Uma tempestade perfeita se abateu sobre uma das categorias de profissionais que mais cresceu no país nos últimos anos, a dos motoristas de aplicativos.
Se em meio a crise de 2014-2016, a facilidade de pegar seu carro na garagem e gerar uma renda atraiu ao menos 1,4 milhões deles, neste momento, em meio a outra crise, ao menos 25% já desistiram.
Os problemas tem ido muito além da alta da gasolina, que já atingiu 73% em 2021. A pandemia atingiu em cheio a maior parte dos motoristas, seja direta ou indiretamente.
Além da diminuição no número de corridas, os motoristas têm sido afetados por um aumento no custo dos veículos.
Com fábricas paradas ao redor do planeta, e sem previsão de melhora, os carros usados já subiram até 20% no preço, o que por sua vez eleva as tarifas cobradas em “carros alugados”.
Ao contrário dos EUA, onde a Uber tomou prejuízos milionários ao tentar criar um mercado de locação para motoristas de app, no Brasil a prática pegou.
Segundo a Associação Brasileira de Locadoras de Automóveis, o país tinha no início do ano cerca de 200 mil veículos alugados para trabalho em apps. Desde então, o número caiu para 170 mil, com queda acentuada nos últimos meses.
O custo de locação subiu em média 30%.
Os combustíveis por sua vez também foram fortemente impactados pela pandemia, uma vez que o petróleo voltou a ser negociado acima de $80 por barril.
Combustíveis são, em média, 53% do que os motoristas ganham por meio das corridas. Em 2017, essa média era de 20%.
Para tentar estancar a saída de motoristas, Uber e 99, as principais empresas do setor no país, aumentaram os preços em até 35%.
O resultado, porém, não tem sido capaz de frear uma prática comum relatada por usuários: aumento nos cancelamentos.
Seja para criar uma escassez artificial, ou por ela realmente estar ocorrendo, os números de cancelamentos de corridas se tornaram uma dor de cabeça para usuários e a plataforma.
Há cerca de 2 meses a Uber notificou ao menos 15 mil motoristas de que seriam excluídos da plataforma por excessos de cancelamentos. Em alguns casos, a taxa de cancelamentos dos motoristas chegava a 95%, considerada abusiva.
A própria Uber lançou mão de uma discriminação de preços, criando uma tarifa extra para usuários “realmente com pressa”, gerando ainda mais desconforto entre os clientes.
Na prática, a plataforma busca maneiras de evitar uma evasão de motoristas sem gerar uma percepção de alta nos preços.
Para os motoristas, a alternativa pode estar em aplicativos menores, cada vez mais comuns.
Ao contrário do que se acredita, os custos da Uber, que fazem a empresa ter prejuízos bilionários anualmente, estão fortemente correlacionados à necessidade de expandir a plataforma, não a operação em si.
No último trimestre, a Uber reportou prejuízo de $502 milhões, com aumentos de incentivos para motoristas.
Na contramão, apps locais tem se mostrado mais lucrativos, mesmo com taxas menores para os motoristas (em alguns casos de 10%, contra 25% da própria Uber).
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