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Economia

Com petróleo acima de $100, Rússia é quem mais lucra com a guerra

Tensões entre Rússia e Ucrânia, que chegaram às vias de fato na madrugada desta quarta-feira, elevaram a cotação do petróleo ao nível mais alto em 8 anos.

Ensaiada há semanas, o conflito militar entre Rússia e Ucrânia escalou na madrugada, horário de Brasília. E o resultado, ao menos inicial, é que até aqui, quem lucra com a guerra é a Rússia.

Tropas russas, e supostamente tropas da Bielorússia, invadiram a Ucrânia sob a alegação de defender territórios recentemente auto-declarados independentes.

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O conflito é o novo campo de batalha e tensões também com o ocidente. Ao contrário da disputa na Síria, onde a Rússia se envolveu para proteger Bashar Al-Asad, o conflito atual ocorre inteiramente na Europa, sendo o maior ataque de um país europeu a outro desde a Segunda Guerra Mundial.

Terceiro maior produtor de petróleo do mundo e segundo maior exportador, a Rússia tem se utilizado do seu superávit energético como arma geopolítica, pressionando países europeus fragilizados em meio a investimentos maciços em fontes de energia renovável, porém intermitentes.

 A despeito de Vladimir Putin ter declarado que a ocupação se daria apenas em Donbass, região de maioria russa na Ucrânia, líderes militares do país já declararam que a Rússia tem buscado suprimir infraestrutura e sistemas de defesa ucranianos.

Em vídeos na internet, é possível ver uma hidrelétrica sendo atingida. Disputas em torno da área de Chernobyl, também estão ocorrendo.

Com o conflito se iniciando de fato, o petróleo atingiu pela primeira vez desde 2014 a cotação de $100 dólares. Na tarde desta quinta-feira, o barril do tipo Brent é cotado em $103,5. Na prática, com o conflito se iniciando, a Rússia passa a ser uma das maiores ganhadoras. Dos $450 bilhões em exportações do país, ao menos $180 bilhões dizem respeito a petróleo e gás. Na prática, a Rússia lucra mesmo com a guerra, afinal, as exportações não cessaram ainda.

A situação, segundo aponta Theodoro Fleury, gestor da QR Asset Management, pode levar a uma persistência ainda maior da inflação ao redor do mundo.

No Brasil, o preço dos combustíveis tem sido atrelado à cotação internacional, o que impulsiona as receitas e o lucro da Petrobras. Nesta semana, a estatal brasileira declarou um resultado líquido de R$107 bilhões em 2021, entregando o seu maior resultado na história.

Se a alta do dólar e do petróleo favorecem a estatal na última linha do balanço, o seu impacto sobre o dólar também não é desprezível. A redução da dívida bruta e consequentemente dos custos financeiros, são uma das razões para explicar a queda do dólar nos últimos meses, aponta Gabriel Rech, do Traders Club.

A estatal reduziu sua dívida em dólar de $160 bilhões para $58 bilhões.

Rússia banida do Swift?

Países como o Reino Unido têm liderado pedidos de mais sanções e boicotes à Rússia em função da invasão na Ucrânia. Uma das mais recorrentes ameaças se dá pela exclusão russa do sistema “SWIFT”, o sistema que reúne 11.000 bancos ao redor do mundo.

A exclusão de bancos russos impediria transações internacionais no país, punindo a elite econômica local que dá suporte a Vladimir Putin.

Para outros analistas, porém, a medida pode acabar levando a Rússia a adoção de outros meios de transação, como é o caso do Yuan Digital, a CBDC do governo chinês que prevê incluir em uma blockchain ligada ao PBOC, o banco central chinês todas as transações feitas nesta moeda.

Outra alternativa levantada é a de que a Rússia poderia aderir ao Bitcoin propriamente, utilizando seu alto nível de superávit energético para aumentar a participação na rede.

Atualmente a Rússia é o 3º país do mundo em capacidade de mineração de criptos, e Putin já se declarou favorável a encontrar um caminho para ampliar esta participação.

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