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Economia

Como o Nubank saiu dessa casa para se tornar uma empresa de R$137 bilhões

Fundado em uma casa no bairro do Brooklin, em São Paulo, o Nubank se tornou o maior banco digital do planeta em apenas 8 anos.

A escolha entre usar uma tomada para ligar o microondas ou o notebook foi uma das primeiras decisões operacionais na história da recém fundada “Nubank”, como conta hoje Cristina Junqueira, a engenheira, hoje CEO do Nubank no Brasil.

A história do Nu, porém, começa um pouco antes desta casa na rua Califórnia, no bairro do Brooklin em São Paulo.

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David Vélez, nascido em Medellín, na Colômbia, se formou na universidade de Stanford, nos Estados Unidos, berço de empresas como o Google.

Vélez se formou em engenharia e finanças, tendo focado na segunda como carreira. Entrou para o Goldman Sachs, onde trabalhou de 2004 a 2007. Neste ano, porém, teve uma ideia inusitada: se mudar para o Brasil.

Por aqui, seguiu trabalhando no mercado Financeiro, mas em outra área, a de “Venture Capital”.

Em resumo, a área de “VC”, se propõe a investir e desenvolver empresas. Fundos, como o General Atlantic, onde Vélez trabalhava, compram frações das empresas esperando torná-las maiores para então vender.

Do GA, foi para outro VC, a “Sequoia”, uma gigante do setor, um dos primeiros investidores do Facebook, além de Uber, Airbnb e outras empresas.

Na Sequoia, acabou abordando diversos bancos no país, propondo soluções para o mercado de crédito que unissem investimentos em tecnologia para reduzir custos e ampliar a base de clientes.

Tendo suas propostas rejeitadas por outros bancos, reuniu amigos da Sequoia, além de recursos próprios, para fundar seu próprio banco, com $1 milhão.

David conta que teve uma experiência muito ruim ao tentar abrir uma conta por aqui, o que acabou por ser o start para a ideia.

Também em meio a insatisfação, estava Cristina Junqueira, uma engenheira que, como Vélez, fez carreira no mercado financeiro.

Ex-chefe de produtos da LuizaCred, Junqueira estava no Itaú Unibanco em 2012, quando cansada de propor mudanças que não ganhavam apoio, saiu do banco e embarcou no projeto do Nubank.

Junto de ambos, o americano e engenheiro de software, Edward Blake.

A ideia inicial do Nubank foi a de lançar um cartão de crédito. Um único produto, o que permitiria ao banco focar seus esforços em garantir um resultado acima da média.

Com uma interface intuitiva, o cartão do Nu se tornou “viral”, bem antes de bancos digitais se tornarem uma commoditie (quando até uma loja que vende sofá e geladeira possui o seu).

Em apenas um ano, o Nubank atingiu a marca de 400 mil clientes no cartão, obrigando a Fintech a expandir seu quadro de funcionários para 350, e saindo da rua Califórnia para um prédio na Avenida Brigadeiro Luis Antônio.

Já em 2017, atingiu a marca de 1 milhão de clientes. Para 2018, a novidade foi a “NuConta”.

Por este mesmo ano o Nubank foi avaliado em R$3 bilhões.

A expansão, porém, acabou se acelerando. Saltando para 10 milhões de clientes em 2019, 25 milhões em 2020 e 48 milhões hoje.

Em um mercado onde 1 em cada 4 pessoas não possui acesso ao crédito, o Nubank se propõe a facilitar a abertura de contas e a relação dos clientes com bancos.

Sem nenhuma agência, e 100% focado em digital, o banco tem seu principal nicho entre os mais jovens. Ao menos 70% dos clientes do banco possuem menos de 40 anos.

Com limites significativamente menores, a partir de R$50, o Nu seguiu uma filosofia de “incluir primeiro”.

Agora, em meio ao IPO, analistas ressaltam que o gasto médio de clientes do Nubank gira em torno de R$400 mensais. Significativamente mais baixo que a média de outros grandes bancos.

Ainda assim, a capacidade de crescimento e de descomplicar o sistema financeiro, atraiu nomes como Warren Buffett, o maior investidor do século XX, que liderou um aporte de $500 milhões.

Em comunicado, a empresa informou que a área de seguros, na qual Buffett construiu sua fama, foi o que mais chamou a atenção do investidor.

Além de conta digital, PF e PJ, seguros e cartões de crédito, o Nubank também adquiriu a Easynvest, uma corretora com 1 milhão de clientes.

Assim como o Nu, a Easy é focada em um ticket médio menor, com uma média de R$20 mil em patrimônio por cliente (bastante inferior à média de R$600 mil de corretoras como XP e BTG).

Com a experiência no Brasil, o Nubank agora está expandindo para a Colômbia, terra natal de Vélez, e o México.

No México, um mercado segundo o qual a fundadora Cristina Junqueira, possui mais desbancarizados do que o Brasil, o Nu deve se tornar o maior emissor de cartões de crédito ainda em 2022.

Com R$13 bilhões em caixa graças ao IPO, o Nubank agora possui um peso significativo para atacar outras áreas do mercado e garantir a continuidade da sua estratégia de crescimento.

Cabe ressaltar o papel do regulador, o Banco Central, em apoiar Fintechs e inovações no mercado, que abriram espaço para o Nubank e outras empresas prosperarem, com regras mais flexíveis e custos menores em impostos.

O risco de o BC endurecer com as Fintechs, como querem os bancos, existe. Mas outras medidas, como o OpenBanking, apontam que há uma avenida de crescimento e inovação no mercado brasileiro.

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