Jussara Hassan, Executiva de Negócios na 2GO Bank diz não ser adepta ao modelo de ETFs, e que não gera confiança à indústria de criptomoedas. Os comentários foram feitos em entrevista ao BlockTrends durante a Febraban Tech 2023.
A empresa oferece serviços de Banco como serviço, BaaS, além de ser um Balcão de OTC para fornecer liquidez em criptomoedas para institucionais. Além disso, a 2GO Bank patrocinou o BitSampa 2023. Hassan também comenta sobre a nova economia tokenizada, e o Real Digital e as novas oportunidades advindas com a tecologia.
Confira a entrevista:
BT: O que você acredita que uma empresa posicionada nesse setor pode ter de mais valioso para oferecer? Principalmente agora, com a chegada do real digital, e essa nova economia que Campos Neto tá querendo implementar no país.
Jussara Hassan: Eu acho que é uma coisa que a gente não tem mais dúvida, em relação a parte de regulamentação, é que realmente esse mundo tradicional vem caminhando pro mundo da tokenização.
Então acredito que seja, a empresa possibilitar que tokens sejam negociados, pareados ao real, ou não. Todavia, oferecendo também toda a parte integrada, a parte tecnológica integrada a uma solução de Bank as a Service, e até mesmo Crypto as a Service.
BT: Acredita que vamos presenciar em breve, ou talvez no longo prazo, uma integração mais forte com o sistema de finanças descentralizadas? Se sim, isso partiria por iniciativas privadas ou pelo próprio Banco Central?
Jussara Hassan: Na realidade eu acho que tem que separar duas coisas. Porque uma parte que é a evolução tecnológica que é natural. Acredito que isso vai ser integrado, tanto a parte de tokenização, corretoras descentralizadas e até mesmo algumas blockchains.
Mas também existe a parte regulatória que sim, cada vez mais, depois da regulamentação vai ficar na responsabilidade do Banco Central.
BT: Hoje quem são os parceiros da 2GO Bank?
Jussara Hassan: Hoje nós temos um contrato, bastante importante, de correspondente bancário e cambial com o BMP Money Plus, que inclusive está aqui na Febraban Tech com um estande bem bacana. Além disso, nós temos outros parceiros sendo homologados, que por questões de confidencialidade a gente não pode abrir ainda.
BT: Claro. E vocês são brasileiros, sediados no país mesmo?
Jussara Hassan: Sim, e eu acredito que a questão da gente ser uma empresa cem por cento brasileira é uma coisa bastante diferente nesse mercado cripto.
Geralmente as empresas, ou as soluções são internacionais, e nós somos um banco cem por cento brasileiro que busca a internacionalização a partir do Brasil, indo pros Estados Unidos. Nesse sentido, nós temos o nosso escritório que foi lançado há mais ou menos um mês em Miami.
Portanto, eu acredito que é uma solução muito ousada e muito inovadora. Desse modo, eu acho isso muito bacana, e a gente tem bastante orgulho de representar essa solução aqui no Brasil.
BT: Nessa parte de fintechs, não somente em cripto, vocês estão desenvolvendo algum produto relacionado a envio de remessas internacionais? Como um Pix internacional?
Jussara Hassan: Sim, a gente tem um produto, que lançamos aqui inclusive na Febraban Tech. [O produto] Não somente tem essa visão internacional, mas tem a cripto integrada. O produto se chama PixCripto, nele você faz um pagamento em Pix e recebe na sua carteira as criptos que você “tradou”, que você comprou, né?
BT: Qual sua visão sobre a recente onda de pedidos de ETFs spot em Bitcoin nos Estados Unidos?
Sendo bastante honesta, eu venho de uma cultura mais raiz do mercado cripto. Nesse sentido, você tem a liberdade de olhar pros seus recursos de uma forma um pouco mais individualizada.
[Essa liberdade] que é realmente o grande motivo das blockchains e do mundo das criptomoedas. Eu vejo muito mais um modelo de tokenização do que esse modelo mais engessado de ETF, inclusive que a B3 já oferece com cripto.
Eu, particularmente, não sou muito adepta a esse produto. Porque eu vejo assim, o mercado cripto, assim como em mercados inovadores, é construído muito em cima do relacionamento, da confiança, e da liberdade. Você ter a liberdade de gerenciar os seus próprios recursos é algo bem bacana, e que é o que a gente acredita aqui na 2GO.
