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Blockchain

Tudo que ainda não te contaram sobre blockchain

Te mostramos a diferença entre blockchains públicas, blockchains corporativas e blockchains estatais. Aproveitamos pra te explicar porque proteger seus dados é de suma importância em 2020. Em uma piada tipicamente inglesa durante os tempos de guerra, Churchill e Turing conversam sobre criptografia. O Primeiro Ministro da Inglaterra pergunta ao inventor do primeiro computador moderno: “Como […]

Te mostramos a diferença entre blockchains públicas, blockchains corporativas e blockchains estatais. Aproveitamos pra te explicar porque proteger seus dados é de suma importância em 2020.

Em uma piada tipicamente inglesa durante os tempos de guerra, Churchill e Turing conversam sobre criptografia. O Primeiro Ministro da Inglaterra pergunta ao inventor do primeiro computador moderno: “Como estão nossos esforços em decifrar os códigos nazistas?”, ao passo que Turing responde: “As notícias não são boas, não conseguimos extrair nada de útil da cifra Enigma”.

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Churchill então ruge de ódio: “Nada? Todos estes anos de trabalho para nada?” Alan Turing fica nervoso e decide explicar o que extraiu da Enigma: “Apenas conseguimos decifrar os Metadados, Primeiro Ministro”. O famoso político inglês então engaja na conversa: “Metadados? Do grego, não é?”.  Turing responde abruptamente: “Precisamente, Primeiro Ministro. Deixa eu te explicar melhor porque não conseguimos decifrar nada de comprometedor”.

Turing então começa sua palestra: “Os metadados são os dados sobre os dados. Apenas conseguimos decodificar informações inúteis sobre os nazistas. Como, por exemplo, quem está falando, com quais equipamentos eles falam, com quem mais eles falam, com quem as mensagens são dirigidas, o assunto da discussão, os locais em que todas as partes estão quando conduzem a discussão, quais equipamentos eles usam para se comunicar, a frequência que eles se comunicam, em que extensão se comunicam e para onde vão e o que fazem a seguir”.

Turing então complementa em tom de decepção: “Enfim, nada de comprometedor, Primeiro Ministro”. Churchill respira fundo, dá uma bufada e vocifera de forma abafada: “Nada comprometedor? Humpf… nada comprometedor”.

Se você não entendeu a piada, precisamos conversar sobre como você utiliza seus dados, sobre o que é uma blockchain e sobre quais desenvolvimentos corporativos e estatais a tecnologia vem tomando em 2020.

Blockchains Públicas (Bitcoin)

Em 2009, Satoshi Nakamoto, um pseudônimo para uma pessoa, ou mesmo um grupo de pessoas, desenvolveu o que viria a se tornar a primeira aplicação da tecnologia blockchain da história: o Bitcoin.

Se você só lembra de Bitcoin porque algum amigo seu perdeu uma grana no final de 2017, vamos retroceder alguns passos e explicar o que é uma blockchain e porque o futuro do dinheiro, invariavelmente, passará pelo cunho dessa tecnologia.

Blockchain é, de forma bem resumida, um protocolo, assim como o e-mail, que objetiva guardar e transmitir informações de forma incopiável, segura e descentralizada. A ideia é que, ao descentralizar a transmissão de uma informação, o locutor de qualquer mensagem não necessitará de uma terceira parte para enviar, de forma confiável, as informações para o colocutor dessa mensagem.

Efêmero demais? Vamos aplicar no Bitcoin. A ideia da primeira criptomoeda da história é simples: por que depender de bancos comerciais e bancos centrais quando você pode realizar e receber pagamentos, entre duas partes, de forma completamente autônoma?

Na prática a blockchain pode ter diversas aplicações. Sempre que for possível eliminar uma terceira parte e melhorar o nível de segurança, está lá uma possível aplicação para a tecnologia. Aqui no BlockTrends já te mostramos como o notariado pode sofrer uma forte disrupção com algum nível de adoção dos smart contracts, por exemplo.

Mas o que realmente importa é compreender uma coisa simples. Muito se discute atualmente no mercado que o potencial de disrupção é da tecnologia blockchain e que “o bitcoin é apenas o MySpace das criptomoedas”. Errado. Toda vez que uma transação é feita em blockchain, o principal indexador do mercado é o bitcoin. Se a Amazon decidir lançar um criptoativo? Ele será negociado em bitcoin. Se os Estados Unidos lançarem uma criptomoeda própria? Ela também estará indexada no bitcoin.

Como o bitcoin é, de fato, a primeira e mais bem-sucedida blockchain, e atualmente tem 62,2% de dominância na capitalização do criptomercado, é indissociável a tecnologia por trás do bitcoin da moeda criada por Satoshi Nakamoto.

Claro que concorrentes aparecerão ao longo do tempo, mas até projetos de uma nova blockchain verdadeiramente pública e com ampla aceitação no mercado serem lançadas, propostas que desenvolvem a second layer do criptoativo, como a Lightning Network, já serão utilizáveis e essa discussão não fará mais sentido.

E é nesse momento que você fecha esta aba porque acha que defenderei um futuro anarcocapitalista recheado de cypherpunks retirados, diretamente, de uma mistura estranha entre Blade Runner e Transmetropolitan. Mas não, aqui levamos o poder dessa tecnologia à sério. Blockchain em 2020 está exatamente no mesmo estágio da Internet em 1996, com o diferencial dos juros negativos no mundo desenvolvido.

O questionamento que levanto é outro: se o Facebook, o PayPal, a NSA e o Partido Comunista Chinês sabem como você se comunica, com quem você se comunica, que horas você comunica, com que equipamento você se comunica e quantas vezes ao dia você se comunica, por que você vai confiar o futuro do seu dinheiro na mão de quem tem tanta informação sobre a sua vida?

Blockchains Corporativas (PayPal e Facebook)

As blockchains corporativas são a nova sensação do mercado e prometem corrigir os erros de usabilidade apresentados pelo Bitcoin, como alta volatilidade e dificuldade de adesão. Geralmente são criadas por empresas especialistas na Economia de Rede e que estão bem acostumadas a utilizarem do corporativismo para normalizarem práticas anti-concorrenciais.

E este é um ponto curioso a ser levantado: se uma blockchain tem dono, mesmo que seja uma fundação ou organização, ela deixa de ser verdadeiramente pública e passa a depender, mesmo que em níveis aceitáveis de governança, de uma terceira parte para manter a rede funcionando.

O Facebook e seu futuro criptoativo, a Libra, são um excelente exemplo desse tipo de blockchain. Uma fundação é montada, conversas parcimoniosas com reguladores são arquitetadas e, eventualmente, o Facebook, com os seus 2,2 bilhões de usuário mensais, lançará uma Stablecoin lastreada em tokens que simulem preços das principais moedas do mundo.

A versão moderna, e em blockchain, dos Special Drawing Rights (SDR) do Fundo Monetário Internacional (FMI) levantou preocupações na última cúpula de 2019 do G20. E é natural ter levantado angústia dentre autoridades monetárias no mundo inteiro. Basta ler a Constituição Federal de 1988, especificamente em seu artigo 164, para entender a inquietação: “A competência da União para emitir moeda será exercida exclusivamente pelo Banco Central”.

Se o bitcoin, que é uma comunidade autônoma, levantou os pelos na nuca dos reguladores, imagine as iniciativas que o Facebook e, recentemente a PayPal, realizam no criptomercado.

Blockchains Estatais (Digital Dollar e Digital Yuan)

Em setembro de 2017, a China proibiu as famosas Initial Coin Offerings (ICO), prática muito conhecida no criptomercado na época. E, se sua memória é curta e gosta de tirar conclusões precipitadas, você já deve ter somado que 2+2=4 e que a Bolha do Bitcoin estourou por causa disso.

Mas não, muito pelo contrário. Em setembro de 2017 o preço do Bitcoin estava por volta de R$ 13.000,00. Dois meses depois do banimento chinês, o ativo alcançaria a marca de mais de R$ 70.000,00. De enlouquecer qualquer investidor da Magazine Luiza.

O que, na verdade, é enlouquecedor é que a mesma China decidiu fazer o que um país autoritário faz de melhor: boicotar primeiro e depois utilizar tecnologia de ponta para fortalecer o regime ditatorial. E assim nascia, no começo de 2019, a ideia de fazer o Yuan, mas dessa vez em uma “blockchain”.

Como 80% dos usuários de smartphone na China utilizam o Alipay e o Wechat para comprar online, bastava “atualizar” sua moeda e pronto: acesso às condições financeiras de todos os chineses que quiserem entrar na revolução digital.

A verdade é que as Central Bank Digital Currency (CBDC) na prática são quase idênticas às Stablecoins Corporativas. Excetuando sempre qual cesta de ativos ancora o preço e quem tem o real controle sobre o futuro da “blockchain”.

E o assunto ganhou as pautas de grandes jornais internacionais quando o Bank of England (BoE) lançou um relatório, em resposta à proposta chinesa, de como operacionalizar uma blockchain nacional.  A ideia ganhou tanta tração que, em meio a pandemia, a criação de um Digital Dollar circulou no congresso norte-americano. A ideia era atingir parcelas desbancarizadas da população com o uso da tecnologia blockchain.

Dois anos depois de regulação severa e, em muitos casos, banimentos, o bitcoin e a blockchain se tornaram assunto nas gigantes da indústria tecnológica e pauta de segurança nacional nos mais diversos países do globo. Da desenvolvida Alemanha, passando pelo emergente Brasil e chegando até na subdesenvolvida Gana.

Em tempos onde os Bancos Centrais mundiais estão focados em encerrar a profissão da agiotagem na base do Quantitative Easing, soluções milagrosas que prometem ser o novo e verdadeiro Bitcoin sempre geram engajamento nas redes sociais. Aos que ainda não entenderam a piada do Turing e as diferenças entre os três tipos de blockchains, fica minha última dica: blockchain, mesmo, genuína, por design – só existe uma.

*Este artigo não é uma recomendação de investimento.

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