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Economia

Como o SVB foi de US$20 bi a $0 em 2 dias

A falência do Silicon Valley Bank, o banco das startups, é considerada a segunda maior de um banco comercial desde a crise de 2008.

As notícias de que o Silicon Valley Bank, o SVB, estaria buscando captar dinheiro junto aos investidores para cobrir prejuízos, acabou caindo como uma bomba, o que por sua vez levou a uma crise de confiança, fazendo com que o banco fosse declarado insolvente, tudo em um espaço de 48h.

Para entender o caso, primeiro é importante lembrar que a função de um banco, e seu produto principal, é negociar o dinheiro no tempo. O nome do preço deste produto, os juros, são o fator decisivo para o sucesso, ou não, destas operações.

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O SVB nasceu em 1983, no meio de uma das regiões mais conhecidas dos EUA, o Vale do Silício, sede de algumas das maiores empresas de tecnologia do planeta, além de um ecossistema de startups. 

Apesar de ser um banco comercial, o tipo de banco que lida diretamente com o público, seus maiores clientes eram pequenas e médias empresas, em especial as startups que receberam investimentos de fundos de Venture Capital, os VCs.

Com uma década conhecida pelos juros zero, ou seja, taxa de juros menor do que a inflação, o ecossistema de VCs e startups floresceu. Desde 2019 o total de depósitos do SVB multiplicou por 3, chegando a US$174 bilhões.

Isso ocorre pois, com taxa de juros reais menores, investidores se tornam mais propensos aos riscos, aceitando comprar participações em projetos com alto risco, mas também possibilidade de retornos elevados.

Desde 2020, porém, a situação tem se mostrado instável no setor. Com os trilhões de dólares injetados pelo FED, o Banco Central Americano, cujo balanço saiu de US$4 trilhões para US$8,25 trilhões em 3 anos, a instabilidade no mercado cresceu.

Se por um lado o dinheiro criado pelo FED inundou o mercado, levando a uma explosão no valor de empresas de tecnologia, na outra ponta, a excessiva liquidez colaborou para um cenário de inflação elevada.

Em 2022, enquanto diversos países viam picos de inflação não presenciados desde 1980, quando do segundo choque do petróleo, o FED começou a inverter a mão, subindo juros.

O problema, porém, é que ao contrário do mito popular, juros elevados não necessariamente ajudam os bancos. Isso ocorre pois, bancos e outros investidores, podem comprar títulos com uma determinada remuneração, e em meio a uma alta, ver seus títulos valerem menos.

Este foi exatamente o cenário do SVB. O banco possuía ao menos 55% dos seus ativos em títulos públicos, o índice mais elevado dentre todos os grandes bancos americanos.

Na prática, o SVB remunerava seus investidores em 2,3% ao ano e investia em títulos públicos que pagavam 4,5%. Parece um bom negócio, exceto quando os depositantes também decidem investir nestes títulos maiores.

Os clientes do SVB começaram a querer sacar seus recursos para aproveitar a alta de juros. Isso por sua vez levou o banco a ter de vender seus próprios ativos e devolver os recursos aos depositantes.

Com isso, os títulos comprados pelo SVB em 2021, quando a taxa de juros estava em 1%, começaram a ser vendidos em um cenário onde os juros estão em 4,5%. Para que alguém aceite comprar um título que rende 1% do seu valor de face em juros, é necessário que o valor negociado seja bastante menor, para se adequar ao novo rendimento.

Convém lembrar que a atual alta de juros foi a mais rápida da história. Em um espaço de um ano, os juros se multiplicaram por 3.

O SVB então passou a realizar perdas bilionários sobre seus totais de ativos, o que levou investidores a desconfiarem que o banco não conseguiria honrar todos os depósitos.

Tudo isso ocorreu em um espaço de apenas 48h. 

Nas 48h seguintes, no último final de semana, autoridades monetárias, em especial o FED, agiram para garantir que os depositantes recebam seus recursos. O SVB então foi tomado pelas autoridades, com o FDIC, uma espécie de fundo garantidor de crédito americano, equivalente ao nosso FGC, foi também acionado.

O FED determinou uma linha de crédito que autoriza os bancos a venderem seus ativos por 100% do valor de face e não mais pelos 60% que o mercado estava disposto a pagar.

Na prática, ainda que o FED negue, houve um resgate, premiando um banco que correu riscos ao se expor demais em ativos cujo valor podem variar, tinha margens de retornos baixas e pouco capital próprio para cobrir eventuais problemas.

Com estes problemas, o banco que chegou a ser o 16º maior dos EUA, com US$209 bilhões em depósitos e US$20 bilhões em valor de mercado, “foi a zero”.

Tal como em 2008, o banco central americano foi chamado a cobrir o rombo. 

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