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Economia

O Governo americano quer acabar com o “monopólio” do Facebook. Spoiler: não vai rolar

Cornelius Vanderbilt foi o primeiro dos grandes magnatas americanos. Construiu sua fortuna, estimada em $185 bilhões ao monopolizar o setor de ferrovias. Por décadas Vanderbilt construiu e manteve seu império, extraindo lucro graças ao seu poder de mercado. Foi em 1878 porém, que Tom Scott, também empreendedor de ferrovias, se aliou a John D. Rockfeller, […]

Cornelius Vanderbilt foi o primeiro dos grandes magnatas americanos. Construiu sua fortuna, estimada em $185 bilhões ao monopolizar o setor de ferrovias.

Por décadas Vanderbilt construiu e manteve seu império, extraindo lucro graças ao seu poder de mercado. Foi em 1878 porém, que Tom Scott, também empreendedor de ferrovias, se aliou a John D. Rockfeller, oferecendo preços 40% menores, e assim ganhando participação relevante no mercado.

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Rockfeller por sua vez utilizou o acordo para distribuir querosene, sua inovação tecnológica que o tornaria rico, graças ao fato de tornar a iluminação acessível para pessoas comuns (poder ter uma vida a noite sem a iluminação do sol, ou o caríssimo óleo de baleia, rendeu fortuna a John D.)

Insatisfeito com a perda de mercado, Vanderbilt foi em busca de criar um cartel. Tendo conseguido, tanto ele quanto Scott, agora membro do clube, iniciaram um processo para achacar Rockfeller.

Pressionado pelos preços elevados, Rockfeller mais uma vez inovou. Percebendo que dentro da refinaria o óleo era transportado por canos, decidiu estender estes canos para fora, ligando os campos de petróleo e as refinarias.

Em 1878 John D. criou o primeiro oleoduto, com 6 mil Km de extensão (mais ou menos o mesmo que todos os oleodutos brasileiros somados hoje).

John D porém viu sua inovação ser derrotada por outra. A iluminação elétrica, criada por Thomas Edison e financiada por John Pierpont Morgan, o próprio JP Morgan, tornou inútil o querosene como iluminação.

John D., então, mais uma vez inovou. Para combater a ameaça ao seu monopólio, mirou seus canhões para outro setor nascente: combustíveis

Seu poder de mercado tornou barato e eficiente o uso de gasolina como combustível para os veículos que estavam nascendo.

O maior beneficiário disso tudo? Henry Ford, um ex-funcionário de Thomas Edison.

Ford desenvolveu um veículo mais eficiente, mas tinha um grande problema. A ideia do automóvel era uma Propriedade Intelectual pertencente a um advogado, que jamais produziu um único carro.

Em suma, o governo americano tinha dado a uma única pessoa o monopólio sobre uma ideia.

Por conta disso, durante 4 décadas, qualquer empresário americano teria de pagar a George Selden royalties ao produzir automóveis, ainda que Selden jamais tenha feito um.

Ford então lutou nos tribunais demonstrando que o monopólio era absurdo, e graças a sua inovação, tornou-se o primeiro a produzir um carro tão barato que qualquer cidadão poderia ter acesso.

A história da revolução industrial americana é uma eterna corrida por monopólios, interrompidos sempre por inovações. 

Foi deste período, entre 1870 e 1914, que o mundo viu a criação de tecnologias revolucionárias. As ferrovias de Vanderbilt tornaram possíveis não apenas o transporte de petróleo, mas a criação da Sears, a loja de catálogos que vendia em todo o país (uma avó da Amazon).

Também veio desta busca pelo monopólio de ferrovias a criação do vagão refrigerado, por Gustavus Swift, que permitia o transporte de carne produzida no meio oeste para os grandes centros.

Cornelius jamais teve intenção de produzir carne, mas sua expansão agressiva subsidiou a criação de uma invenção que sozinha fez com que a carne se tornasse tão acessível que em uma década, a de 1870, o consumo triplicou.

A carne deixou de ser artigo de luxo.

Também na corrida por inovações, um jovem empreendedor, Henry Heinz, utilizou a eletricidade de Edison para criar a primeira indústria movida a eletricidade.

Heinz, o cara do Ketchup, criou a linha de montagem que seu xará, Henry Ford, utilizaria para promover uma disrupção no setor automotivo.

Pautados em inovações próprias que utilizavam conceitos alheios, os empreendedores da época criaram ícones do capitalismo global, inaugurando a era do “consumo de massa”.

Em resumo, as batalhas por monopólios geravam inovações não intencionais, e terminavam por construir bases sólidas para uma expansão acelerada.

Veja bem, não é como se monopólio fosse algo positivo, longe disso. O poder que homens como John D. possuíam era descomunal e, em certa medida, ameaçava o equilíbrio da economia em dezenas de países. 

Na América Latina, a United Fruits, hoje Chiquita Banana, também conhecida na obra de Gabriel García Marquez como “Companhia Bananeira”, promovia monopólios na produção de frutas tão avassaladores que possuía poder político, oriundo da concentração econômica. Seu poder foi tanto que cunhou o termo “república das bananas”.

O poder econômico da United, que subjulgou países latino-americanos, foi responsável direto por massacres de trabalhadores e desordem política.

A grande questão entretanto, é que não há na história o caso de um monopólio bem sucedido por meio de regulações.

Monopólios são por natureza instáveis. São economicamente inviáveis a longo prazo, pois criam tamanha burocracia que deixam passar inovações relevantes.

Nos dias de hoje, mais de 100 anos depois da criação das primeiras leis anti monopólio, o governo americano volta a debater o tema. Os culpados da vez? As gigantes de tecnologia.

Seu poder tem crescido de maneira tão absurda, que de fato, ameaça as liberdades civis.

É um fato que as mentes iluminadas do Vale do Silício estão ganhando poder de censurar e atacar direitos fundamentais. Não há qualquer justificativa para tamanho poder.

Mark Zuckerberg, o fundador do Facebook, é a face mais visível desta questão.

Sua empresa é dona de um espaço de debate e comunicação públicos, e portanto detentora de informações vitais para o funcionamento de uma sociedade.

Mark e o Facebook não possuem estrutura, e muito menos é desejável que tenham, para organizar a situação.

O que a história nos mostra entretanto, é que a solução de “quebrar os monopólios”, via ações judiciais não terá resultados.

Não há muito o que o Estado possa fazer. Determinar a venda do Instagram significaria entregar este veículo para outra gigante, afinal, não há como uma empresa média pagar os $250 bilhões que o Instagram vale.

O resultado pode não apenas não ser aquele desejado, como ainda culminar no mesmo desfecho do fim da Standard Oil: enriquecendo os donos da empresa.

A razão é bastante simples. Holdings, como o Facebook ou a empresa de Rockfeller, são negociados com descontos em relação a soma das partes, graças a ineficiência que tamanho tende a gerar.

Ao separar as empresas, Zuckerberg inevitavelmente ficará mais rico, ainda que com menos poder nas aparências.

Quebrar o monopólio do Facebook também não altera o ponto central que o mantém tão grande: seu custo de capital é quase nulo, e suas ações são infladas pelo excesso de dinheiro que o governo, via Bancos Centrais, joga na economia.

Com taxas de juro zero, a tendência de monopólios não apenas aumenta, como se torna mais fácil de manter.

Seguindo a história, o mais provável é que o monopólio do Facebook seja quebrado por outras inovações. Outros apps, que entreguem experiências personalizadas e funcionalidades distintas.

Com custo zero para comprar e investir porém, Zuckerberg seguirá engolindo potenciais concorrentes.

Diminuir o tamanho das corporações paradoxalmente passa por diminuir o tamanho do Estado. Não é lá algo simples de visualizar, mas não há alternativa que não impedir que os preços da economia, como os juros, sigam tão distorcidos.

Corrigir essa questão porém não está na mesa. Medidas paliativas, como separar as empresas, continuarão a ser tomadas, mas com o espaço para inovação minado por custos irracionais de capital, elas dificilmente terão poder de competir com as grandes.

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