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Investimentos

Gestão de Montezano no BNDES chega ao fim com 35ª privatização desde 2019

Marcada para essa terça, a privatização da estatal de saneamento do RS deve ser a 35ª da gestão de Gustavo Montezano.

Recebido inicialmente com certa desconfiança, em especial pela pouca idade, o presidente do BNDES, Gustavo Montezano (42), deve encerrar seu ciclo à frente do banco com resultados considerados bastante positivos pelo mercado.

Sob seu comando, o BNDES optou por se tornar uma “fábrica de projetos’, utilizando o corpo técnico do banco, que já foi o maior do país em participação no crédito total, para alavancar projetos em privatizações e concessões.

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Desde 2019 o BNDES liderou 35 projetos que somam R$250 bilhões entre outorgas e investimentos projetados, sendo 10 na área de saneamento, como a privatização da CEDAE e a última atuação do banco sob a gestão Montezano, a da privatização da Corsan, a estatal de saneamento do RS, que será realizada na B3 nesta terça-feira 20.

O banco que Gustavo assumiu, era um banco já em transformação, longe do BNDES dos tempos do PSI, o Programa de Sustentação de Investimentos, pelo qual o Tesouro Nacional alocou R$440 bilhões em empréstimos com juros subsidiados. Sob o PSI, o BNDES concedeu R$1,8 trilhão em crédito, sendo R$1,2 trilhão para grandes empresas.

O BNDES atual, é um banco com uma carteira de crédito significativamente menor, em torno de R$460 bilhões, sem atuações ativas no mercado acionário, que chegou a garantir ao banco uma carteira de R$100 bilhões, sendo o maior investidor da Bolsa de Valores brasileira.

O banco tem hoje cerca de R$65 bilhões em crédito anual, contra R$280 bilhões no ápice em 2013. 

Ainda assim, o BNDES tem ajudado a capitanear uma transformação no mercado de capitais. Antes das mudanças realizadas no governo Temer sob a gestão de Maria Sílvia Bastos, que substituiu a TJLP pela TLP, com juros mais condizentes e sem subsídios, o Banco era responsável por créditos da ordem de 3,17% do PIB, contra 2,57% do setor privado. Já em 2021, o BNDES liberou recursos da ordem de 0,74% do PIB, enquanto o mercado de capitais concedeu ao menos 6,87% do PIB em captações.

O foco do BNDES, porém, deve retornar na próxima gestão como um pilar importante no financiamento do Estado junto ao setor privado. O novo presidente do banco, Aloízio Mercadante, disse em entrevistas recentes que o banco deve voltar a ter protagonismo, ainda que sem crédito a juros menores do que a inflação como antes.

O BNDES de hoje é um banco com potencial de crédito por recursos próprios mais elevados, como mostrou um estudo do Citi. O banco tem hoje uma basiléia de 28,7%, contra 9,5% ao final de 2015.

Segundo relatório do Citi, apenas essa folga de caixa, permitiria ao BNDES triplicar seu portfólio, gerando um aumento de 18% no crédito no país.

Sem juros subsidiados, porém, é improvável que o BNDES encontre tomadores de crédito interessados neste nível.

Nomeado para o Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo já mencionou entre suas visões que espera que o BNDES volte a atuar como um garantidor de crédito, permitindo aumento de crédito no setor privado. 

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