O Comando Vermelho (CV), uma das maiores facções criminosas no Brasil, cobrava o famoso “arrego” de uma empresa provedora de internet no Ceará. Contudo, graças a ação da Polícia Civil, os suspeitos de colaborar com o crime foram presos. Ou seja, os extorquidos.
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O que é a operação “Strike”?
A Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE) deflagrou, nas primeiras horas da quarta-feira (12), a operação “Strike”. A ação policial ocorreu, simultaneamente, em Fortaleza e nas cidades de Caucaia, Horizonte e São Gonçalo do Amarante, conforme nota à imprensa. Ao todo, 12 mandados de prisão e 37 mandados de busca e apreensão foram cumpridos.
Além disso, a Polícia também prendeu mais cinco pessoas em flagrante pelo crime de funcionamento clandestino de empresas de internet e por receptação. A 2ª fase da Operação Strike é fruto de um trabalho investigativo, desenvolvido nos últimos meses, que busca atingir pessoas ligadas ao Comando Vermelho.
As autoridades apontam o grupo como responsável pelos últimos ataques aos provedores de internet da cidade, bem como por ter ligação com o tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, homicídios e outros crimes graves.
Se não pagar o arrego sofre ataque e se pagar é bandido?
A facção criminosa exigia que os provedores de internet pagassem uma “taxa” para operar em áreas sob seu domínio. Empresas que se recusam a efetuar esses pagamentos são alvo de represálias. Entre os ataques, relata-se destruição de cabos, incêndio de veículos e disparos contra fachadas de estabelecimentos.
Contudo, o que causou uma grande comoção, e foi alvo de críticas na internet, é o fato de que, do outro lado, as pessoas que aceitaram pagar estiveram na mira da Polícia Civil, conforme noticiou o ‘Diário do Nordeste’.
O delegado Marcos Aurélio França, diretor do Departamento de Polícia do Interior Norte (DPI Norte), alerta que os empresários que cederem às extorsões, repassando porcentagens das mensalidades ou acertando um valor mensal de pagamento para a facção, estão se aliando ao crime organizado.
Apesar de ser vítima de extorsão, o que falta a internet entender é que a reação do empresário pode ser caso jurídico mais complexo. Se ele passivamente colabora ou se associa ao grupo criminoso, pode ser enquadrado no crime de associação criminosa ou na Lei de Organizações Criminosas.
O delegado citado na matéria que, caso um provedor passe a se beneficiar do acordo, como exclusividade em uma área garantida pela facção, ele pode se tornar cúmplice e responder por associação criminosa.
Membros do CV presos
Essas ações têm causado interrupções significativas nos serviços de internet em diversas regiões do estado. Conforme apurou o portal DN, um dos presos que teoricamente seria o articulador financeiro do grupo é um homem de 44 anos.
As autoridades encontraram o homem que vinha pagando criminosos em troca de não receber ataques na cidade de Caridade em um imóvel na zona rural do município. Ele estava na posse de três veículos empenhados por pessoas que pegaram dinheiro emprestado com ele.
Contudo, pelo menos entre os detidos estão líderes do Comando Vermelho, responsáveis por coordenar os ataques e as extorsões. Um dos presos, de 21 anos, foi capturado em São Gonçalo do Amarante, onde foram apreendidas armas e equipamentos eletrônicos. Por fim, a Polícia também deteve outro líder, de 30 anos, que já possuía uma ficha criminal extensa.
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