O que muda para você com a subida do petróleo? Há exatos 5 anos atrás, em outubro de 2016, a Petrobras adotava uma nova política de preços que mudaria totalmente a dinâmica das contas da petrolífera estatal. Conhecida como PPI (Paridade de Preços Internacionais), o novo regime de preços tem como base a cotação internacional do petróleo, determinada pela pura oferta e demanda do mercado internacional.
A decisão foi um dos marcos do novo governo de Michel Temer, que havia acabado de tomar posse da presidência e trazia consigo novos ideais de governança diante de um país que tinha as contas completamente comprometidas.
Anteriormente, durante o governo de Dilma Rousseff, o governo exercia uma prática diantes dos preços que visava a contenção de preços ao consumidor interno, o que mantinha o preço estável, mas acarretava em perdas dispersas, longe da bomba de combustíveis.
A contenção de preços por parte do governo foi importante para manter o índice de inflação dentro da meta, o que por sua vez, além de garantir bem-estar social subsidiando combustíveis, dava uma sensação de aparente tranquilidade na economia.
O problema? O castelo de cartas logo desmoronaria, com a farsa de preços e manipulação da inflação cobrando seu preço.
Em resumo, a inflação é medida por uma cesta de bens e serviços. Suponha 20% habitação, 30% energia, 30% alimentos e 20% combustíveis.
Ao obrigar a Petrobras a bancar os reajustes do item “combustíveis”, os preços variam $0 ao consumidor, o que na prática fazia este item subir pouco ou quase nada no índice de inflação.
O fim do represamento e das fraudes em índices chegou apenas em 2015. Naquele ano o IPCA, índice geral de preços ao consumidor amplo, subiu 10,38%, puxado pela alta de combustíveis e energia.
O maior custo, porém, foi que a distorção de preços para garantir uma sensação de tranquilidade, levou a prejuízos bilionários a Petrobras, reduzindo sua capacidade de investimento (e geração de empregos), destruiu o setor de etanol, além, claro, de desorientar toda economia.
Cinco anos depois dessa decisão, a Petrobras passa por um período visivelmente mais favorável. Auxiliada por uma alta nos preços das commodities, a empresa vem reportando sucessivos lucros, faturando R$42,8 bilhões durante o segundo trimestre deste ano. E a expectativa continua positiva, uma vez que o cenário de um ciclo de commodities favorece substancialmente a estatal.
Ciclo de commodities e petróleo a US $100 dólares
Desde o início da escalada do petróleo após a queda brutal no início da pandemia, alguns especialistas começaram a apontar para um possível ciclo de commodities que afetaria o mercado global. Dito e feito, com a retomada econômica houve um aumento na demanda global, que fez com que os preços de tudo, desde gás natural até aço, subissem vertiginosamente.
No mês passado, o Bank of America publicou uma análise com predições de que o barril Brent possa continuar em seu ciclo de alta e ultrapassar os R$100 dólares neste inverno. A possibilidade do frio somada à lentidão da oferta levaram as projeções a aumentarem gradativamente.
Nesta semana, novamente a Opep não aceitou pedidos para acelerar as cotas de produção de petróleo em meio a uma alta nos preços do gás e do carvão na Europa e na Ásia, concedendo fôlego à alta. Os preços do barril tipo WTI renovaram suas máximas de 7 anos, subindo acima de US $78 em um ponto. Os ganhos para o Brent foram um pouco mais modestos, com o Brent atingindo a maior alta em apenas três anos, de US $82.
Petrolíferas do mundo tudo estão adiando suas decisões de investimento em face de um futuro um tanto ou quanto incerto, no qual os governos desenvolvidos planejam travar as energias poluentes para favorecer as energias renováveis. Com a oferta suprimida e a demanda aumentando devido às crises energéticas, o preço só tem a subir.
Reflexos na bomba e composição do preço
Com a recente alta no preço do petróleo, houve a disparada no preço dos combustíveis aqui no Brasil, com a gasolina chegando a mais de R$7 em alguns estados, afetando diretamente a vida de milhões de brasileiros. Para melhorar ainda mais o cenário, a alta do dólar maximiza os efeitos da alta do petróleo, que naturalmente é cotado em dólar no mercado externo.
Com diversas instabilidades, o dólar tem variado entre altas e baixas devido aos diferentes problemas políticos/fiscais do país, o que afeta diretamente o preço nas bombas.
A alta também influi diretamente em aumentos na arrecadação dos impostos, uma vez que a matriz de custos se baseia diretamente no custo total do insumo.
Segundo dados da Petrobras, a matriz de custos dos combustíveis que chega ao consumidor é construída dessa forma:
Gasolina:
Diesel:
Mesmo com um claro ruído político sobre a relação do ICMS com a disparada da gasolina, o preço não está relacionada ao aumento da alíquota do ICMS, e sim ao custo do petróleo e ao dólar. A alíquota do ICMS não aumentou, continuando a mesma desde o início da pandemia, o que é confundido muitas das vezes devido ao claro aumento da arrecadação.
Como já citado, a alta do petróleo em cotação internacional é descontada diretamente na bomba do consumidor. Desta forma, o cenário se torna desfavorável ao brasileiro caso o dólar e o petróleo continue em sua trajetória ascendente.
Neste cenário, mais uma vez a alta do dólar como consequência da inflação se torna o principal vilão do preço dos combustíveis.
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