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Economia

Como o Credit Suisse viu 90% do seu valor de mercado evaporar

Um dos bancos mais tradicionais da Suíça, o Credit Suisse viu seu valor de mercado cair 90% na década.

Bill Hwang era um nome desconhecido no mercado, com uma carreira na Tiger Management até o ano de 2012, quando após problemas com a SEC, a Comissão de Valores Mobiliários do mercado americano, concordou em pagar US$44 milhões em multa e converter-se em um “family office”.

Um fundo de gestão familiar garantiu a Hwang uma maneira de escapar de escrutínios regulatórios, não sendo obrigado, por exemplo, a declarar suas posições em relatórios enviados a SEC.

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Por meio desta situação, o family office de Hwang, a Archegos, foi capaz de montar posições extremamente alavancadas em algumas das maiores empresas americanas.

Com US$1,5 bilhão em capital em 2020, Bill chegou a crescer para US$36 bilhões em 2022, sendo um dos homens mais ricos do mundo, até que os US$136 bilhões em capital controlado por ele por meio de alavancagem, começaram a desmoronar.

Em poucos dias, a fortuna de Hwang evaporou, e com ela os resultados de inúmeros bancos.

O maior prejudicado: o Credit Suisse. O banco suíço fundado em 1852, teve prejuízos de US$5,5 bilhões com a Archegos.

Essa, porém, foi uma dentre inúmeras perdas recentes do Credit, um banco que junto do UBS ajudou a construir a fama Suíça no setor.

Pelo mesmo período, clientes do Credit perderam cerca de CHF 9,2 bilhões, ou US$10 bilhões com outro hedge fund, o Greensill, do Reino Unido. Reguladores suiços apontam que o banco ignorou mais de 100 red flags ao atuar junto a estes 2 fundos. 

Essa sucessão de erros e problemas de gestão de risco pode ser atribuída ainda à maneira como o Credit saiu da crise de 2008. Membros antigos do banco como Oswald Grübel, o ex-CEO do banco, atribuem o início da rota destrutiva do Credit a Brady Dougan, o americano que assumiu como head de investiment banking.

Na prática, Dougan privilegiou a área de investiment banking, relegando outras áreas como Wealth Management e Private Banking, que possuem margens menores, mas apresentam maior estabilidade.

Sob Dougan, o Credit se envolveu com diversos fundos alavancados, além de uma busca desenfreada por crescimento global, relegando também seu papel no sistema financeiro suiço.

Em fevereiro de 2020, o CEO do banco, Tidjane Thiam acabou renunciando ao cargo após um escândalo sobre uso de espionagem contra ex-diretores do banco.

Dali em diante, outros problemas emergiram. Em março de 2021, o escândalo da Archegos e da Greensill. Já em outubro de 2021, o Credit concordou em pagar US$425 milhões por manipulações em títulos do Moçambique.

Em fevereiro de 2022, um vazamento de dados de 18 mil clientes de bancos suiços para a mídia voltou a abalar a confiança no sistema bancário do país.

Em junho de 2022, o Credit se torna o primeiro grande banco suiço a ser condenado em um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo traficantes búlgaros.

Já sob o novo CEO, Ulrich Körner, o Credit anunciou uma demissão em massa de 9 mil funcionários, além de uma injeção de capital de US$4 bilhões.

A injeção de capital acabou sendo liderada pelo Saudi National Bank, que se tornou dono de 9,9% do Credit.

Ao longo do último ano, o Credit viu suas ações caírem 65%. Neste momento, enquanto a injeção de capital parece não ter surtido efeito e em meio ao stress com a quebra de bancos nos Estados Unidos, o Credit se vê com opções reduzidas.

O Saudi National Bank, anunciou que não irá injetar mais recursos, tendo em vista as restrições regulatórias suíças.

Sob desconfiança em torno do novo rumo, o “CS”  chegou a cair 25%, reduzindo o valor do banco para US$7 bilhões, ou 1/10 do seu valor de mercado em 2007.

Outros números nada animadores apontam que o total de ativos do Credit saiu de US$1,3 trilhão para os atuais US$780 bilhões ao longo da última década. Apenas nos últimos 3 meses de 2022, o Credit viu clientes sacarem US$112 bilhões em fundos.

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