Ano novo, teses novas. Esse é o mercado de criptomoedas,onde as mudanças parecem, e são, quase que diárias. Contudo, para 2024, uma das teses parece bastante ser uma tese reciclada de alguns ciclos atrás: DePin.
A sigla é referente ao termo Decentralized Physic Infrastructure Networks, ou Redes de Infraestrutura Física Descentralizada. Contudo, na visão de analistas consultados pelo BlockTrends, a tese pode estar bastante fresca, e fazem suas avaliações de tokens específicos.
E, na realidade, para eles não é nada reciclado. Mas sim uma oportunidade de investimento em redes que oferecem descentralização de serviços físicos através de criptomoedas e blockchains.
Tokens antigos, teses novas
Contudo, na categoria “DePin” do CoinMarketCap é possível reparar alguns tokens mais antigos, que antes eram chamados de IoT ou Internet das Coisas. Por exemplo, o primeiro deles é o projeto Filecoin (FIL). O projeto visa oferecer um espaço de armazenamento de informações para blockchain, enquanto recompensa os usuários que “vendem” seus espaços de armazenamento.
Filecoin é um sistema de armazenamento descentralizado que visa “armazenar as informações mais importantes da humanidade”. O projeto arrecadou US$ 205 milhões em uma oferta inicial de moedas (ICO) em 2017 e inicialmente planejou uma data de lançamento para meados de 2019. No entanto, a data de lançamento da rede principal Filecoin foi adiada até o bloco 148.888, previsto para meados de outubro de 2020.
Além deles, entre o Top 10 de valor de mercado da categoria DePin está a Helium (HNT). Trata-se de uma rede descentralizada alimentada por blockchain para dispositivos de Internet das Coisas (IoT). Lançada em julho de 2019, a rede principal Helium permite que dispositivos sem fio de baixa potência se comuniquem entre si e enviem dados através de sua rede de nós.
DePin: Nova tese, ou reciclagem de tokens?
Sim, e não. Vinicius Bazan, analista de criptoativos da Empiricus Research, defende que no ciclo passado, o termo “Web3” foi um nome forte, que mostra essa ideia de uma nova internet, mas que ainda tinha muitas ideias com poucos produtos.
Além disso, por serem tecnologias que dependem de um tempo maior de desenvolvimento para que de fato chegasse em um produto para o consumidor final, houve muito mais hype do que, de fato, uma entrega valiosa.
“E acho que tem um problema específico do IoT, que o IoT, isso não é específico de cripto. IoT, no geral, pra mim, é um negócio meio morto, assim, é uma ideia muito boa, mas que, cara, é meio que aquela coisa meio futurista. É um negócio super legal, mas olha o tempo que demora pra você ter os Tesla andando de forma autônoma”, diz.
Nesse sentido, Bazan complementa que sim, a rede Helium nasceu com a ideia do IoT. Portanto, atraiu muito mais hype do que, de fato, uma entrega. “Só que, do ciclo passado pra cá, a Helium, por exemplo, foi migrando muito mais pra visão de redes móveis, como o 5G, e que pra mim faz muito mais sentido”, completa.
Todavia, o analista ressalta que a tese do DePin em si vai mais do que só o IoT, na verdade, são todos os tipos de infraestrutura que utilizam algum tipo de dispositivo físico, mas que possa ser feito de forma descentralizada para principalmente baratear o custo.
“E é aí que entram alguns projetos que eu realmente gosto. E acho que tem um futuro bem interessante no médio prazo, que são os projetos de computação descentralizada. Para mim, dois que estão ganhando muito espaço são o Render, que já é um projeto de algum tempo, e a Akash Network (AKT)”. diz.
DePin pode ter maior foco em GPUs descentralizados
O analista explica que, ambos visam possibilitar que o usuário utilize um processamento ocioso do próprio computador e ofereça o serviço para quem precisa. Ao fazer isso, faz sentido que o usuário receba através de um blockchain, e no token do protocolo. O paralelo da Web2, por exemplo, seria de alugar uma máquina da Amazon, aponta Bazan.
“A ideia é você poder ganhar escala e eficiência, barateando os custos. Aqui, de fato, acho que pode ter uma coisa mais palpável pro mercado. Por exemplo, eu quero criar modelos de IA com cripto. Eu posso usar uma solução centralizada, como a AWS da Amazon, mas eu posso usar também uma solução descentralizada, como a Akash, ou o Render”, diz.
Outro exemplo levantado pelo analista é o de armazenamento de dados. “Havia a Filecoin faz bastante tempo, hoje você tem outras abordagens como o Shadow (SHDW). Que é da Genesis Go, que fica na regista Solana”, diz.
“Então, eu acho que hoje o DePin deu um passo relevante para frente em relação à ideia da Web 3 de 2021. Porque agora existem produtos e serviços que tem de fato mais poder de tração com os usuários. Eu acho que tem um ‘ouro escondido’, porque são serviços que já existem no mundo 2.0, e estão sendo trazidos para o mundo 3.0”, finaliza.
Por que os antigos já ‘saíram na frente’?
André Franco, analista do Mercado Bitcoin, explica o motivo dos projetos mais antigos estarem como primeiros colocados no CoinMarketCap. Para ele, não trata-se de reciclagem.
“Primeiro porque eles já estão há algum tempo e a Helium se você olhar, hoje talvez a principal tese dela não seja de IoT. Apesar de ainda fazer bastante preço, a tese de 5G faz mais sentido. Então sim, acho que o DePin não está sendo só reciclado, tem muito mais coisa acontecendo”, afirma.
Franco também menciona sobre a capacidade de compartilhamento de processamento de computador. Conforme diz, o uso de GPU descentralizado para inteligência artificial, tanto no Render quanto na Akash, também está dentro dessa tese de DePin.
“A própria Filecoin também está na tese de DePin. Toda infraestrutura que exige algo físico para rodar algum ambiente descentralizado está dentro dessa tese. Então eu acho que sim, tem espaço nesse mercado. O que eu mais acredito dentro da tese de DePin seria ligado a esse uso de GPUs, como o caso do Render e da Akash”, avalia.
Ademais, no que tange à ligação com Machine Learning, BitTensor foi citado como um forte candidato à valorização. “Acredito que a tese é muito mais plural do que só IoT e tem sim possibilidade de ter um novo round em 2024”, finaliza.
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