A notícia de que investidores do fundo Nu Reserva, considerado conservador, tiveram prejuízos de R$20 milhões com o colapso da Americanas, foi apenas uma amostra de como o caso pode se espalhar e acabar afetando inúmeras pessoas.
O prejuízo, que pode significar entre R$20 e R$40 bilhões, tem se espalhado no mercado financeiro, com bancos buscando bloquear o acesso da empresa aos supostos R$8 bilhões que supostamente estavam em caixa.
Além dos bloqueios, outros valores estão ainda em recebíveis de fornecedores, chegando a R$3 bilhões ainda sem clareza se serão de fato pagos. Para piorar, apenas em 2023, a empresa gastou R$1,6 bilhões do seu caixa para continuar as operações.
Na soma de tudo, a Americanas possui hoje apenas R$800 milhões em caixa, deixando a empresa em uma posição negativa de -R$39,2 bilhões.
Em suma, a situação tem se complicado a cada dia que passa.
Para os credores, as medidas mais urgentes a serem tomadas dizem respeito ao chamado “provisionamento”.
Bancos que emprestaram dinheiro são obrigados pela regulação a separar recursos do seu próprio patrimônio para cobrir os prejuízos.
O chamado “PDD”, ou provisionamento sobre devedores duvidosos, possui impacto direto no lucro dos bancos.
Um calote possível de R$1 bilhão, leva a uma queda de R$1 bilhão nos lucros.
E as implicações disso envolvem também o governo, que possui nos bancos uma fonte de impostos significativa.
Segundo a Febraban, a Federação dos Brasil, os tributos pagos sobre Lucro, como o IR e a CSLL, chegam a R$40 bilhões por ano.
Este valor é a soma de uma alíquota de 25% do Imposto de Renda além de 20% da CSLL, a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido.
Na prática, porém, há um detalhe bastante usado por bancos. Os PDDs não significam prejuízos imediatos, mas sim prováveis. No entanto, ao provisionar recursos para perdas, os bancos diminuem significativamente seu lucro.
No caso da Americanas, é possível que se 100% dos R$20 bilhões forem considerados duvidosos, é possível que os bancos deixem de pagar cerca de R$9 bilhões, ou seja, os 45% sobre estes R$20 bilhões deduzidos do lucro.
Em conversa com o BlockTrends, um ex-banqueiro e atualmente no conselho de um banco digital (sem envolvimento com a Americanas), considerou improvável que os bancos separem 100% dos recursos entretanto.
O Banco Safra, que possui R$2,4 bilhões emprestados a Americanas, já anunciou que irá incluir no PDD cerca de 45% do valor.
O banco é o mais exposto à empresa, uma vez que este valor equivale a 1,6% da sua carteira total de crédito, além de 14% do seu Patrimônio Líquido.
Supondo que os demais bancos incluam estes mesmos 45%, é possível estimar um lucro R$9 bilhões menor dos bancos brasileiros, o que diminuiria a arrecadação em R$4.05 bilhões.
Ainda não há clareza sobre os demais R$20 bilhões em dívidas da Americanas não incluídos nestes R$20 bilhões no chamado risco sacado.
Os números, claro, dependem não apenas da alíquota cheia, mas de como os bancos irão compensar outros créditos pra diminuir a alíquota paga.
Curiosamente, as inconsistências contábeis da Americanas elevaram o lucro da empresa de maneira artificial, permitindo dividendos maiores, mas obrigando a empresa a pagar impostos também maiores.
Em outro fato curioso curioso, a Americanas nasceu da fusão de 2 empresas, a B2W, que controla os sites de ecommerce Americanas e submarino, com a Lojas Americanas (que detinha 68% do capital da B2W), que controlava as lojas físicas.
A escolha pela empresa digital incorporar a loja física se deu justamente pois a B2W possui prejuízos acumulados, o que permite reduzir o imposto de renda pago.
Abaixo você consegue ter uma visão sobre o impacto que uma provisão total geraria no Ebitda dos bancos (coluna 3), além de quatro custaria um provisionamento de 30% (coluna 5)
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