O reinado de George III é provavelmente mais conhecido pela perda das colônias britânicas nas Américas, no que viria a ser conhecido hoje como a independência americana. Esta, como também a guerra travada com a França napoleônica, marcariam um outro fato relevante do monarca inglês: a rendição das propriedades reais ao parlamento.
Em resumo, George herdou boa parte das terras inglesas de seus ancestrais, monarcas que conquistaram a ilha da Grã-Bretanha séculos antes. Até seu reinado, estas terras tinham como função financiar a própria monarquia, além do governo civil.
Com seu baixo retorno, os territórios criaram um problema: o rei não possuía mais renda para bancar a si mesmo e ao governo, o que o obrigava a buscar receitas em impostos (como o imposto do chá que levaria ao tea party).
Após anos de relutância, George fez um acordo com o parlamento, entregando todas as suas propriedades a uma entidade independente, o Crown Estate. Em troca, o parlamento lhe garantia uma mesada, conhecida como “civil list”. Estes recursos poderiam ser usados para manter os palácios, além de garantir as despesas da família real e de quem mais o rei desejasse incluir para ganhar um pedaço do bolo (que era fixo).
Este acordo tem sido renovado desde então, com cada novo monarca garantindo que o Crown Estate, uma entidade dona essencialmente de terras, fique para o governo.
Na presente data, o Crown Estate é responsável por administrar cerca de 15,2 bilhões de libras, ou R$93,3 bilhões.
São propriedades rurais e urbanas, além de algumas mais peculiares. Dentre os direitos da rainha, cedidos ao parlamento, está a posse de qualquer cisne no território britânico, além do leito marinho.
Sim, na prática o antes “inútil” leito marinho, estava incluído nas propriedades do rei.
Ocorre que, como você já deve ter imaginado, este mesmo leito marinho se tornou fonte incomensurável de recursos nos dias de hoje.
Virou quase uma tradição a luta de países em reconhecer ilhas, mesmo que distantes do seu território, para garantir uma extensão da sua zona econômica exclusiva no mar.
No caso brasileiro, um país com 8 milhões de km2 em solo, a área marinha equivale a outros 4,4 milhões de km2, daí o apelido de “Amazônia Azul”.
Sobre essa área, no caso britânico, se estendem ao menos 24 GW de potência eólica instalada, número que deve chegar a 80 GW ao final desta década, fazendo do Reino Unido o 8º maior produtor mundial no setor.
Na prática, a coroa britânica tem aumentado seus ganhos com essa expansão de energias renováveis e metas para zerar as emissões de carbono.
Graças a este resultado, o Crown Estate obteve £ 293 milhões em 2021, dos quais, ao menos 70% devem ir para o governo. Em outras palavras, a monarquia britânica deve entregar ao governo mais de duas vezes o que fica para si mesma dos seus bens e direitos.
O resultado do Crown Estate foi um ganho líquido de 11,9%, o que, excluídos os ganhos com eólicas, se converteria em -3,1%. Significa dizer que os shoppings e escritórios comerciais, oriundos de partes do território da capital britânica, têm dado prejuízos à monarquia.
E ao que tudo indica, mesmo com dúvidas sobre a segurança energética que ameaça a Europa após o início do conflito entre Rússia e Ucrânia, investimentos em fontes intermitentes como solar e eólica, tendem a ganhar força. Mais dinheiro na conta da rainha.
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