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O ex-ministro das finanças que agora dirige Uber

Responsável por gerir os bilhões em ajuda internacional, Khalid Payenda agora ocupa-se apenas de preços de combustíveis e busca um meio de sustentar a família longe da instabilidade do Afeganistão.

Khalid Payenda, que há um ano era responsável por supervisionar um orçamento de $6 bilhões como Ministro das Finanças do Afeganistão, agora dirige um Uber em Washington DC, capital americana.

Segundo o próprio, a opção foi por um trabalho que remunera em torno de $150 por 6h de trabalho, necessário para manter sua família nos EUA, longe do caos em que seu país natal mergulhou após a desastrosa saída americana da região.

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Com ao menos 4 décadas de fortes instabilidades, o Afeganistão enfrentou conflitos com potências como a ex-União Soviética e até pouco tempo atrás, estava sob intervenção americana.

Após a retirada de tropas dos EUA pela primeira vez em 2 décadas, o país rapidamente caiu nas mãos do Talibã, deixando ao menos 2,6 milhões de refugiados ao redor do mundo (com cerca de 2,3 milhões apenas no Irã e Paquistão).

A situação, que já era extremamente frágil, com ao menos 40% do PIB do país dependendo de ajuda externa (o Banco Mundial considera que um país é dependente de ajuda externa quando essa responde por 10% do seu PIB), um valor que parou de ir para a região logo após a retomada pelos Talibãs.

O grupo que agora controla o país também foi impedido de acessar os cerca de $9 bilhões em reservas internacionais detidas pelo país, que estão majoritariamente em contas nos EUA.

Para efeito de comparação, o valor equivale a quase metade dos $19,8 bilhões do PIB do país.

A expectativa é de que, ainda que não consiga acessar as reservas do país, o Talibã possa estabelecer um controle sobre atividades de mineração, além do ópio, a droga cuja produção global está intimamente ligada ao Afeganistão.

Segundo estimativas da ONU, o ópio deve ser responsável por gerar entre $1,8 e $2,7 bilhões ao Afeganistão anualmente.

O PIB do país segundo o Banco Mundial, teve uma queda de 20% no ano apenas em 2021.

Segundo Khalid Payenda, sua saída do país como a de diversos outros membros do alto-escalão do governo, ocorreu em função da perda de confiança na gestão do presidente do país, Ashraf Ghani, que teria demonstrado dificuldades em, mesmo após 20 anos, construir bases sólidas para um governo no país.

Ainda segundo o ex-ministro, a corrupção havia se tornado a base da política no país, com dezenas de empresas públicas sofrendo com indicações direcionadas apenas para drenar recursos públicos, o que tornaria, na sua visão, inviável construir quaisquer instituições mais sólidas no Afeganistão.

Agora, o ex-ministro atua em Washington, onde considera ser mais seguro para sua família.

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