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Tecnologia

Inteligência artificial pode ajudar a tratar câncer, dizem especialistas

A ferramenta estuda imagens para identificar rapidamente o perfil genético de um tipo de tumor chamado glioma.

A inteligência artificial está sendo cada vez mais empregada no setor da saúde. O objetivo de modelos como o Med-PaLM 2 do Google, é de reconhecer sintomas e facilitar o acesso a dados médicos. Desse modo, pacientes com pouca acessibilidade à profissionais da área podem passar a ter.

Recentemente, uma ferramenta para os médicos, de inteligência artificial, mostrou-se promissora para ajudar no combate a tumores cerebrais agressivos. Os pesquisadores treinaram a tecnologia para identificar características que ajudam a orientar a cirurgia.

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A ferramenta, chamada Cryosection Histopathology Assessment and Review Machine, ou CHARM, estuda imagens para identificar rapidamente o perfil genético de um tipo de tumor chamado glioma. O processo atualmente leva dias ou semanas, segundo Kun-Hsing Yu , autor sênior da pesquisa publicada no jornal Med. 

Os cirurgiões usam diagnósticos detalhados para orientá-los enquanto operam, disse Yu. A capacidade de obtê-los rapidamente pode melhorar os resultados dos pacientes e poupá-los de várias cirurgias. 

Embora o glioma varia em gravidade, existe uma forma agressiva chamada glioblastoma. Essa, por sua vez, pode levar à morte em menos de seis meses se não for tratada. Apenas 17% das pessoas com glioblastoma sobrevivem ao segundo ano após o diagnóstico, de acordo com a Associação Americana de Cirurgiões Neurológicos .

Os cirurgiões usam informações sobre o perfil genético de um tumor de glioma ao decidir quanto tecido remover do cérebro de um paciente. Além disso, decidem como implantar bolachas revestidas com uma droga contra o câncer. Obter essas informações, no entanto, atualmente requer testes demorados.

Para Álvaro Machado Dias, neurocientista, professor livre-docente da UNIFESP e sócio do Instituto Locomotiva de Pesquisas e da WeMind, o futuro da medicina tem ainda mais IA.  Conforme comenta em entrevista ao BlockTrends, o poder decisório do ser-humano tende a sumir, e isso pode ser algo positivo, caso feito com responsabilidade. Confira:

BT: É possível que um modelo de linguagem em IA consiga reconhecer os padrões de um tumor em desenvolvimento? Como?

Álvaro Machado Dias: Não são os modelos de linguagem que fazem isso, mas sim os de visão computacional. Em certos casos, como no recente artigo publicado pela equipe do Dr. Nasrallah (Harvard Medical School), que você pode encontrar aqui, a arquitetura da inteligência artificial pode ser baseada em Transformer, que é a mesma do ChatGPT.

Porém, seu funcionamento não tem nada a ver com aquele, já que seu papel não é gerativista – ele não cria imagens, como o Stable Diffusion, por exemplo – mas sim de classificação de imagens médicas à luz da identificação de um tipo específico de tumor cerebral baixa incidência chamado glioma. 

Seu funcionamento envolve uma etapa de treinamento prévio, em que a IA do grupo de Nasrallah, chamada CHARM, é alimentada com muitas imagens. Algumas foram classificadas à mão como sendo características da presença de gliomas e outras do contrário.

A partir disso, o algoritmo aprende a extrair os padrões que predizem a presença dos mesmos para poder identificá-los, o que acontece de maneira rápida e altamente precisa. 

BT: Você acredita que, se aplicado, a medicina poderia oferecer tratamento preventivo e realmente curar o tumor maligno em seu estágio inicial?

Álvaro Machado Dias: O estudo em questão não visa a prevenção mas a eficácia cirúrgica. Acontece que certos registros só podem ser obtidos ao abrir a cabeça do paciente. A ideia do algoritmo é reduzir o tempo em que a equipe fica à espera da análise, nessas condições. Dito isso, sim, é completamente factível fazer prevenção com IA. Aliás, esse é o principal uso da metodologia.

BT: Quais os perigos de um possível diagnóstico errado feito por uma IA?

Álvaro Machado Dias: Os mesmos do humano. Aliás, o humano é ainda mais arriscado já que aprendemos a respeitar a autoridade do médico – e de qualquer outro profissional da saúde que nos oferecer um diagnóstico.

Com a IA, somos mais céticos, desconfiados, o que reduz o impacto dos diagnósticos errados. Do mais, essa é uma tecnologia que entra para suprir lacunas de atendimento, permitindo que milhares ou mesmo milhões de pessoas que não receberiam atenção de um grande especialista tenham acesso a acurácia semelhante. 

Portanto, a IA é muito bem-vinda aí. A verdadeira questão se dá pela decisão de se eliminar o “N2”, isso é, a existência de uma pessoa para analisar esses resultados e pensar sistemicamente como proceder.

Em suma, os subsídios decisórios só melhoram por meio da IA e outras tecnologias, ao passo que a eliminação do humano da cadeia decisória tende a pôr tudo a perder.

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