Dona do segundo maior império colonial do planeta, com uma área total que chegava a 13 milhões de km² e por onde viviam cerca de 150 milhões de pessoas (8% da população mundial em 1920), a França manteve determinados laços com suas ex-colônias.
A despeito da independência de boa parte dos países, em especial na África, o governo francês foi responsável por emitir o Franco CFA, uma moeda criada em 1945, após o final da segunda guerra, e que garantia a França certa blindagem comercial em suas possessões.
O Franco CFA, uma moeda de valor fixo com o Franco francês, perdurou mesmo após a adoção do Euro pela França no final dos anos 90.
Além de ser responsável pela política monetária das ex-colônias, a moeda francesa na África exigia que os países da região mantivesse metade de suas reservas no Banco Central francês, um domínio considerado humilhante por governantes locais.
A diferença de produtividade entre os dois países tendia a favorecer a França nessa relação comercial, além de tornar o Franco demandando mesmo com o dólar sendo adotado como moeda global.
A França, que liderou a revolta contra o padrão dólar-ouro, manteve o domínio monetário entre 1945 e 2018, quando o presidente francês Emmanuel Macron e os presidentes de 8 dos 14 países que adotaram o Franco CFA, concordaram em uma mudança no padrão monetário para o “eco”, a nova moeda.
O caso reflete o fim parcial de mais de 7 décadas de golpes de estado financiadas pela França contra presidentes que buscavam independência também com relação à política monetária.
De fato, entre 1965 e 2015, cerca de 67 golpes de estado ocorreram em 26 nações africanas, das quais 16 eram ex-colônias francesas.
Os casos incluem um golpe em 1 de janeiro de 1966, contra David Dacko, presidente da República Central Africana, outro em 3 de janeiro do mesmo ano contra Aboubacar Sangoulé Lamizana, presidente de Burkina Faso.
Ambos os presidentes articularam a criação de uma moeda independente e foram assassinados por militares relacionados às forças armadas francesas.
Poucos anos antes, em 1958, François Miterrand definiria a política francesa em relação com a frase “sem suas colônias, não há espaço para a França no século 21”.
Mais de 6 décadas depois, em 2008, Jaques Chirrac, presente francês, mencionaria a frase ao lembrar que “sem a África a França tende a rumar para um país de terceiro mundo”.
O domínio monetário francês ainda ocorre de maneira indireta, com a nova moeda tendo o Euro com paridade fixa.
O caso ainda implica que boa parte das nações africanas não possuem independência sobre sua própria moeda, que por vezes acaba sobrevalorizada em função de políticas adotadas em Bruxelas, a sede da União Europeia.
Sem uma moeda própria, os países mantém-se reféns no jogo do comércio internacional.
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