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Amazon censurou críticas a Xi Jinping para ganhar aprovação do governo chinês

Documentos internos da Amazon mostram que a empresa colaborou com empresas de mídia do governo chinês e promoveu censura às críticas feitas ao livro que reúne discursos do ditador chinês Xi Jinping

Publicado em 2018 o livro “A governança da China”, que reúne discursos e falas do ditador chinês Xi Jinping, recebeu um exemplo típico de governança chinesa, ao menos na plataforma da Amazon: reviews abaixo de 5 estrelas foram vetados.

O mecanismo de notas criado pela Amazon nasceu junto da própria empresa, com o objetivo de orientar consumidores ao comprar produtos, ganhando de “brinde” uma avaliação de outros compradores.

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Na prática, o mecanismo se tornou uma ferramenta fundamental de avaliação, uma vez que produtos melhores avaliados são melhores rankeados.

Quando um comentário negativo sobre o livro do ditador chinês apareceu na plataforma, porém, o governo chinês emitiu uma ordem para a empresa americana de que “retirasse a opção de avaliação por parte dos clientes”.

A decisão foi prontamente acatada pela empresa, e descoberta apenas 3 anos depois pela Reuters em função de documentos internos vazados.

Como inúmeras outras grandes empresas de tecnologia, a Amazon também busca favorecer o governo chinês em troca de boa vontade para fazer negócios.

Elon Musk, o queridinho dos chineses até bem pouco tempo atrás, chegou a ganhar do governo não apenas o local e uma rápida aprovação para as obras da sua fábrica em Xangai, como apoio durante a pandemia.

Enquanto inúmeras empresas foram obrigadas a fechar no país, a Tesla de Musk recebeu equipamentos de proteção e esterilização, além de ônibus públicos para seguir operando.

No caso do Facebook, a cooperação chega aos níveis da censura. A rede social americana trabalha junto ao governo chinês para incluir mecanismos de censura localizados.

No caso da Amazon, a China se tornou o maior mercado global para o Kindle, o leitor de livros da empresa. Cerca de 40% das globais do Kindle são feitas em solo chinês.

Em 2018, a empresa também fechou parcerias com empresas de mídia estatais, buscando ampliar suas vendas de livros no país.

As tentativas de agradar a ditadura chinesa, porém, não foram suficientes para salvar a Amazon no país, uma vez que em 2019, Jeff Bezos, CEO da empresa na época, admitiu a derrota para empresas locais como Alibaba e JD.com e encerrou as operações de marketplace no país.

Ainda assim, a China é parte relevante das vendas da Amazon ao redor do mundo.

Em 2020, cerca de 42% das vendas globais da Amazon foram feitas por vendedores chineses, representando cerca de $170 Bilhões em vendas.

Em janeiro de 2021, cerca de 75% dos novos vendedores na Amazon eram chineses.

O projeto envolvendo a gigante americana e a ditadura chinesa, entretanto, está ligado ao reconhecimento facial, uma técnica cujo desenvolvimento avançado conta com empresas parceiras da Amazon na própria China.

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