A alta de 1,3% no CPI, o consumer price index, em junho, levou o índice de inflação americano a atingir 9,1% no acumulado de 12 meses.
Trata-se do maior valor desde a crise do petróleo em 1979. Desta vez, como na última ocasião, o grande vilão também são os combustíveis.
O preço da gasolina subiu 50% no acumulado de 12 meses nos EUA, uma notícia significativa para os consumidores, sem o efeito similar ocorrido no Brasil: aumento de arrecadação.
Na média, estados e prefeituras americanas cobram $0.35 cents por galão, enquanto o governo federal mantém o valor fixo em $0,18 há cerca de 30 anos. Com o galão custando $4,9, os impostos representam pouco mais de 10% do preço da gasolina nos Estados Unidos, contra 56% no Brasil.
Por aqui, a alta no preço dos combustíveis tem levado ao aumento de arrecadação por parte dos governos federal e estaduais.
O resultado foi uma melhora significativa das contas públicas no Brasil, às custas da queda do poder de compra da população.
A continuidade do processo inflacionário tem levado governos locais nos EUA a distribuir auxílios, em forma de cheques.
Na Califórnia, os cheques chegam a $1300 por família. Um “alívio”, que pressiona a inflação.
Nas contas do economista Olivier Blanchard, a economia americana viu um excesso de recursos da ordem de $3,6 trilhões, considerando um excesso de poupança por parte das famílias (que consumiram menos durante a pandemia), e gastos federais.
Este excesso de recursos supera, em muitos, a queda no PIB, o que por sua vez leva a um choque entre a demanda reprimida e a produção de riquezas.
Some-se a isso a instabilidade de preços de energia e a guerra na Europa, e o resultado é uma inflação consistente.
No Brasil, o Banco Central se tornou o primeiro a subir os juros, levando a taxa Selic para 13,75%, o que faz do Brasil hoje o país com a maior taxa de juros reais do planeta.
Com tamanha voracidade em juros, o câmbio ameaçou ceder. A incerteza fiscal, com novos auxílios sendo aprovados por aqui, impediu maior queda.
É esperado que o país tenha deflação em julho e Agosto.
Isso significaria praticamente igualar a inflação brasileira e a americana, com tendência de alta.
Por aqui, a queda deve ocorrer também no setor elétrico, onde são esperadas reduções de tarifas da ordem de 19% em julho (podendo chegar a 32% no Maranhão, e 24,5% em São Paulo).
A única vez em que a inflação brasileira ficou abaixo da americana foi em 1998, quando a inflação brasileira ficou em 1,65%, contra 2,83% da americana.
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