O payroll, o indicador de geração de empregos americanos, excluindo empregos agrícolas, voltou a superar as expectativas do mercado no mês de abril. Ao todo, foram criadas 253 mil vagas de trabalho, levando o desemprego para 3,4%, o menor nível em 54 anos.
O número supera a necessidade de 70-100 mil empregos mensais para compensar o aumento da população em idade de trabalho, colaborando para uma redução no nível do desemprego.
Na prática, o indicador ainda resiliente torna a missão do FED, o banco central americano, mais longe de ser alcançada.
Em busca de reduzir a inflação americana para 2%, conforme determina seu mandato, o FED tem elevado os juros para níveis não vistos desde a crise de 2008.
A alta de juros anunciada na última quarta levou os juros americanos novamente para 5%, diminuindo a diferença com relação à inflação e tornando mais provável que os EUA voltem a ter juros positivos.
As constantes altas de juros têm levado economistas a antecipar uma possível recessão nos Estados Unidos, o que seria o caminho mais provável para redução da inflação, mas que parece ainda distante conforme os números do mercado de trabalho.
O impacto desse cenário no Brasil
Um mercado de trabalho mais resiliente nos Estados Unidos implica em uma necessidade de elevar ainda mais os juros para reduzir a inflação, o que por sua vez obriga o Brasil a manter a taxa local de juros, a Selic, em níveis mais altos.
Isso ocorre pois o país precisa de um diferencial de juros que compense o chamado “risco Brasil”.
A solidez do mercado de trabalho americano, portanto, cria novos empecilhos para reduzir os juros no Brasil.
Do ponto de vista cambial, um cenário de juros maiores nos EUA tenderia a ter um fator dúbio.
Na teoria, juros maiores favorecem os EUA uma vez que investidores saem de mercados mais arriscados para os EUA, por outro lado, com juros maiores a dívida americana se torna um problema difícil de resolver, minando a confiança no dólar.
Crise bancária
Um período maior de juros elevados, ou ainda, novas altas de juros para desacelerar a economia e reduzir a inflação pode acabar tendo um impacto negativo ainda maior nos bancos regionais.
Entre janeiro de 2022 e o início de maio de 2023, os bancos regionais americanos viram seu valor de mercado cair de US$475 bilhões para US$100 bilhões, incluindo as 7 falências nos últimos 2 meses.
Um cenário de stress nos bancos regionais americanos por sua vez pode acabar levando a uma contaminação no mercado imobiliário americano, que por sua vez já está sob stress com novas hipotecas tendo os juros reajustados.
Neste cenário, um contágio global se tornaria mais provável.
Qual o impacto deste cenário no Bitcoin e em cripto?
Um cenário de desconfiança crescente sobre o dólar tende a favorecer o Bitcoin, um ativo de proteção.
Um desemprego menor nos EUA, levando a juros maiores, poderia em um primeiro momento prejudicar ativos de tecnologia (incluindo o Bitcoin), mas tenderia a favorecer tais ativos no médio e longo prazo.
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