Entenda os fundamentos por trás do primeiro criptoativo da história. De onde vem o seu valor e até onde o Bitcoin pode ir.
Escrever sobre Bitcoin é aceitar que as coisas mudam rápido no mercado e, até o fechamento desta matéria, valorizações e preços podem ter sofrido alterações. Por isso, antes de começar a detalhar tudo o que você precisa saber sobre o Bitcoin em 2020, é necessário entender onde estamos pisando.
Durante esta semana, o Bitcoin ultrapassou sua alta histórica, de dezembro de 2017, ao ser cotado em R$73.000. As diferenças entre a escalada no preço deste ano e a de ‘17 são similares, porém, distintas. Eu explico.
Similares porque toda alta no Bitcoin derivará quase sempre de um único fator: seu algoritmo monetário. Diferentes pois a alta de 2020 depende também de outros fatores, é mais robusta e ainda não começou de verdade. Parece complicado? Vamos então entender de verdade o que é o Bitcoin e o que você deveria saber antes de tomar qualquer decisão sobre o ativo.
O Bitcoin não tem dono
Sim. O(s) fundador(es) do Bitcoin é uma pessoa, ou um grupo de pessoas, sob o pseudônimo de Satoshi Nakamoto. Ninguém sabe a real identidade de quem escreveu o paper e minerou o primeiro bloco da blockchain do Bitcoin, em 1º de Janeiro de 2009. Até onde sabemos, Satoshi Nakamoto pode inclusive já estar morto e desconhecer do sucesso de sua própria invenção.
Por que isso é importante? Vox Populi, Vox Dei! Se o Bitcoin não tem dono, ele é mantido, desde 2009, por uma comunidade ativa de desenvolvedores, mineradores, entusiastas, investidores institucionais e, claro, especuladores.
A ideia de desconhecer o criador da invenção é fascinante porque permite a livre flutuação dos preços em um ativo pré-programado durante o biênio de 2007 e 2008. Claro que tentativas de descobrir quem é Satoshi Nakamoto inflamam a internet e rendem divertidas matérias onde a conclusão é sempre a mesma: é impossível determinar ao certo quem ele é.
Isso é importante porque, diferente de qualquer outro criptoativo, não há motivos para desconfiar de fundadores, taxas extras ou qualquer manipulação de mercado. O Bitcoin simplesmente se tornou uma força da natureza inventada por um desconhecido.
A questão pivotal por trás do sucesso do Bitcoin, e o seu principal fundamento, é que ele foi o primeiro criptoativo a ser construído em uma blockchain, verdadeiramente descentralizada, escassa e cada vez mais robusta. Dito isso, está na hora de você entender como funciona a tecnologia por trás do BTC.
Como funciona uma blockchain
Primeiro é importante definir o que é uma blockchain porque, assim como Inteligência Artificial, Virtual Reality e Machine Learning, diversos Milagres do Marketing prometem que o futuro da humanidade dependerá única e exclusivamente do avanço de tais tecnologias.
Evitando name-droppings e sendo curto e grosso: blockchain é um protocolo que transmite uma informação do “indivíduo A” para o “indivíduo B”. Essa informação pode ser uma quantidade monetária, um contrato auto-executável, um texto, ou até mesmo um jogo sobre gatos. Sim, é literalmente só isso.
Exemplos de protocolos não faltam. Inclusive, se você está lendo este texto neste exato momento, você está utilizando o mais conhecido deles, o TCP/IP, responsável por transmitir informação entre uma rede de computadores (que ficou popularmente conhecido como internet). De forma similar, quando você envia ou recebe um e-mail, você está utilizando um protocolo, seja ele seja ele POP3, SMTP ou IMAP.
Imagine da seguinte forma: dois peixes estão nadando na água e conversando entre si até que passam por um peixe mais velho que comenta “a água está fria hoje, hein?”, ao passo que os dois peixes mais novos param e se perguntam, pela primeira vez em suas vidas, “água? o que é água?”
Pois é. Toda vez que você utiliza a internet, posta fotos em redes sociais, é cancelado no Twitter, faz transferências bancárias ou só faz uma pergunta esdrúxula no Yahoo Respostas, você está utilizando um protocolo. E sim, o protocolo é a água.
Evitando ser o peixe mais velho que te explica porque nadamos na água, vou direto ao ponto. Uma blockchain tem valor porque ela é construída de uma forma que o incentivo para hackeá-la é menor do que o incentivo para mantê-la funcionando. Etéreo demais? Vamos de novo.
A blockchain do Bitcoin funciona através de um mecanismo de incentivos que chamamos de Proof of Work (PoW). E ele é bem simples: João transferiu 1 BTC para Maria. Esta transação é gravada em um livro-razão digital (ou simplesmente em um bloco de uma blockchain). A partir deste momento, mineradores começam a utilizar poder computacional para descobrir um número primo criptografado. Assim que descoberta a solução matemática, o bloco, e consequentemente todas as transações dentro dele, são validadas. O computador que primeiro descobrir a sequência de caracteres leva para casa 6,25 BTC e, consequentemente, valida a transação de João e Maria.
Para os usuários comuns nada demais parece ter acontecido. Alguns minutos se passaram e suas transações foram devidamente gravadas em um bloco da blockchain e validadas por mineradores que, mesmo se quisessem hackear a blockchain, enfrentariam um custo monetário muito mais alto do que o incentivo de simplesmente verificar operações.
A mágica, no entanto, é o fato de João ter transferido dinheiro para Maria sem a necessidade de validação de um banco, carteira digital ou Banco Central. Nada. A verificação da transação é realizada pelos incentivos da própria rede. Sem terceiras partes para intervir, apenas pessoas trocando moeda.
Por que uma blockchain tem valor?
Agora você se pergunta, por que isso, uma transação sem terceiras partes, completamente segura e com incentivos perfeitamente amarrados, teria valor.
Bom, imagine quantas pessoas tem que verificar hoje se a sua transação bancária, ou mesmo o futuro PIX, é de fato válida. Uma equipe inteira de compliance do seu banco, outra equipe de comercial para te atender em casos de fraude, além de mais uma equipe de compliance e comercial do banco do seu amigo. Isso para não entrarmos no mérito de quantos funcionários o Banco Central custeia para realizar a segurança de uma moeda que, de vez em quando, vai parar na cueca de um deputado de Roraima.
Já na blockchain do Bitcoin não. Apenas duas pessoas transacionaram, um minerador viu interesse monetário em validar esta operação e fim. O custo da rede reduz drasticamente.
No entanto, o real valor do Bitcoin vem da sua própria arquitetura. O ativo foi desenhado com oferta escassa. Sim, assim que forem minerados 21 milhões de Bitcoins (e 18 milhões já estão em circulação) a rede parará de emitir novas moedas.
Isto ocorre através de um mecanismo conhecido como Halving. A cada 210.000 mil blocos minerados, a rede corta a remuneração do bloco minerado pela metade. O último Halving do Bitcoin ocorreu em 11/05/2020 e cortou o prêmio por bloco de 12,5 BTC para 6,25 BTC. Como os incentivos são bem desenhados, necessariamente toda vez que a remuneração ao minerador é cortada pela metade, ocorre necessariamente um corte pela metade na oferta de novos Bitcoins minerados.
Pode ter ficado confuso, mas imagine uma função logarítmica decrescente. A cada 3 anos, mais ou menos, a blockchain do Bitcoin vai reduzindo gradativamente a oferta de novos criptoativos. A partir daqui é economia básica. Se a blockchain tem demanda, tendo em vista que é a forma mais segura e barata de enviar informações financeiras entre duas partes, e a oferta é cortada pela metade de tempos em tempos, o preço do ativo tende a disparar. Papo de maluco?
O Halving que antecedeu o de maio deste ano, ocorreu em Julho de 2016. Na época, 1 BTC custava R$2.200. Dezesseis meses após o evento, o preço atingiu R$69 mil. O mesmo ocorreu com o Halving de Novembro de 2012, quando o preço do Bitcoin saltou de $12 para $1000 (ainda não havia preços em reais na época). Durante maio deste ano, o preço do Bitcoin custava R$49 mil e atualmente, até o fechamento desta matéria, já roda entorno de R$73 mil, isso apenas cinco meses após o evento.
Foi pensando nisso que, recentemente, grandes empresas norte-americanas e européias, listadas em bolsas de valores respeitadas como a Nasdaq e a NYSE, começaram a se posicionar e entesourar Bitcoin para aguardar a próxima alta do ativo.
De forma similar, aqui no Brasil, a QR Asset Management, gestora de recursos especializada em criptoativos do grupo QR Capital, lançou o primeiro fundo 100% alocado em Bitcoin da América Latina. Essa movimentação institucional será melhor demonstra diferenças abissais entre o criptomercado de 2017 e o de 2020.
Este artigo não é uma recomendação de investimentos
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