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Investimentos

A Amazon agora quer cuidar da sua saúde

A Amazon e outras Big Techs seguem abocanhando antigas funções do Estado. Depois do Google iniciar a tendência com o seu Google Maps na virada do milênio, a Amazon agora quer cuidar da sua saúde. Cerca de 500mb, ou 135 disquetes repletos de dados coletados por clientes a cada dia. Pode parecer pouco, afinal, provavelmente […]

A Amazon e outras Big Techs seguem abocanhando antigas funções do Estado. Depois do Google iniciar a tendência com o seu Google Maps na virada do milênio, a Amazon agora quer cuidar da sua saúde.

Cerca de 500mb, ou 135 disquetes repletos de dados coletados por clientes a cada dia. Pode parecer pouco, afinal, provavelmente é menos do que você consome no seu smartphone, mas para 1999, a quantia era realmente impressionante.

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A informação, parte de um episódio do famoso 60 minutes, tratava de uma empresa de Seatle, que estava naquele momento chacoalhando o mercado editorial americano, a Amazon.

Durante o programa, Jeff Bezos comentava sobre o processo que a Amazon utilizava para “prever” os hábitos de consumo dos seus clientes. O choque com a exatidão das previsões se deu quando o apresentador percebeu que dos 5 livros recomendados pelo site, ele já havia comprado 2 em livrarias.

De lá pra cá a Amazon expandiu sua atuação para inúmeros setores, como Brad Stone conta em “A loja de tudo”, a biografia da empresa (que você pode comprar aqui, no site da Amazon).

Em 2006, por exemplo, a Amazon lançou seu serviço de computação na nuvem, hoje responsável 32.7% do mercado, tendo empresas Disney, Netflix, NASDAQ, ESPN, ou mesmo a NASA entre seus clientes.

A AWS é o que se pode chamar de uma “Cash cow”, uma empresa madura e responsável por gerar uma quantidade exorbitante de caixa para sua dona.

O poder da empresa sozinha é tão grande, que algumas pessoas, como Elon Musk, sugerem que ela deveria ser separada da Amazon, pois permite que a sua dona utilize o caixa gerado por ela para promover dumping em outros setores.

Segundo analistas, a companhia valeria hoje, se fosse independente, $500 bilhões.

Este valor equivale a ⅓ do total de capitalização de mercado da Amazon hoje, e é apenas um dos inúmeros ramos que a empresa criou.

Segundo uma análise feita pelo banco de investimentos Nedhma Co. a parte de mídia da Amazon sozinha poderia ser avaliada em outros $500 bilhões. Dentro deste valor estão a Amazon Prime Vídeo, o Twitch, a parte de anúncios (afinal, se você é a maior loja do mundo, porque não cobrar para melhorar o ranking de quem quer vender?), e o Amazon Music.

O resultado de tamanha diversificação é uma empresa que atinge hoje $1,7 trilhões em valor de mercado, fazendo do seu CEO e principal acionista o homem mais rico do planeta com $200 bilhões em patrimônio.

A despeito do valor exorbitante, mais do que o dobro de toda a capitalização da bolsa brasileira, a Amazon tem sede de crescimento. 

E como uma empresa que vale $1 trilhão consegue continuar crescendo? A resposta pode ser simples, como Scott Galloway, professor de marketing e advisor de empresas de tecnologia resume: ela avança sobre mercados que movimentam $ trilhão.

Simples, não é? Pois é justamente aí que Scott que acredita que está o futuro de gigantes como Amazon, Google e Apple.

Quais setores seriam estes, você pode estar se perguntando, e resposta é tão simples quanto: Finanças, Saúde e Educação.

A parte financeira talvez seja a mais óbvia. Neste setor a Apple já está fincando sua bandeira com seu Apple Pay, enquanto o Google, ou mesmo o Facebook, já estuda até lançar contra concorrente em mercados como o brasileiro.

Na área de educação, o Google também está lançando cursos, voltados especialmente para formação de estudantes em áreas ligadas a tecnologia.

Mas é no mercado de saúde que a coisa começa a ficar mais interessante. Não se trata de um mercado trivial, afinal, apenas nos Estados Unidos ele movimenta $3 trilhões por ano, ou o dobro do PIB brasileiro.

Trata-se de um mercado repleto de burocracias e pronto para disrupção, especialmente de quem saiba lidar com dados, o petróleo do século 21.

É justamente neste mercado que a Amazon quer criar seu novo ramo de $ meio trilhão, ou mais.

O começo da construção desse novo ramo não poderia ser mais representativo. A empresa se juntou ao JP Morgan e a Berkshire Hattaway, de Warren Buffett, para criar uma joint ventura na área, a Haven.

Com mais de 1.2 milhão de funcionários somados (700 mil dos quais funcionários da Amazon nos EUA), a Haven é praticamente um laboratório de testes. 

Desde o anúncio em 2018, a empresa já promoveu parcerias e adquiriu startups na área, criando planos de saúde bastante distintos daqueles tipicamente oferecidos no mercado.

Diga-se que a união com a Berkshire não nasceu ao acaso. A empresa de Buffett é famosa pela sua atuação na área de seguros (ainda que não em seguros de saúde).

No mesmo ano a farmácia virtual PillPack foi adquirida por $773 milhões, e seus produtos passaram a ser distribuídos entre os 105 milhões de clientes do Amazon Prime.

Com parcerias que se estendem para além dos EUA, como uma atuação conjunta com o NHS, o SUS britânico, a empresa espera utilizar inteligência artificial e sua capacidade de processar dados para atender os consumidores.

Já em 2019 a empresa lançou, novamente restrito a alguns funcionários, o Amazon Care, app capaz de capturar dados sobre saúde e formatar soluções aos consumidores.

Como a Microsoft, dona da Azure, a Amazon espera construir dentro da nuvem, um conjunto de dados capaz de analisar e garantir soluções médicas mais diretas aos clientes, reduzindo assim custos aos planos de saúde.

Seu grande diferencial porém, está na cadeia de distribuição. Graças a sua experiência em distribuição online, a empresa tem testado modelos de distribuição de medicamentos na mesma agilidade com que distribui outros produtos, cortando assim parte dos custos de cadeias tradicionais.

Em uma farmácia tradicional, há além dos custos óbvios da própria estrutura física da farmácia, os custos de atravessadores, que negociam rebates e outras participações no valor gasto por planos de saúde em medicamentos.

É um negócio que, como relata a CNBC, consome entre 10 e 15% da margem bruta do setor.

Em outro ramo do setor, a Amazon lançou o Halo, seu relógio capaz de medir até emoções, e que combinado com o celular, permite aos usuários escanearem seu corpo e receber informações como percentual de gordura

O mercado, no qual o Apple Watch segue líder seguido pela Fitbit (comprada pelo Google), e pela Xiaomi, deve movimentar cerca de $52 bilhões por ano. Isso porque, além do próprio aparelho, as empresas vendem planos, permitindo que por um valor que começa em $4 por mês, você possa monitorar aspectos de sua saúde.

Numa luta entre gigantes, há alguns caminhos possíveis. O primeiro deles, e mais benéfico ao consumidor, é que essas empresas tem bala na agulha para espremer empresas tradicionais, como fizeram com a área de celular, mídia e varejo.

Trata-se de algo capaz de mudar o jogo, em um setor crucial para a sociedade americana, e que a cada eleição se torna mais relevante.

A parte negativa, claro, é o aumento da quantidade de dados que um seleto grupos de empresas passa a ter sobre sua vida. 

Isso cria um paradoxo importante de se entender hoje: 

O custo de se viver as maravilhas tecnológicas nos mais amplos setores, têm subido na mesma proporção em que os preços caem. Até onde esse é um bom acordo, é a questão que definirá as próximas décadas.

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