunidade internacional, o presidente turco reduziria as pretensões de união com a Europa, dando maior atenção aos conflitos locais, como a guerra na Síria. 

A crise na dívida e a queda na Lira

Desde 2018, a moeda turca, a Lira, segue uma mesma direção: para baixo.

Como resultado, se em 2008 um dólar equivalia a 0,82 Liras, em 2023 essa cotação caiu para 0,051.

A moeda turca segue desvalorizando à medida que o governo passou a se financiar via expansão monetária. Além disso, a inflação na Turquia mantém-se como a terceira maior do planeta, ficando atrás apenas da Venezuela e da Argentina. Nesse contexto nada virtuoso, o presidente turco apontou o Banco Central como o inimigo principal. Além disso, ao longo de 2021 e 2022, o Banco Central da Turquia sofreu pelo menos três intervenções.

Para o governo, a taxa de juros deveria ser reduzida à força. Com o objetivo de impulsionar o crescimento econômico, a Turquia decidiu reduzir seus juros.

O país que até então disputava com o Brasil o posto de maior taxa de juros do planeta, agora figura entre as menores taxas, graças à inflação galopante.

Por fim, em 2023, o terremoto que atingiu o país, vitimando ao menos 3600 pessoas e deixando US$37 bilhões em prejuízos, acabou por consolidar a crise, impactando duramente a capacidade do país de se recuperar apenas com recursos internos.

Buscas por Bitcoin sobem 556%

Em meio a intervenções no Banco Central e o colapso da Lira turco, a população local têm visto no Bitcoin e nas stablecoins uma opção à moeda local.

Um estudo feito pela Coindesk aponta que as buscas por Bitcoin subiram ao menos 556% desde que o governo passou a intervir no Banco Central.

A Turquia figura hoje como um dos 10 maiores mercados de criptoativos no mundo. De acordo com a consultoria Chainalysis, o Bitcoin segue sendo negociado a um prêmio de US$1 mil, graças a facilidade para escapar de regulações que impedem a compra de dólares ou ouro.

Como resultado da instabilidade, segundo a consultoria Tripple A, ao menos 4,9 milhões de turcos possuem cripto, chegando a 5,2% da população total do país. 

Nota: este texto foi originalmente publicado em 15/05 e atualizado em 28/05, com informações acerca da vitória de Recep Tayyip Erdoğan com 52% dos votos.

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