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Economia

Uruguai aposta nos erros de Brasil e Argentina para se tornar um porto seguro

A fuga de argentinos se intensificou nas últimas semanas, juntamente do descalabro fiscal e da forte crise cambial que o país vem passando. Exatos 203 km separam a Casa Rosada, sede do governo argentino, e a Torre executiva, um discreto edifício espelhado de 12 andares que sedia a presidência do Uruguai. Em 2020 porém, a […]

A fuga de argentinos se intensificou nas últimas semanas, juntamente do descalabro fiscal e da forte crise cambial que o país vem passando.

Exatos 203 km separam a Casa Rosada, sede do governo argentino, e a Torre executiva, um discreto edifício espelhado de 12 andares que sedia a presidência do Uruguai. Em 2020 porém, a distância entre os dois países está aumentando como nunca antes.

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Após 15 anos de governos de esquerda, o Uruguai elegeu um presidente a direita, em uma transição pacífica, sem grandes sobressaltos, como tem sido comum no país repetidamente apelidado de Suiça da América do Sul.

Se no início a comparação se dava pela analogia com os bancos suíços, famosos por não questionar a origem dos recursos depositados por lá, hoje é a estabilidade política que cria a conexão para o apelido.

Durante os 15 anos de regime de esquerda, o país negociou e cumpriu acordos com o FMI, seguindo um rumo de ortodoxia na economia oposto ao da Argentina.

Durante o boom de commodities, o país que tem 3,5 milhões de habitantes e produz alimentos para 60 milhões de pessoas, deu um novo passo para se tornar mais independente em relação aos vizinhos. 

A China tomou o posto de maior parceiro comercial uruguaio, passando Brasil e Argentina, e ajudando o país a sair praticamente ileso da crise pela qual ambos passaram.

Durante a crise do Coronavirus, quando Brasil e Argentina voltaram novamente a sentir o baque, o país não apelou para instrumentos controversos, como a taxação de grandes fortunas que Alberto Fernández espera emplacar ao sul, ou ao ainda incerto meio de financiamento do Renda Brasil no vizinho ao norte.

De fato, o Uruguai foi o país menos afetado do continente pela pandemia, algo que lhe permitiu seguir adiante com o plano de atração de imigrantes, algo crucial em um país que há 30 anos não apresenta crescimento populacional.

A receptividade porém não se dá apenas em relação aos imigrantes, mas ao capital estrangeiro. Foi em 2008 por exemplo, enquanto a chilena CPMC iniciava o processo para construir sua fábrica de celulose no Rio Grande do Sul, que a Stora Enso, finlandesa do mesmo setor, anunciou a desistência de uma nova fábrica.

Protestos de ambientalistas contra os investimentos no setor (da ordem de $2 bilhões), e uma legislação restritiva, fizeram os finlandeses optar por irem mais ao sul.

Em 2011, cerca de 2 meses antes de ser recebido em Porto Alegre como um pop star pela mesma esquerda que bradava contra o setor de celulose, a Stora Enso iniciava a construção de sua fábrica no Uruguai, com a presença do mesmo Mujica.

Agora com inclinação maior a direita, Lacalle Pou dá início a um ambicioso plano para atrair moradores. Será possível neste “novo Uruguai”, abrir contas em reais e tirar um visto de residência com muito mais facilidade. 

Para os vizinhos do sul, a generosidade é similar. Benefícios fiscais para investidores e empresários argentinos que se vêem na berlinda com novos impostos sobre patrimônio e restrições ao câmbio.

Na direção oposta, a Argentina restringe depósitos em dólar e torna mais difícil a busca dos seus cidadãos por alternativas ao fraco Peso argentino, que por Montevideo, já virou motivo de piada ao ser recusado nas casas de câmbio.

Na mesma época, os pedidos de visto de argentinos para o Uruguai mais do que triplicaram, e o país recebeu $528 milhões em depósitos de estrangeiros (ainda que o rigoroso combate a lavagem de dinheiro tenham reduzido os benefícios de se manter recursos por lá).

Segundo o presidente, o país gostaria de receber entre 100 e 200 mil imigrantes, uma meta ousada, mas que conta com a generosidade dos governos vizinhos ao se colocarem em crises internas. 

Ainda sob a batuta do governo anterior (perceba como as políticas a despeito do viés político se mantém), o Banco Central Uruguaio saiu n frente de gigantes como China e Estados Unidos, e lançou em 2017 o E-Peso, versão digital da moeda local.

Diferentemente de outras moedas digitais, o E-Peso não utiliza a rede blockchain, o que cria seus problemas típicos (menor transparência essencialmente), mas garante que os tokens possam ser utilizados ainda que não exista conexão com a internet. 

Na prática, como as demais moedas digitais que os governos pretendem lançar, o E-Peso se utiliza do conceito, mas mantém a centralização, garantindo um acesso bancário a qualquer cidadão via celular.

Em casos como o atual, da pandemia de coronavirus, isto facilitaria transferências de renda.

Em suma, o país vizinho tem se esforçado para trilhar um caminho independente, como mostram suas exportações para os dois grandes vizinhos de 37% para 19% nos últimos 20 anos, e com isso garantir estabilidade política e econômica para atrair novos habitantes.

A resposta do ex-presidente Tabaré Vasquez, de esquerda, ao plano de seu sucessor Lacalle Pou para atrair imigrantes dá a tônica do quão pacifico é o Uruguai: seria ótimo se funcionasse. Um Uruguai com 6 milhões de habitantes seria mais pujante economicamente.

Não que isso seja difícil, afinal, com 3,5 milhões de habitantes o país mantém um PIB maior do que o Estado da Bahia e seus 14 milhões (e similar ao PIB gaúcho, o vizinho de fronteira com 11 milhões de habitantes).

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