Em julho do ano passado, entregadores de diversas plataformas de delivery como iFood, Rappi e Uber Eats, organizaram uma greve geral nomeada como “#BrequeDosApps”. Entre as reinvindicações dos trabalhadores informais, estavam pautas como a revisão da grade salarial e da política de taxas imposta pelos apps.
Do lado dos apps, a pandemia de COVID-19, gerou um aumento gigantesco de demanda e consequentemente a massiva entrada de capital investidor, o que resultou na formação de uma verdadeira selva de concorrência no mercado.
No ano de 2020, os apps de delivery geraram uma receita estimada de $3,3 bilhões no Brasil, enquanto na China, o montante foi de $51,5 bilhões. Os números assustam quando levamos em conta que até pouco tempo atrás apps como esses estavam totalmente fora da dinâmica cotidiana, o que ressalta o amplo horizonte de crescimento existente para o setor.
Dados do setor mostraram um salto de 155% no número de usuários, e um crescimento de 975% no número de pedidos de março a abril do ano passado, período que marcou o início da pandemia.
Ao todo são ao menos 9 plataformas consolidadas no mercado com números expressivos no Brasil (iFood, Loggi, Rappi, Uber Eats, Cornershop, 99 Food, aiqfome, Click Entregas e Lalamove). A concorrência, que é naturalmente benéfica para os consumidores, acaba sendo a protagonista de um fenômeno que também é/foi observado em empresas como Nubank e Amazon.
Afinal, é no mínimo estranho uma empresa que expandiu sua base de clientes em 50% no último ano e aumentou o seu faturamento em 234% não apresentar um lucro efetivo em suas contas, não é mesmo? (Os números são referentes ao iFood).
Sim, é estranho, mas isso é o que chamamos de “nova economia”.
Primeiro, é importante ressaltarmos que o crescimento de receita não necessariamente reflete no crescimento de lucro por parte da companhia. Na verdade, a margem de lucro desse segmento é bem menor do que as pessoas imaginam.
Entregar comida é uma tarefa logística cara, e as plataformas ganham dinheiro cobrando dos restaurantes uma porcentagem do pedido, além da taxa de serviço cobrada dos consumidores. A partir dessas taxas, eles realizam os respectivos pagamentos dos motoristas.
Após a contabilização de custos de publicidade, reembolsos de clientes e despesas operacionais, o DoorDash, plataforma operacional com ampla base de consumidores no exterior, fica com, em média, 2,5% da conta geral do cliente. Segundo dados do Deutsche Bank.
Isso significa que o DoorDash terminou com 90 centavos de dólar no pedido médio durante o auge da pandemia, que vale cerca de US $36.
Nesse jogo de migalhas, ganha quem consegue fomentar a maior base de clientes e mantê-los na plataforma, ou seja, essa é a razão para você receber tantas notificações de cupons com trocadilhos péssimos.
A mesma lógica baseada em “perseguir o crescimento para eventualmente aproveitar o lucro“, adotada durante anos pela Amazon, e mais recentemente pela Nubank, também é utilizada pelas empresas do setor de delivery.
Além do fato de essas empresas não possuírem uma margem de lucro tão alta, como já foi explicado, o lucro remanescente é plenamente utilizado para custear mecanismos de crescimento, como os cupons de desconto.
Nessa dinâmica, as empresas permanecem em uma concorrência sem precedentes abrindo mão de suas contas para atrair e construir fidelidade em sua clientela, para que, uma vez mais bem estabelecida no mercado, possa colher lucros futuros.
Um grande exemplo dessa prática é o iFood, que embora seja a empresa do ramo com maior receita no país, também não apresenta lucros em seus balanços desde 2018.
Segundo o CFO do Ifood, a empresa dar prejuízos em seus balanços é uma escolha que busca diretamente a fidelização do cliente, o que tende a ser extremamente valorizado em um setor tão competitivo como o de delivery.
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