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Blockchain

Bitcoin: Um Exemplo de Empreendedorismo Descentralizado

Graças ao Bitcoin, há uma geração inteiramente nova de empreendedores.

Por mais de 20 anos, muitas das mentes geniais da Ciência da Computação se dedicaram a um problema aparentemente simples: como criar uma versão digital do dinheiro? Embora muito disto tenha se concretizado apenas em tempos mais recentes, a desmaterialização de quase tudo já havia sido prevista muitos anos antes de virar realidade. A desmaterialização da música através do Spotify ou do vídeo com a emergência do Netflix não nos parecem obras de ficção científica, mas apenas uma consequência natural de inevitáveis fluxos de inovação. Assim, por que não vimos com estranhamento a ausência do dinheiro na rota da digitalização? Afinal, em suas variadas versões físicas (do ouro ao papel-moeda), trata-se de um elemento básico de quase todas as sociedades ao longo das últimas décadas, séculos, milênios.

Em boa medida, esse nosso relativo esquecimento em relação ao que o dinheiro pode fazer e representar como ferramenta ocorreu por conta do avanço tecnológico em serviços e produtos financeiros que já conhecíamos. A própria emergência do online banking e de novos meios de pagamentos digitais no Brasil e no mundo certamente nos pareceu suficiente. Pouco coisa além de alguns ajustes e ganhos de eficiência em aplicativos bancários pareciam necessários, alguns dos quais possíveis e outros nem tanto. Afinal, estamos falando de um mercado que domina como nenhum outro a otimização de recursos. Entretanto, conforme se pôde testemunhar em outros períodos da história, momentos de ebulição social podem funcionar como ignição para revoluções tecnológicas.

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Comumente, chamamos esse fenômeno de “disrupção”, pois o que se tem é verdadeiramente um rompimento. Diferente da mera evolução, na qual passado e futuro são cuidadosamente interligados por avanços no presente, a disrupção às vezes surge lenta e silenciosa, mas também de forma inesperada e intensa. Contudo, seus efeitos se alastram por um espectro tão amplo de setores que ao entender o que uma tecnologia disruptiva pode fazer em um campo específico, imediatamente, quase que por efeito de uma epifania, vislumbramos suas implicações em campos até então inimagináveis.

Nesse sentido, um dos melhores exemplos contemporâneos se encontra no Bitcoin. Lançado como software de código aberto em 2009 por Satoshi Nakamoto, pseudônimo do criador do sistema, o protocolo compreende um conjunto de aplicações que permite a manutenção de um meio de pagamentos inteiramente descentralizado, no qual a confiança é distribuída. Em termos práticos, isso significa que, a partir dele, temos uma espécie de dinheiro que não depende de qualquer instituição para existir ou ser transacionado entre as pessoas. Usualmente, quando falamos de dinheiro, pensamos imediatamente em moedas nacionais controladas por seus respectivos bancos centrais. Quando ouvimos sobre comércio, a associação mais imediata é com a utilização de cédulas ou cartões de débito/crédito. 

Por trás das engrenagens dos sistemas monetário e financeiro tradicionais, é como se existisse, sintetizando de maneira didática, uma imensa planilha responsável por ser sempre uma garantidora de última instância do que quer que se queira fazer envolvendo meios de pagamento. Se você tem 100 reais na sua conta bancária e tenta transferir 200 a uma pessoa há uma instituição financeira como responsável por impedir que você proceda com essa tentativa fraudulenta, trazendo segurança às partes envolvidas. De forma semelhante, são variáveis sob controle do banco central que garantem que o custo para se falsificar o dinheiro nacional em larga escala seja proibitivo. O dinheiro tem uma medida oficial e a quantidade em circulação dele está sempre sendo atualizada, a partir de variáveis políticas ou econômicas, por autoridades oficiais. Logo, trata-se em ambos os casos, pura e simplesmente de confiança. Uma vez que se confie em quem cria, atualiza e mantém essa grande planilha, todo o resto nos campos financeiro e monetário é mera consequência, podendo fluir sem maiores preocupações.

O grande problema se torna, então, o que fazer diante das crises institucionais de confiança como a que seguiu/segue o abalo econômico mundial de 2008. O Bitcoin propôs uma solução única por meio de uma tecnologia que permite descentralizar a confiança. No lugar de grandes intermediários existe uma rede distribuída à qual qualquer usuário pode se integrar com o objetivo de auxiliar na validação das transações de bitcoins, bem como na auditoria das transações previamente validadas pelos demais. Ou seja, fazendo uso da analogia anterior, é como se ao invés de uma grande planilha controlada por meia dúzia de bancos ou de um banco central qualquer pessoa rodando um software que a conecte à rede Bitcoin pudesse ter sua própria cópia da planilha. E não apenas ter sua própria cópia, mas também atualizar as informações que ela contém e transmiti-la aos demais de modo descentralizado, à medida em que novas transações de bitcoins são realizadas ao longo do tempo.

Além dessa característica, as próprias unidades de conta do sistema (os bitcoins em si) constituem uma espécie de ouro digital, uma vez que são escassas e com uma taxa de geração e circulação controladas por um intrincado código (ao invés de política monetária), baseado numa inédita recombinação de ferramentas da criptografia utilizadas por anos em outras aplicações. Assim, essas transações, diferente daquelas dos cartões de crédito, são irreversíveis e podem ser entendidas, antes de mais nada, como a versão digital dos pagamentos com dinheiro em espécie, uma vez que esses bitcoins adquiriram livremente valor monetário, sendo a cotação deles determinada a todo o tempo por variáveis de mercado (oferta e demanda). 

Basicamente, desde então, o santo graal pelo qual os maiores criptógrafos da humanidade buscavam se tornou realidade: o Bitcoin é o dinheiro desmaterializado. Não bastasse isso, na busca por digitalizar o dinheiro, talvez sem sequer perceber, a criação do Bitcoin trouxe resposta a um problema ainda maior: como estabelecer consenso em redes distribuídas. Ou, de forma menos técnica: como criar uma tecnologia capaz de fazer com que, unicamente a partir de computação, dois estranhos consigam entrar em acordo a respeito de algo, sem que um grande intermediário seja necessário para dizer quem está certo no final das contas. A tecnologia criada para o Bitcoin se tornou sinônimo desse banco de dados compartilhado e mantido pelos usuários capaz de fazer com o que o sistema coloque todos “na mesma página”, sustentando o consenso, o comum acordo entre as partes, independente de quantas e quais sejam elas. Além disso, pela forma como é operacionalizada, ficou conhecida pelo alcunha blockchain, “cadeia de blocos” em português. 

Como é típico de uma epifania que apenas tecnologias disruptivas são capazes de gerar, falar em blockchain hoje significa, uma vez mais, pensar sobre suas implicações em campos até então inimagináveis. Se uma “planilha com números” gerida de forma distribuída nos deu um dinheiro que não depende de intermediários, implementar essa mesma sistemática, a partir da rede do próprio Bitcoin ou de projetos derivados de seu código ou ideia, para nomes, registros digitais, etc, abre espaço para a radical descentralização de inúmeros mercados.

A título de exemplo, casos de uso em construção que se destacam vão de produtos financeiros a mercados futuros, passando por sistemas inteiros de reputação, votação, autenticação e automação que no futuro razoavelmente próximo serão muito mais seguros e menos burocráticos do que qualquer coisa que os antecedeu. Em comum, todos devem compartilhar de uma drástica redução na importância e nos papéis até então desempenhados pela figura dos “grandes campeões” da indústria. Isso servirá de combustível a uma geração inteiramente nova de empreendedores que desafiará o status quo em diversos segmentos, em especial da seara financeira.

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