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Economia

“Super ciclo de commodities”, o que isso significa e o que muda na sua vida

A recuperação econômica global com o avanço da vacinação tem puxado a expectativa por uma alta nas commodities, que respondem por 54% da pauta exportadora brasileira. Era o início do século, e o Brasil, que nos anos anteriores havia passado por ajustes brutais, renegociação da dívida externa e um período de austeridade fiscal para combater […]

A recuperação econômica global com o avanço da vacinação tem puxado a expectativa por uma alta nas commodities, que respondem por 54% da pauta exportadora brasileira.

Era o início do século, e o Brasil, que nos anos anteriores havia passado por ajustes brutais, renegociação da dívida externa e um período de austeridade fiscal para combater seu passado inflacionário.

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A situação, que parecia desesperançada, começou a mudar com uma renovação no processo de globalização, puxada por uma elevada demanda de commodities agrícolas.

Por aqui, surfamos essa onda com um crescimento econômico robusto. O governo fazia obras por todos os cantos, e o mercado de capitais via uma onda sem precedentes de IPOs e crescimento.

Este período, que ao contrário do que você talvez esteja pensando ocorreu no início do século XX, ou mais especificamente entre 1907 e 1913, foi um marco na história do país.

Neste mesmo período as bolsas do Rio de Janeiro e São Paulo presenciaram 250 aberturas de capital, como a Alpargatas, por exemplo, que abriu seu capital em 1913.

Inúmeros projetos de infraestrutura avançaram com o capital abundante que a alta do café e da borracha propiciaram.

O momento, que foi interrompido com a primeira guerra mundial, foi uma euforia de globalização, que terminou frustrada.

Mais de um século depois, seria a vez e da entrada da China na Organização Mundial do Comércio iniciar um novo ciclo.

Para alimentar seus 1.5 bilhão de habitantes e dar fôlego à sua expansão industrial, os chineses pressionaram o mercado primário. Os preços de commodities agrícolas e minerais subiram em linha reta, saltando mais de 700% até o início da crise de 2008.

A euforia generalizada seria então interrompida quando alguém resolveu puxar a carta debaixo do castelo montado por grandes bancos de Wall Street.

Em comum, ambos os cenários mostram a dependência exacerbada do Brasil em relação aos seus termos de troca, ou para resumir: o valor médio que conseguimos por aquilo que produzimos.

Este não é um caso isolado do Brasil. Indo um pouco mais ao sul, é possível ver que a Argentina já atingiu o posto de maior PIB per capita do mundo em 1896 graças a uma alta de commodities, como o trigo.

Inúmeros outros países se beneficiaram neste processo ao longo do século, e ficaram prejudicados ao se prenderem a eles.

Com o aumento da produtividade, o fator terra deixou de ser o custo primordial na produção agrícola, tornando-se esse o capital empregado na terra.

Um estudo publicado por Harvard sobre o cenário argentino, mostra que no ápice da economia portenha no início do século 20, as empresas listadas na bolsa argentina tinham em média 4 vezes menos capital por trabalhador que as listadas em Chicago.

Em resumo, os argentinos tinham terras muito boas e fartas, mas parava por aí.

No caso brasileiro, é irônico notar que a despeito da produtividade geral do país estar estagnada, a do setor agrícola segue em um ritmo crescente há meio século, em especial após a revolução verde, que permitiu ao país explorar o solo do centro-oeste e se tornar o celeiro agrícola conhecido hoje.

Tamanha produtividade, ao menos da porteira pra dentro, nos dá uma vantagem que poucas nações possuem em um super ciclo de commodities.

Em números, a produtividade de um hectare de milho em 1972 representava 1424kg, contra 5880 kg em 2019.

Já na soja, a produção saltou de 1748 kg por hectare em 1976 contra 3880 kg hoje.

A produtividade é uma questão tão relevante que existe até mesmo um concurso, promovido pelo Comitê Estratégico Soja Brasil, o Cesb, para premiar os mais produtivos. O recorde brasileiro é de 149 sacas, ou 8940 kg por hectare.

Investimento em tecnologia, melhor uso do solo, menos uso de inseticidas ajudaram a produtividade da soja no país crescer 5,5% ao ano na última década, cerca de 10 vezes mais do que a média do país como um todo.

O resultado é que, quando o cenário externo ajuda, o país se beneficia enormemente.

Em 2021, por exemplo, a expectativa é de que a balança comercial registre um valor de $89 bilhões, o maior de toda série histórica iniciado em 1989.

No primeiro trimestre deste ano o recorde já foi confirmado. Nunca antes na história deste país exportamos tanto.

A alta não está restrita ao campo porém. Há ganhos substanciais do minério de ferro, que atingiu $203 por tonelada. Em 2020 o minério de ferro atingiu uma alta de 72%, além de outros 76% nos 4 primeiros meses deste ano. No caso da soja foram 18% de aumento.

A retomada econômica global, com a aceleração da vacinação, tem levado a um aumento considerável de demanda, enquanto a produção ainda não se reestabeleceu por completo.

Na lógica da oferta e demanda, o novo super ciclo já encontrou as bases. O problema, claro, está na sustentabilidade deste aumento. Ao contrário do último, o crescimento mundial está menor do que no início do século.

A pressão por combate às mudanças climáticas entretanto, além dos estímulos fiscais emitidos durante o ano de 2020, representam sinais positivos para a área de commodities.

Ironicamente, a regulação mais pesada sobre o petróleo tem contribuído para uma elevação no preço da commoditie, o que beneficia produtores como o Brasil.

Na soma geral, o Brasil parece estar ganhando fôlego, com um aumento no PIB previsto para este no, que tem subido semana a semana conforme o boletim Focus.

Pela primeira vez em 14 anos, teremos contas externas fechando no azul. Isto, mesmo com um aumento mais tímido do que aqueles registrados no início deste século.

Na outra ponta, o aumento do custo de commodities tem pressionado índices de inflação, como o IGPM, fortemente ligado ao dólar, graças aos preços agrícolas.

Com uma melhora de contas externas porém, é possível que o dólar volte ao patamar de R$5, ou um pouco abaixo, na previsão de analistas.

Em termos de emprego, o ano de 2020 já mostra a força destes aumentos, com Minas Gerais registrando ganhos expressivos no saldo de emprego em cidades que carregam o nome do estado em sua principal atividade econômica.

A agropecuária, que responde por 27% do PIB, também ajuda.

No primeiro trimestre deste ano o setor agrícola teve seu melhor resultado desde 2007 para o período, ajudando a geração de 841 mil vagas de trabalho em todo o país no trimestre.

Os dados de estados com tradição agrícola, como o Paraná, apontam o melhor resultado da história, enquanto o centro-oeste também segue a mesma linha.

Em suma, o ciclo tem duração incerta, mas seus efeitos positivos já podem ser sentidos em toda a economia.

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