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Tudo o que você precisa saber sobre o primeiro país a adotar Bitcoin como moeda

Com 2,5 milhões de habitantes, ou 30% de sua população, morando nos Estados Unidos, El Salvador decidiu implementar o Bitcoin como moeda, permitindo assim uma economia de $400 milhões apenas nas taxas que seus cidadão pagam aos bancos para receber dinheiro do exterior. Cristóbal Cólon, o genovês que descobriu as Américas em 1942, mais conhecido […]

Com 2,5 milhões de habitantes, ou 30% de sua população, morando nos Estados Unidos, El Salvador decidiu implementar o Bitcoin como moeda, permitindo assim uma economia de $400 milhões apenas nas taxas que seus cidadão pagam aos bancos para receber dinheiro do exterior.

Cristóbal Cólon, o genovês que descobriu as Américas em 1942, mais conhecido por aqui como Cristóvão Colombo, foi o escolhido para nomear a moeda do pequeno país da América Central.

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Por quase um século o Colón Salvadorenho foi a moeda de El Salvador, um país do tamanho de Sergipe (21 mil km²), e uma população de 6,8 milhões de habitantes.

Em 2001, entretanto, o país deu uma guinada radical, adotando de vez o dólar americano como sua moeda.

O caso não chega a ser único. Países como Panamá e Equador, também se utilizam da moeda emitida pelo banco central americano.

Os motivos de El Salvador, porém, são peculiares. O país possui nada menos do que 20% de sua população nativa residindo no exterior.

São nada menos do que 2,3 milhões de pessoas morando apenas nos Estados Unidos, um número 5 vezes maior que o de brasileiros na terra do Tio Sam (499 mil).

Este contingente de expatriados é uma das razões centrais pelas quais o país adotou o dólar, e agora o Bitcoin, como moedas legais.

Não residentes enviam por ano $6 bilhões por ano. Um valor equivalente a 23% de toda riqueza produzida no país.

Até 2001, esse envio massivo de dinheiro forçava uma valorização artificial da moeda local.

Famílias salvadorenhas convertiam estes recursos em Colones, a moeda local, para gastar.

O resultado é que, com uma moeda super-apreciada, as exortações locais e a economia sofriam danos.

Por outro lado, o populismo local dava margem para taxas de juros maiores, típicas de países latino-americanos.

Na prática, El Salvador tinha uma enorme poupança externa, e não conseguia aproveitar os benefícios, como juros menores e maior poder de compra.

O pior dos dois mundos, em um cenário raro de “doença holandesa” (quando um setor da economia se torna tão dominante que desestimula os demais, em referência a bolha das tulipas), que culminava no empobrecimento do país.

O Cólon ainda co-existe enquanto moeda, a despeito de a população adotar o dólar amplamente.

O presidente Millennial que adotou o Bitcoin

Ironia das ironias, o Bitcoin, uma criptomoeda desenvolvida em 2008 como resposta a amplas intervenções estatais, está sendo implementada por um político.

Pior, um político tipicamente latino americano.

Nayib Bukele, o presidente Millennial, de 39 anos, é uma figura popular, além de populista, claro.

Sua carreira política se pauta pela sua imagem de aproximação do povo, um estilo jovem, Collorido, de jaqueta de couro e boné de baseball.

Chegou ao poder tendo derrotado o bi-partidarismo que dominava o país, e propondo romper com a velha política.

Em 2019 Bukele protagonizou uma cena tipicamente Latina, quando invadiu o parlamento ao lado de policiais e militares para pressionar o congresso do país.

Nas eleições seguintes, entretanto, seu apelo popular, levou seu partido, o GANA (Grande Aliança Nacional), a conquistar a maioria no parlamento, o que reforça suas condições para impor um controle sobre a suprema corte. Outro objetivo do presidente.

Seu visual despojado, porém, tem conquistado apoio fora do país.

Com esse clima, Bukele enviou ao parlamento uma lei que permite a adoção do Bitcoin como moeda corrente no país, permitindo a compra e venda de bens e serviços usando Bitcoin como meio de pagamento.

O Bitcoin como meio de pagamento

Criado em 2008, o Bitcoin possui meros 13 anos enquanto ativo digital. Sua evolução, entretanto, tem sido constante.

Ao contrário do que sugerem os críticos, o Bitcoin tem recebido constantes inovações.

Em fevereiro de 2015, por exemplo, foi publicado o white paper descritivo sobre a Lightning Network, uma segunda câmada sob a rede do Bitcoin, que amplia a sua capacidade como meio de pagamento.

A discussão pode ser resumida por meio de uma sigla, a TPS ou “Transações Por Segundo”.

Originalmente o Bitcoin permite 7 transações por segundo, enquanto redes como a da gigante de meios de pagamento Visa, permite 40 mil por segundo.

A Lightning Network, cria um mecanismo para elevar as transações na rede bitcoin para cerca de 7 mil TPS, permitindo escalabilidade de até 1 milhão de TPS.

É este modelo que vem sendo implementado, com apoio de figuras como Jack Dorsey, o fundador do Twitter e da Square, fintech de pagamentos.

O governo de El Salvador deve adotar carteiras de cripto baseadas no protocolo da LN, permitindo transações em frações de segundo, por custos irrisórios.

A introdução destas carteiras de cripto deve representar uma economia colossal em taxas e tempo para os salvarenhos.

A estimativa é de que não apenas o tempo das transferências de recursos do exterior caiam de 3-4 dias, como a população consiga economizar $400 milhões por ano em taxas.

Essa grana hoje é parte da mordida que bancos, como a Western Union, promovem sobre transferências entre países.

Em suma, El Salvador pode reduzir seu custo em pagamentos a bancos estrangeiros em cerca de 2% do PIB, economizando quase $70 por habitante.

Desafios

Ao longo dos últimos anos o Bitcoin e seu algoritmo tem sido amplamente comparados ao ouro, um ativo (commoditie), negociado como medida protetiva contra o cenário inflacionário (aumento da impressão de moeda), por parte de bancos centrais.

A tese do Bitcoin diz que ele deve percorrer o caminho inverso do próprio ouro, que começou como um meio de troca até se consolidar como reserva de valor.

Este caminho inverso passa por um aumento da monetização do ativo, que por sua vez diminui sua volatilidade.

É importante lembrar que por volta de 94% dos Bitcoins existentes no mundo estão hoje fora de negociação, sendo guardados.

Na prática, os 6% que estão sendo negociados diariamente, possuem um valor de $50 bilhões na cotação atual, o que significa dizer que uma movimentação de $100 milhões poderia provocar variações significativas de preços, a despeito de ser o equivalente a 0,01% do valor total do ativo.

Em resumo, o Bitcoin ainda enfrenta um momento de elevada volatilidade de curto prazo.

Essa volatilidade não é exatamente positiva para uma moeda, mas não é também uma novidade, como mostra a história.

Em 1776, durante a guerra de Independência americana, a colônia de Massachussets precisava encontrar um meio de pagar seus soldados para lutar na independência.

Para realizar essa façanha em meio a um dólar ainda incerto e praticamente inexistente, Massachussets criou uma cesta de commodities, incluindo couro, carne, e outros produtos comuns, para ancorar o valor pago.

Neste cenário, independente da cotação do dólar ao final da guerra, os soldados receberam como garantia que iriam levar pra casa um soldo com um poder de compra determinado.

Ancoragens são meios extremamente comuns de se realizar transações de longo prazo.

Este cenário não deve ser diferente do uso do Bitcoin enquanto meio de pagamento.

O Bitcoin precisará encarar ainda uma outra fase da moeda, a de “Unidade de conta”.

Neste momento, os salvadorenhos terão de adaptar seus preços e custos em unidades de satoshis

Atualmente, 1 satoshi equivale a 0.00047 dólares. Posta dessa maneira a volatilidade e incerteza deve cair radicalmente.

O diferencial aí, entretanto, está na valorização do Bitcoin em relação ao dólar.

Sendo um ativo desinflacionário, é provável que os salvadorenhos que mantiverem poupança, logo percebam como os preços expressos em dólar comecem a cair.

Cabe lembrar ainda que ⅓ do país não possui acesso a internet e ¼ vive abaixo da linha da pobreza. Detalhes relevantes no caso.

O ativo “anti-Estado” implementado pelo Estado

Há uma certa inquietação no meio cripto. Um ativo que advoga pela separação do Estado e da economia está sendo implementado por um governo.

A desconfiança é natural, e como já mencionado acima, parte de um presidente com métodos questionáveis. A grande aposta para El Salvador entretanto, está em atrair parte de uma indústria nascente.

O desenvolvimento de aplicações da rede blockchain, incluindo aí seu uso em Finanças Descentralizadas (DeFi), pode colocar El Salvador na rota de investimentos bilionários.

A “Chivo”, carteira criada pelo governo, deve começar a operar hoje, distribuindo $30 em Bitcoin para cada habitante.

A medida já movimenta a comunidade cripto, que ao redor do planeta já abraça um movimento para comprar o equivalente a $30 em Bitcoin.

Em 2021, a indústria de Venture Capital aportou nada menos do que $14 bilhões em iniciativas envolvendo Blockchain, número que se espere chegue a $39 bilhões em 2024.

Com a adoção da lei, El Salvador se coloca ao lado de regiões como Miami e Nevada como possíveis “paraísos criptos”, com regulação favorável.

O desafio aí, porém, está em garantir segurança jurídica, algo não muito em voga pela América Latina.

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