Com uma economia que deve ultrapassar a americana em 2028, a China é o país que mais cria bilionários no mundo: 5 por semana. Além de o país onde eles estão menos seguros.
Há pouco mais de duas décadas Pan Dong possuía um emprego estável como professora de química em uma universidade em Guangzhou. De lá pra cá porém, trocou tudo para empreender. A área? Detergentes, amaciantes e outros produtos de consumo doméstico.
Pode parecer estranho, mas a decisão foi capaz de tornar Pan dona de uma fortuna de $8,6 bilhões de dólares após o IPO da sua empresa, a Blue Moon, no final de 2020.
Em um país cuja classe média segue crescendo, e que se estima, chegará ao posto de maior economia do planeta em 2028, as demandas por bens de consumo seguem também subindo em linha reta.
Marcas locais, como a Blue Moon, costumam atrair maior atenção de consumidores, motivo pelo qual o país asiátiaco criou 2 bilionários por semana em 2017, ou 106 novos chineses com mais de $1 bi na conta.
Em 2018 foram outros 182, além de 257 em 2019.
Os números acima são compilados pela “Hurun Rich List”, uma consultoria privada chinesa que atribui um total de 878 chineses bilionários. Para a Forbes porém eles são 373.
Os números são confusos, as fontes chinesas mais ainda. Um fato apontado pela Hurun entretanto chama a atenção. Em 2017 apenas, cerca de 51 chineses deixaram de ser bilionários.
Trata-se do número mais elevado entre todas as 15 nações com maior número de bilionários.
Se tornar um bilionário na China é mais “fácil” do que em qualquer lugar do planeta. Deixar de ser, também.
Os motivos são diversos, mas convergem na dificuldade em se fazer negócios no país onde economia e política são muitas vezes consideradas uma coisa só.
Para efeito de comparação, no congresso americano os 50 mais ricos possuem juntos $2 bilhões em patrimônio.
Os números entretanto variam também de acordo com o câmbio, controlado pelo governo. Um ano antes, eram 153 os bilionários no parlamento chinês.
Imagine que Mark Zuckerberg fosse um congressista americano, mas não apenas isso, que ele fosse filiado e um membro leal do partido do presidente. Por aqui, pareceria estranho, claro. Na China? Mais um dia normal.
Na prática porém, a despeito de muitos bilionários não serem delegados, todos seguem sendo filiados ao partido.
É impossível tornar-se um bilionário sendo crítico ou seguindo um caminho distinto daquele que o governo defina.
A política chinesa é também parte crucial para definir os ramos onde os bilionários devem se aventurar. Ao definir que o futebol era parte do seu interesse geopolítico por exemplo, o governo, e os bancos estatais deram aval para que bilionários saíssem pelo mundo a caça de clubes e jogadores para comprar.
A ideia de fazer o setor de esportes atingir 1% do PIB no país foi um aviso, devidamente seguido por empresários.
Jack Má, fundador do Alibaba, também se aventurou na área, fazendo uma aquisição de $46 milhões para o Evergrade Taobao, seu time de futebol.
Os cerca de $298 milhões que a China utilizou para adquirir jogadores inclui brasileiros, como Oscar, que trocou o Chelsea pelo Shangai F.C. além de jogadores tupiniquins que se naturalizam chineses com a missão de levar o país a Copa do Mundo.
Na mesma medida em que apoia grupos privados, o governo chinês também tem sido rigoroso em investigar e punir estes grupos por supostos problemas de governança.
Em 2017 por exemplo, o Anbang Group entrou na mira do governo chinês. O resultado foi a estatização de ativos do grupo, como o hotel Waldorf Astoria em Nova York, que até ser comprado por um grupo chinês era o hotel oficial dos presidentes americanos (o serviço secreto aconselhou Obama a desistir da tradição dado o risco de espionagem).
O HNA Group, que aqui no Brasil comprou parte da Azul, além do aeroporto do Galeão, também sofreu sanções. O motivo? Sua estrutura societária é um emaranhado pouco confiável. Não há certeza sobre quem controla o grupo de $100 bilhões em ativos.
Jack Má, até então o homem mais rico da China, é apenas mais um na lista de empresários que batem de frente com o governo.
Má afirmou recentemente que as autoridades regulatórias do país viviam no passado e eram incapazes de se adaptar a inovação.
As críticas, apesar de se referirem ao setor financeiro, foram levadas a sério pelo governo.
Se em março deste ano Jack Má era o “embaixador da China” na tentativa de melhorar a imagem global do país diante do Coronavirus, graças a suas doações de equipamentos e recursos para vacinas, cerca de 7 meses depois, tornou-se um problema.
O governo pesou a mão e ordenou uma redução nas operações do Ant Group, de Má, alegando se tratar de um grupo “pouco sólido”, e que representava problemas para o sistema financeiro local.
Os riscos que bilionários chineses sofrem porém, não são nenhuma novidade.
Em 2011 a Forbes já publicava um matéria com o título “amigos não deixam amigos se tornarem bilionários na China”, onde apresentava dados como: um bilionário chinês morre a cada 41 dias.
Foram 15 assassinados, 17 suicídios e 14 executados.
Há cerca de um mês, Lin Qin morreu envenenado por um colega aos 39 anos.
Lin fundou a Yoozoo, empresa de games responsável pelo jogo de Game of Thrones, e estava supervisionando uma série para a Netflix baseada em um clássico chinês e produzida pelos mesmos criadores de Game of Thrones.
Na dúvida, se você ainda pretende ser um bilionário, não seja chinês
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