Com cerca de 80 mil agências, o sistema de poupança soviético foi um dos primeiros alvos das reformas que tomaram conta do país na década de 80, a Perestroika.
Por decisão do governo, os bancos foram agrupados em entidades menores, primeiro ligadas a cada uma das repúblicas soviéticas, e então as províncias. No fim, o sistema passou a se chamar “Sberbank”, uma entidade de economia mista.
Ainda que o Fundo Soberano Russo, detenha 50,01% do capital, a empresa é controlada de maneira privada, por oligarcas de confiança do próprio presidente russo, Vladimir Putin.
Herman Gref, o CEO do Sberbank, é considerado um “moderado” e reformista no Kremlin. Foi dele que partiu a ideia de internacionalizar o banco, que hoje opera em uma dezena de países.
Até semana passada, quando começaram as sanções, como a retirada da rússia do SWIFT, Herman comandava um banco com 100 milhões de clientes e 61% do mercado russo, cujo valor de mercado, de $160 bilhões de dólares, era maior do que a soma das brasileiras Petrobras e Vale.
Agora, Herman luta para impedir o colapso do banco, cujas ações caíram 95%, em uma única semana.
Outras empresas russas, como Lukoil (-81,5%), Gazprom (-71,2%), Rosneft (-72,1%), Novatek (-85%), também encabeçam a lista de maiores perdas de valor de mercado.
As preocupações de investidores são inúmeras. Apenas nesta semana, o governo russo já restringiu as saídas de capital, e as maiores operadoras de contêineres do mundo anunciaram que irão deixar de operar na Rússia.
Maersk, MSC, ONE e Hapag Lloyd respondem por 47% do comércio marítimo mundial feito com contêineres, o que significaria, na prática, isolar a Rússia do comércio mundial.
A perda de valor de mercado de $570 bilhões, pode ser considerada apenas “no papel”, ainda assim, especialmente no caso de bancos, afetam a solvência dos mesmos.
Russos têm promovido uma corrida bancária para resgatar ativos em meio a uma queda de 30% no rublo. Na outra ponta, as pesquisas por Bitcoin, um ativo alheio a sanções globais têm disparado.
Apenas nesta terça-feira o Bitcoin subiu 16,17% em meio ao colapso do sistema financeiro russo.
A preocupação também ocorre em função do aumento na taxa de juros, que saiu de 9,5% para 20% em uma única reunião, afetando diretamente os custos das empresas, que agora terão de arcar com juros maiores e incerteza sobre as vendas de produtos.
As incertezas também afetam projetos globais de empresas russas. O consórcio responsável pela construção do gasoduto Nord Stream 2, que levaria 55 bilhões de m3 de gás por ano para a Alemanha, decretou falência na medida em que o gasoduto de $13 bilhões teve seu aval de funcionamento negado.
O projeto em questão conta com a participação da Gazprom (51%), e empresas alemãs, holandesas e francesas.
A Gazprom também enfrenta ceticismo por parte da BP, sua maior acionista fora da Rússia, e que anunciou que pretende “se livrar” da participação, ainda que não tenha explicado como irá deduzir um ativo de $25 bilhões do seu balanço.
A Gazprom é responsável por ⅔ das reservas e ⅓ da produção da BP, uma empresa de $97 bilhões. Ainda assim, o risco de contágio global ainda parece improvável.
Na outra ponta, as commodities têm visto uma alta significativa, com o petróleo batendo $110 por barril, o maior valor desde 2013, e o trigo saindo de $847 para $1100 a tonelada em 2 dias.
O temor, no caso, é de que a crise na Rússia possa afetar duramente a inflação ao redor do mundo, além de restringir a oferta de bens como fertilizantes.
O FED já anunciou que deverá reduzir o número de altas de juros no mundo, um sinal de que a inflação poderá continuar elevada.
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