As últimas semanas têm sido relativamente confusas em se tratando de indicadores econômicos.
A economia brasileira passa por uma fase de aceleração do crescimento, com recordes de empregos sendo gerados e revisões no PIB. Ao mesmo tempo, a preocupação com o risco fiscal segue crescente.
Os gastos com auxílios e outras benesses aprovadas pelo congresso têm pressionado o chamado “Risco Brasil”, o que por sua vez pressiona o dólar.
A despeito de se tratar de um tema genérico, a noção de risco Brasil passou a ser diretamente associada à um indicador comum do mercado, o EMBI+, calculado pelo JP Morgan.
A sigla para “Índice de títulos de mercados emergentes”, compara títulos públicos de 93 países emergentes com os títulos americanos.
Na prática, o Risco Brasil passou a ser associado ao diferencial de juros entre ambos, uma vez que ele se reflete em “quanto de juros a mais o Brasil paga em relação ao tesouro americano”.
Nas últimas semanas, o Risco Brasil tem subido, voltando a patamares de Maio de 2020, indicando uma incerteza fiscal, por conta dos gastos extras aprovados no congresso.
O indicador mais recente de dívida pública aponta para uma queda de 78,3% do PIB em abril, ante 88,6% em meio a pandemia.
O indicador, que calcula a dívida pública sobre o PIB, foi fortemente impactado por um crescimento do PIB nominal, influenciado pela inflação, além de taxas de juros baixas até a metade de 2021.
Agora, com a aprovação de novos gastos e a celebração de subsídios e auxílios pelo congresso, a expectativa é de que a dívida possa voltar a subir, contando ainda com um empurrão dos juros definidos pelo Banco Central.
Na prática, o alívio aos caminhoneiros e o aumento de auxílio com cortes de impostos, cria incerteza sobre o resultado orçamentário, o que por sua vez impacta no preço do dólar.
Investidores seguem ainda cautelosos com o ano eleitoral, o que explica a dificuldade do câmbio de se valorizar mesmo em meio a uma melhora na balança comercial.
Como em um ciclo vicioso, o Congresso aprova benefícios, que geram pressão sobre os gastos, o que por sua vez eleva o risco país e consequentemente o câmbio, pressionando os preços de produtos que o congresso pretende “aliviar”.
Histórico conturbado, mas em queda
Em julho de 2002, o Risco Brasil, ou Risco País, atingiu a marca de 2000 pontos, indicando que os títulos brasileiros pagavam, em média, 20% além da dívida americana. Em outras palavras, a dívida pública brasileira estava pagando 21,25% de juros ao ano.
A crise no período eleitoral de 2002, que fez o dólar disparar, acabou dissipada após a manutenção de indicadores fiscais e da política macroeconômica conhecida como “tripé macroeconômico”, ou seja, metas de inflação, superávit primário e câmbio flutuante.
Nos anos seguintes a economia brasileira trilharia um caminho de redução gradual dos juros.
Nos anos 2010, os juros ameaçaram uma alta em meio a recessão brasileira, mas voltaram a cair em 2017, após aprovação do teto de gastos.
Em 2019, o risco país ficou abaixo de 100 pontos pela primeira vez na história, indicando que a média dos juros pagos pelo Brasil estava menos de 1% acima dos títulos americanos.
Com as altas recentes, o risco país retornou aos 290 pontos, com o agravante da alta de juros por parte dos EUA, que pode pressionar os juros por aqui para compensar.
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