A tempestade perfeita tem se formado em torno do Bitcoin em março, com sinais de uma devolução de 142 mil Bitcoins por parte da gestão da massa falida da Mt.Gox, se iniciando nesta sexta-feira. Outros eventos, porém, têm gerado ainda mais pressão.
As falas do presidente do FED, Jerome Powell, que alega ser necessário aumentar o ritmo de alta nos juros, ajudaram a derrubar o Bitcoin de volta aos US$22 mil.
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No meio deste cenário, o caso entre a gestora Grayscale e a SEC, a Comissão de Valores Imobiliários, começa hoje na corte americana.
A Grayscale, dona do GBTC, o maior fundo de Bitcoin do mundo, está processando a SEC, alegando que não há razão alguma para o órgão negar a existência de um ETF spot de Bitcoin, ou em suma, um fundo que compra Bitcoin.
A ideia da Grayscale é transformar seu fundo, o GBTC, que negocia hoje no mercado de OTC, em um ETF.
O caso colocaria o Bitcoin ao alcance de qualquer um dos mais de 55% dos americanos que investem na bolsa, assim como no Brasil, onde é possível comprar Bitcoin via ETF, através do ticker QBTC11.
No caso americano, porém, a SEC tem resistido à ideia, alegando que é preciso que as empresas interessadas apresentem planos mais sólidos contra fraudes nos ETFs, que possam prevenir manipulações.
A Grayscale, porém, tem contra si a situação do seu próprio fundo, que negocia hoje com um desconto de 42%.
O desconto implica que a quota do fundo está custando 42% menos do que o suposto equivalente em Bitcoin. A gestora alega ter mais de 600 mil Bitcoins, mas o acesso ao GBTC é restrito, com mínimo de US$50 mil em aplicações, além de elevadas taxas de administração (de 2%), o que ajuda a distorcer o preço da quota em relação ao NAV, a soma do valor dos ativos supostamente entesourados.
Na prática, os quotistas do GBTC possuem apenas quotas, não Bitcoins, que por sua vez são propriedade da própria Grayscale e do Digital Currency Group, que têm enfrentado problemas em outras subsidiárias, como a Genesys.
O julgamento ainda deve se estender, mas um resultado favorável a Grayscale é considerado improvável.
Em entrevista recente, Gary Gensler, o CEO da SEC, mencionou que a expectativa do órgão é que um ETF de spot seja viável apenas quando exchanges passarem a ser reguladas. Na prática, a SEC têm usado o caso para favorecer seu ponto de vista em torno das próprias competências, que tem crescido na medida em que o órgão avalia stablecoins e outros ativos em cripto como valores mobiliários.
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