Cristobal Balenciaga nasceu na Espanha em 1895, e como tantos outros ícones da moda, se estabeleceu em Paris, onde se tornaria mundialmente conhecido.
Por lá, se tornou um aclamado “arquiteto da alta costura”, dada sua habilidade com a confecção, que o levou a criar peças ainda hoje icônicas para o público feminino, como o baby doll ou o vestido túnica.
A marca que leva seu nome, como tantas outras dentre as mais badaladas do mundo da moda, esteve sempre associada a celebridades ou aos poderosos, como monarcas de seu país natal.
Tal situação tem sido uma constante quando o assunto é o mundo das artes.
Toda a contracultura e o sentimento de rebelião, ou subversão dos padrões se encontra em um ambiente via de regra cercado de luxo e poder.
E poucas marcas conseguiram se reinventar e sobreviver em um mundo onde dinheiro e poder são questionados sem cerimônia.
Este tem sido o caso da Balenciaga desde ao menos 2015, quando a designer Demna Gevasalia assumiu o comando criativo da marca.
Desde então, a marca vem sofrendo uma verdadeira revolução e lucrando com essa aparente loucura.
Um tênis destruído, com couro rasgado e pichado, no valor de R$10 mil é a mais nova aposta da empresa para gerar polêmica, e consequentemente vendas.
Outros produtos, como uma sacola estampando a marca da Ikea, uma loja de móveis populares, também foi lançada ao custo de $2600 dólares. Uma camiseta básica da marca custando R$4,5 mil foi outro exemplo.
Para Carly Busta, editora da revista New Models, a explicação para os exageros da marca e sua aparente fixação em “fazer os ricos de otários” (como dizem 9 entre 10 comentários na Internet sobre os lançamentos da marca), decorre de uma análise do momento.
Dinheiro e poder têm sido considerados “embaraçosos”, no momento onde campanhas como “nós somos os 99%”, ou lemas como “bilionários não deveriam existir”, se tornam banais entre os jovens, mesmo os abastados.
Busta ressalta que a marca tem se utilizado de uma presença forte em redes sociais, além da associação com celebridades como Kim Kardashian, para se posicionar como uma marca transforma em vestuário o sentimento dos jovens”.
Na prática, se os jovens acreditam que o mundo está cada vez mais injusto e o dinheiro (dos outros), deva ser questionado, a marca entrega a eles um produto perfeito.
Pagar R$10 mil em um tênis que demonstre que você que possui recursos para tanto está subvertendo padrões de beleza e luxo, virou um negócio e tanto.
A ironia das ironias, claro, está na marca faturar alto apostando em críticas aos padrões de beleza e ao capitalismo por meio de peças “desconstruídas” (ou destruídas), gerando com isso mais memes e “hate” das mesmas pessoas que promovem a cultura a qual a Balenciaga busca se integrar.
O ciclo que se retroalimenta encanta inúmeros jovens, seja pela crítica, ou pelo uso da marca em protesto.
A Balenciaga pertence hoje ao conglomerado Kering, controlador de marcas como Alexander McQueen, Gucci e Yves Saint Laurent, e fatura ao menos 12 bilhões de euros (algo como R$75 bilhões), por ano.
Deste valor, ao menos 1 bilhão de euros anualmente (R$6 bilhões), derivam das “trollagens” da Balenciaga.
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